A Apple e o Google anunciaram na última sexta-feira, 24, atualizações em detalhes técnicos do sistema de monitoramento de usuários de seus dispositivos móveis. Os novos recursos do projeto, previsto para ser lançado em maio, dão ás às autoridades dados mais detalhados sobre a movimentação das pessoas em meio ao período de isolamento social do novo coronavírus. Apesar disso, as empresas também afirmam que também fortaleceram proteções de privacidade.
O sistema anunciado em 10 de abril vai usar a tecnologia Bluetooth para que autoridades criem aplicativos que alertem as pessoas que estiveram próximas de quem testou positivo para o novo coronavírus.
As empresas dizem que a tecnologia que desenvolveram não usa dados de localização por satélite (GPS) e que armazena os dados sensíveis dos usuários de forma descentralizada. Governo europeus estão planejando sistemas que armazenarão os dados em servidores centralizados.
Sem o sistema desenvolvido por Apple e Google, os aplicativos criados por governos enfrentarão limitações como a necessidade de que a tela do aparelho seja desbloqueada para que a vigilância sobre o usuário funcione corretamente.
Segundo as companhias, os números que identificam os usuários serão gerados aleatoriamente e metadados como a intensidade do sinal Bluetooth e modelo do aparelho do usuário vigiado serão codificados junto com as informações das pessoas das quais ele se aproximou.
“Tempo de exposição”, como as empresas estão chamando o tempo de monitoramento que identificou a duração da proximidade de dois aparelhos, será arredondado para intervalos de 5 minutos, para impedir, segundo as duas companhias, a equiparação dos aparelhos às pessoas.
Especialistas temiam que o sistema que o Bluetooth poderia gerar falsos alertas, uma vez que os sinais de rádio emitidos podem transpassar paredes e podem ser captados mesmo que momentaneamente, o que poderia comprometer a qualidade dos dados de vigilância recolhidos em prédios de apartamentos, por exemplo.
Apple e Google disseram que agora o sistema vai indicar dados sobre os níveis de sinais Bluetooth para melhor estimar quão perto dois celulares ficaram próximos e por quanto tempo, permitindo às autoridades definirem seus próprios limites sobre quando os alertas são enviados às pessoas.
As empresas também disseram que a plataforma vai fornecer dados sobre quantos dias se passaram desde o último contato com uma pessoa monitorada.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.