O próximo iPhone pode ser revelado em evento da Apple no dia 12, às 14 horas pelo fuso horário de Brasília. A nova geração do smarpthone, porém, promete ser uma das mais importantes para a companhia americana.
A Apple tem altas expectativas: espera que a nova geração supere uma desaceleração na venda de smartphones, aposta em um “superciclo” de troca, vai aumentar preços para manter as margens de lucro e vai adicionar recursos já vistos em celulares da concorrência que fazem sucesso.
O iPhone 15 (nome não oficial, visto que a companhia ainda não anunciou o novo smartphone) deve ser lançado no fim de setembro, segundo rumores do mercado. Nos Estados Unidos, a data planejada para a chegada nas lojas é 22 de setembro, de acordo com o analista Dan Ives, da consultoria WedBush — ele é conhecido por antecipar precisamente diversas informações sobre a Apple.
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O pano de fundo para o lançamento é uma desaceleração nas vendas da família do iPhone 14, segundo balanço financeiro apresentado pela Apple no início de agosto. No segundo trimestre de 2023, a companhia registrou US$ 39,7 bilhões em vendas do smartphone, queda de 2,4% em comparação com o período de abril a junho de 2022, quando a cifra foi de US$ 40,7 bilhões.
O presidente executivo da companhia, Tim Cook, detalhou que a desaceleração aconteceu nos Estados Unidos, país-sede da companhia e principal mercado mundial. O CEO atribui os maus resultados à valorização do dólar (que prejudica os resultados da empresa), mas também ao varejo, que tem demandado menos aparelhos para colocar nas vitrines. É uma situação desconfortável para a companhia, que, no ano passado, sofreu com atrasos na produção e foi prejudicada nas vendas.
Ainda assim, a Apple projeta a fabricação de 85 milhões de novas unidades do iPhone 15 neste ano, de acordo com reportagem de julho da Bloomberg. O número segue o padrão do ano passado, o que significa que a empresa espera a mesma demanda para o novo smartphone.
Superciclo do iPhone 15
O iPhone 15 pode vir acompanhado do que analistas chamam de “superciclo de troca” do smartphone. Para a Apple, isso é uma ótima notícia.
Dan Ives, da WedBush, aponta que há uma fatia de, aproximadamente, 250 milhões de usuários da Apple que não trocam de iPhone há três a quatro anos, cerca de 25% da base instalada da empresa. Isso faria do próximo smartphone da Apple um candidato perfeito para a troca, impulsionando as vendas. O tíquete médio do consumidor deve ficar entre US$ 900 e US$ 925, diz o analista.
Por isso, o iPhone 15 deve trazer mais mudanças visuais que o antecessor. Até aqui, os rumores apontam para a chegada da Ilha Dinâmica a todos os modelos — até então, essa novidade era exclusiva do iPhone 14 Pro (veja aqui como funciona). Além disso, a substituição do Lightning pela entrada de USB-C, uma exigência da União Europeia (UE), é esperada.
Já nos modelos mais profissionais, a chegada de uma lente periscópio (encontrada em diversos celulares de concorrentes, como Samsung) pode permitir zoom óptico de até 6x, salto em relação ao número de 3x do iPhone 14 Pro. Um modelo com acabamento em titânio também deve aparecer, bem como o processador A17, ainda inédito.
Se essas novidades animarem o mercado, a Apple poderia ver a avaliação de mercado subir para US$ 3,5 trilhões ou, até, US$ 4 trilhões no ano fiscal de 2025, projeta Ives. Em 30 de junho, a Apple voltou a ser a única empresa do mundo avaliada em US$ 3 trilhões, marco que ela mesma quebrou em janeiro de 2022.
iPhone 15 fica mais caro
Além disso, a Apple espera que o sucesso do iPhone 15 aconteça mesmo em meio a um aumento no preço do seu principal smartphone. Sim, é isso mesmo: o iPhone vai ficar ainda mais caro.
Dan Ives, da WedBush, projeta um aumento de US$ 100 para o iPhone 15 Pro e iPhone 15 Pro Max, os modelos topos de linha da família. Esse seria o maior aumento de preço desde o iPhone X, lançado em 2017 por US$ 1 mil com design inédito, leitor biométrico facial e novo conjunto de câmeras.
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Segundo fontes consultadas pela Forbes, que estimam aumento de até US$ 200, os valores podem ir de US$ 799 a até US$ 1,1 mil. Nas configurações máximas de memória, de até 1 TB, o iPhone 15 Pro Max pode chegar a até US$ 1,8 mil.
Apesar de ser praticamente dado como certo o valor mais alto, não há consenso se esse aumento vai ser repassado para os modelos da mesma família e também para os outros mercados do mundo, como o Brasil.
Segundo especialistas, são dois os motivos para a alta: o custo de produção do iPhone subiu nos países asiáticos que montam o produto; e o dispositivo não teve o preço atualizado nos EUA, apenas na Europa e outros mercados no ano passado.
Nacionalismo chinês vira obstáculo
Esse ânimo com o lançamento do próximo iPhone pode ser furado por um novo fator que apareceu recentemente: o nacionalismo chinês.
Segundo reportagem publicada na sexta-feira 8 pela Bloomberg, o recente bloqueio ao iPhone na China, que proibiu servidores públicos de utilizarem o smartphone, pode incentivar uma espécie de nacionalismo a favor de produtos de marcas chinesas. Nesse cenário, um abandono do iPhone por um Huawei, por exemplo, é possível.
A reportagem afirma que, em redes sociais da China, uma espécie de sentimento “anti-Apple” começa a surgir. Em casos mais extremos, chineses pedem o banimento total da companhia americana no país, de forma similar ao que o governo dos Estados Unidos realizou com a Huawei há alguns anos.
Hoje, a China é o segundo maior mercado para a Apple, atrás somente dos Estados Unidos.
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