Desde o fim do ano passado, mais de 60 mil pessoas foram demitidas nas maiores empresas entre as chamadas “big techs”. É um movimento em sentido oposto ao que viveram as gigantes nos último anos.
As grandes empresas de tecnologia Amazon, Apple, Meta, Microsoft e Google aumentaram, em média, 75% o número de funcionários entre o quarto trimestre de 2019 e o terceiro trimestre de 2022. Foram contratados nessas cinco empresas um total de 941.252 trabalhadores nesse período de cerca de três anos, segundo os balanços das companhias no período.
Das cinco, Meta e Amazon foram as que mais contrataram, aumentando mais de 90% o número do efetivo. Já Alphabet e Microsoft tiveram crescimento mais comedido, respectivamente, 57% e 35%. A Apple foi a mais conservadora, ampliando o quadro de funcionários em 20%.
Percentualmente, segundo os acontecimentos até agora, as demissões nessas empresas representaram uma redução de 2,77% no total de funcionários das cinco gigantes. O número é puxado para cima graças a Apple, que ainda não realizou um grande corte de pessoas, ao contrário das outras 4 rivais.
O que levou aos cortes?
Algumas das principais razões apontadas para as demissões incluem a necessidade de cortar custos, piora no cenário econômico e a pressão para atingir metas financeiras. Essas empresas também enfrentam aumento da concorrência, o que pode levar a uma necessidade de se adaptar rapidamente às mudanças no mercado.
“Os profissionais de tecnologia devem ser rapidamente absorvidos pelo mercado, devido à falta de funcionários especializados. Mas não podemos dizer o mesmo dos profissionais de marketing e outras áreas. O mercado de tecnologia passa por dificuldades por causa da alta na taxa de juros nos EUA e redução e investimentos de capital de risco. Por isso, esse setor deve permanecer assim por um bom tempo”, diz Paulo Moraes, diretor geral da startup de recrutamento Landtech.
Moraes diz ainda que algumas empresas de tecnologia acabaram contratando funcionários por salários mais altos do que deveriam e aproveitam o momento, também, para fazer ajustes nas remunerações dos cargos.
No caso específico da Meta, a empresa apostou suas fichas no metaverso em 2022, que acabou não decolando. A empresa também enfrenta a concorrência da chinesa Bytedance, com aplicativo de vídeos curtos TikTok, e as restrições de privacidade impostas pela Apple no iPhone, que limitaram o poder de segmentação de anúncios no Facebook e Instagram.
As demissões nas empresas de tecnologia ainda devem continuar em 2023, segundo analistas. Se considerados Netflix, Twitter, Salesforce e Tesla, o número de pessoas que perderam o emprego chega a 72 mil nos últimos seis meses.
O truque da Apple
A carta na manga da Apple para ter um número reduzido de demissões - ao menos até agora - foi simplesmente contratar menos pessoas do que as outras empresas de tecnologia. A abordagem é uma política antiga da criadora do iPhone, que fez sua última demissão em massa em 1997, quando o cofundador Steve Jobs voltara à companhia e precisou fazer cortes de custos para evitar a ruína.
Veja, a seguir, quais big techs mais contrataram e mais demitiram, proporcionalmente.
Mais contratações
- Meta - 42.372 (+94,2%)
- Amazon - 746.000 (+93,4%)
- Alphabet - 67.880 (+57%)
- Microsoft - 58.000 (+35,5%)
- Apple - 27.000 (+19,7%)
Mais demissões
- Meta - 11.000 (12,6%)
- Alphabet - 12.000 (6,4%)
- Microsoft - 10.000 (4,5%)
- Amazon - 28.000 (1,81%)
- Apple - 100 (0,06%)
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