Amazon traz internet via satélite ao Brasil para competir com Starlink de Elon Musk

Projeto Kuiper, tocado pela empresa de Jeff Bezos, deve começar a operar em 2025 em sete países da América Latina

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Foto do author Alice Labate
Atualização:

A Amazon, em conjunto com a empresa argentina de serviços de entretenimento digital Vrio, anuncia nesta quinta, 13, uma parceria para trazer o Projeto Kuiper ao Brasil. O objetivo é fornecer conectividade de banda larga via satélite para regiões remotas e com difícil acesso à internet. Além do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai terão acesso ao serviço que compete com a Starlink, do bilionário Elon Musk.

O projeto é uma iniciativa da Amazon, lançada em 2018, que visa criar uma constelação inicial com 3.236 satélites de baixa órbita terrestre. Esses satélites são caracterizados por ficarem a cerca de 550 km da Terra (em comparação com os chamados geoestacionários que ficam a cerca de 36 mil km) e serem mais rápidos que a rotação do planeta. Eles são projetados para fornecer internet de alta velocidade e baixa latência em escala global.

Projeto Kuiper deve chegar ao Brasil em 2025 Foto: Amazon/Divulgação

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O público-alvo da internet de satélite do Projeto Kuiper inclui principalmente regiões remotas e rurais onde a infraestrutura de internet terrestre é limitada ou inexistente. Esse grupo abrange comunidades que necessitam de acesso a serviços digitais básicos e avançados, como educação online, telemedicina e comércio eletrônico.

Além disso, a Kuiper visa consumidores residenciais e pequenas empresas que buscam uma conexão à internet rápida e confiável. A tecnologia promete ser uma alternativa eficaz em áreas de difícil acesso, oferecendo cobertura ampla e consistente.

“Essa é a banda larga do espaço, que nos leva a lugares onde é muito caro ou muito difícil construir uma infraestrutura terrestre”, explica Bruno Henriques, líder de desenvolvimento de negócios para América Latina do Projeto Kuiper, ao Estadão. ”Em locais onde há desastres ou situações de emergência, quando a fibra não está disponível, a banda larga que vem do espaço é uma boa opção”.

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Constelação e conexão

A constelação de satélites do Projeto Kuiper está com o lançamento do serviço comercial previsto para 2025 - no entanto, já uma equipe do projeto trabalhando no Brasil, embora a Amazon não divulgue o seu tamanho. A rede será composta por satélites interconectados por links ópticos de alta velocidade, formando uma malha no espaço que se vai se conectar a uma infraestrutura terrestre de antenas e pontos de acesso à internet.

Em outubro do ano passado, a Amazon chegou a lançar dois protótipos dos satélites da constelação, mas os equipamentos de uso comercial serão lançados ainda neste ano. “É o serviço e o produto perfeito em que você pode obter um enorme impacto social porque o acesso à internet realmente muda a vida das pessoas”, diz Henriques.

Para colocar esses satélites em órbita, a Amazon anunciou empresas parceiras que vão realizar estes lançamentos. Entre elas estão United Launch Alliance, Arianespace, Blue Origin, de Jeff Bezos, e SpaceX, da concorrente Starlink.

A parceria vai permitir que a Amazon aproveite a infraestrutura de distribuição e os recursos locais da argentina Vrio para implantar os serviços do Projeto Kuiper de forma eficiente. A Sky, de serviços de banda larga, vai ser responsável por oferecer essa conexão para o Brasil, enquanto a DirecTV Latin America ficará responsável pelos demais países do continente que são parte do projeto.

A expectativa é que, até meados de 2025, após o lançamento oficial dos serviços de internet por satélite, o Kuiper tenha mais de 1,8 mil pontos de venda e mais de 2 mil revendedores na América Latina. A Amazon não revelou quando será o início da comercialização e nem os preços que serão praticados por aqui - tudo isso depende do sucesso na formação na malha de satélites.

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De acordo com o vice-presidente da Vrio, um dos pontos fortes do Projeto Kuiper será a acessibilidade e a facilidade de instalação do equipamento. “Quando um cliente o recebe, a única coisa que precisa fazer é colocá-lo no lugar mais alto possível em sua casa e sem obstrução da antena. Em seguida, basta conectá-lo ao modem e ligá-lo à eletricidade,” explica Lucas Werthein, vice-presidente da Vrio.

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É o mesmo esquema de funcionamento da Starlink, de Musk, que opera oficialmente no Brasil desde fevereiro de 2022 e já tem mais de 6 mil satélites em órbita. Por isso, é comum que o Projeto Kuiper seja comparado ao serviço rival.

Ambos os projetos tem como objetivo fornecer internet via satélite, mas a Amazon promete oferecer um serviço mais acessível e eficiente. “Embora ainda não esteja operacional, o produto que a Amazon poderá fornecer provavelmente será melhor em termos de serviço, latência (a demora para que um comando seja compreendido pela internet), confiabilidade e preço”, observa Werthein.

O Projeto Kuiper da Amazon e a Starlink, de Elon Musk, competem no mercado de internet via satélite com diferentes abordagens e capacidades. A Starlink promete velocidades de até 150 Mbps com latências entre 20 e 40 ms. O terminal padrão do Kuiper oferece velocidades de até 400 Mbps, com 30 a 50 ms de latência, por um custo de produção inferior a US$ 400. Além disso, o Kuiper inclui um terminal portátil e ultracompacto de 7 polegadas quadradas que oferece velocidades de até 100 Mbps, e um terminal de nível empresarial capaz de atingir até 1 Gbps.

Essa estimativa de preço compete com a internet de Musk, principalmente porque, em agosto, nos EUA, o valor do plano de roaming global da Starlink vai subir de US$ 200 para US$ 400. No Brasil, o serviço básico de internet fixa para residências da Starlink custa R$ 184, mais impostos, além do valor do aparelho, que é de R$ 2.000.

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*Alice Labate é estagiária sob supervisão do editor Bruno Romani

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