Ataque ao Marriott foi feito por espiões chineses, diz governo dos EUA

Governo americano suspeita que governo da China esteja por trás de ataques hackers, em uma tentativa de montar banco de dados de membros do governo Trump

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Por David Sanger, Nicole Perlroth, Glenn Thrush e Alan Rappeport
Atualização:
Novo episódio do vazamento do caso Marriott aponta chineses como responsável por ataquehacker Foto: Andrew Kelly/Reuters

O ataque cibernético à rede de hotéis Marriott, no qual foram roubados dados pessoais de 500 milhões de hóspedes, é parte de uma investida de espionagem chinesa que também hackeou operadoras de planos de saúde e arquivos de milhões de americanos com acesso a informações confidenciais, segundo duas fontes próximas às investigações.

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De acordo com as fontes, os hackers são suspeitos de agir em nome do Ministério de Segurança do Estado, a agência de espionagem civil controlada pelo Partido Comunista. A revelação vem à tona quando o governo Trump planeja ações contra políticas comerciais, cibernéticas e econômicas da China, a serem iniciadas talvez dentro de dias.

Essas ações incluem o indiciamento de hackers chineses trabalhando para os serviços de informações e para as Forças Armadas da China, segundo quatro funcionários do governo que falaram sob a condição de anonimato. O governo Trump também planeja liberar relatórios de inteligência mostrando que as tentativas chinesas de montar um banco de dados contendo nomes de executivos americanos e de funcionários do governo com acesso a informações confidenciais vêm ocorrendo no mínimo desde 2014.

Outras opções dos EUA incluem uma ordem executiva destinada a dificultar a obtenção por empresas chinesas de componentes estratégicos de equipamentos de comunicação, segundo um alto funcionário com conhecimento dos planos.

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As medidas seguem-se a uma crescente preocupação do governo de que a trégua de 90 dias negociada há duas semanas em Buenos Aires pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping tenha pouco efeito com vistas a uma eventual mudança de comportamento da China. Esse comportamento inclui coagir empresas americanas a fornecer dados tecnológicos sigilosos caso queiram entrar no mercado chinês; inclui também o roubo de segredos industriais americanos, que são repassados a empresas estatais chinesas.

O hackeamento da rede Marriott’s Starwood, descoberto apenas em setembro e revelado no mês passado, não deve fazer parte dos indiciamentos previstos. Entretanto, dois dos funcionários do governo informaram que está sendo dado caráter de urgência à investigação do caso, tendo em vista que a Marriott é a principal fornecedora de hospedagem para funcionários do governo e pessoal militar.

O caso Marriott é também parte do constrangimento que a administração Trump vem sofrendo com a volta das intrusões chinesas no governo e em empresas – prática que o presidente Barack Obama acreditava ter encerrado em 2015 num acordo acertado com Xi.

Geng Shuang, porta-voz do Ministério do Exterior chinês, negou que a China tivesse conhecimento do hackeamento da Marriot. “A China se opõe firmemente a toda forma de ataque cibernético e combate isso com todos os meios legais”, disse Geng. “Se forem apresentadas provas, os departamentos chineses competentes vão investigar.”

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Negociadores comerciais dos dois lados do Pacífico chegaram a um acordo pelo qual a China se comprometeu a comprar mais US$ 1,2 trilhão em bens e serviços americanos nos próximos anos e a analisar as preocupações americanas sobre propriedade intelectual.

 Trump disse na terça-feira que altos funcionários dos Estados Unidos e da China mantêm as primeiras conversações, por telefone, desde que os dois países concordaram com uma trégua, no dia 1º, e que as conversações estão sendo “muito produtivas”.

Mas, enquanto altos funcionários do governo conduzem separadamente as conversações sobre comércio, a planejada ampla investida contra a China pode prejudicar os meios de Trump para chegar a um acordo maior com Xi.

As acusações dos EUA contra altos membros dos serviços de informação da China levam ao risco de endurecer a oposição em Pequim às negociações com Trump. Outro obstáculo é o enquadramento de altos executivos da área tecnológica, como Meng Wanzhou, principal executiva financeira da gigante de comunicações Huawei e filha de seu fundador.

A prisão de Meng, detida no Canadá sob suspeita de fraude envolvendo violações das sanções americanas contra o Irã, enfureceu os chineses. Na terça-feira. um juiz canadense estipulou sua fiança em US$ 7,5 milhões, enquanto ela aguarda extradição para os Estados Unidos. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ 

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