Avaliada em mais de US$ 1 bi, Nubank levanta novo aporte de US$ 150 milhões

Em sua 6ª rodada de investimentos, startup pioneira no lançamento do cartão de crédito controlado por app no País vai usar os recursos para acelerar sua transformação em banco digital

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David Vélez é presidente e fundador do Nubank Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A startup brasileira Nubank, conhecida por seu cartão de crédito roxo, acaba de levantar US$ 150 milhões, na sexta rodada de investimentos desde sua fundação, em 2013. O aporte foi liderado pelo fundo DST Global, do megainvestidor russo Yuri Milner. O montante vai permitir que a empresa, que tem 3 milhões cartões de crédito emitidos no País, acelere sua transformação em um banco digital.

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Em entrevista exclusiva ao Estado, o fundador e presidente executivo do Nubank, David Vélez, assegurou que o controle da empresa segue nas mãos de todos os sete sócios, mesmo após tantas rodadas. “Já geramos caixa (a startup gera lucro operacional, mas não lucro líquido), ainda crescemos a uma velocidade rápida com o cartão e queremos lançar novos produtos.” No passado, a empresa já afirmou que, além de oferecer uma conta-corrente, ainda em fase de testes, também estuda as áreas de empréstimos e investimentos.

O empresário colombiano também revelou pela primeira vez que o Nubank se tornou um “unicórnio” – apelido dado a startups avaliadas acima de US$ 1 bilhão –, seguindo os passos das brasileiras 99 e PagSeguro (ler mais ao lado).

Próximos passos. Os recursos levantados pela empresa na nova rodada serão destinados a emitir mais cartões de crédito, além de tornar a companhia menos suscetível à inadimplência dos clientes. Segundo o executivo, mais de 13 milhões de brasileiros já pediram um cartão do Nubank, mas a startup só emitiu o cartão para pouco mais de 20%. A crise econômica e a ausência de um sistema brasileiro de bons pagadores, diz ele, têm sido o motivo para a startup adotar postura mais conservadora. “Construir um motor próprio de análise de crédito é inovador, mas traz riscos”, avalia Guilherme Horn, diretor de inovação da consultoria Accenture.

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Além do cartão de crédito, a empresa também oferece um programa de fidelidade atrelado ao cartão, o Nubank Rewards, e a conta-corrente NuConta, testada por um pequeno grupo de usuários. Menina dos olhos da empresa – e considerada por especialistas como passo importante para a startup se tornar um banco digital –, ela ainda é limitada a poucos recursos. “Preferimos lançar um produto rápido na rua, escutar dos clientes e aí abrir para todo mundo”, diz Vélez, que espera abrir a NuConta para qualquer usuário nas “próximas semanas.”

Nova sede. Para dar conta de todos os planos, a empresa segue em ritmo forte de contratações. Ao longo de 2017, o Nubank dobrou de tamanho e encerrou o ano com 750 funcionários – agora, já são 900 pessoas. Isso vai obrigar a empresa a abrir um segundo escritório no segundo semestre. “Estamos contratando qualquer bom engenheiro ou cientista de dados que esteja no mercado sem pensar duas vezes”, diz. “Sem gente que faz código, não se faz uma empresa de tecnologia.”

Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, o maior desafio da empresa nos próximos meses será crescer no mesmo ritmo: hoje, o número de cartões emitidos aumenta 10% ao mês. Além disso, a startup terá de se manter inovadora face às investidas da concorrência. “O mercado está passando por uma ‘nubankização’”, avalia Felipe Matos, autor do livro 10 Mil Startups. 

Nos últimos meses, bancos têm lançado cartões e contas digitais controlados via app – é o caso do Bradesco, com o banco digital Next. “Nenhum desses projetos alcançou a penetração que o Nubank tem”, diz Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP).

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