Pavel Durov, fundador do aplicativo de comunicação online Telegram, disse na quinta-feira, 5, que era uma “abordagem equivocada” responsabilizá-lo pessoalmente pela disseminação de conteúdo ilícito na plataforma.
Os comentários de Durov, feitos em sua conta do Telegram, foram suas primeiras observações públicas desde que ele foi preso em um aeroporto nos arredores de Paris e acusado no mês passado pelas autoridades francesas por não ter evitado atividades ilegais no aplicativo. Os crimes no Telegram incluíam a disseminação de material de abuso sexual infantil, fraude e venda de drogas, disseram os promotores franceses.
“Nenhum inovador jamais criará novas ferramentas se souber que pode ser pessoalmente responsabilizado pelo possível abuso dessas ferramentas”, escreveu Durov. Ele disse que as “dores de crescimento” no Telegram, que tem 950 milhões de usuários, tornaram fácil para os criminosos abusarem da plataforma.
“É por isso que estabeleci como minha meta pessoal garantir que melhoremos significativamente as coisas nesse sentido”, disse ele.
O caso de Durov se tornou um ponto de discórdia no debate politicamente carregado sobre os limites da liberdade de expressão na internet. O Telegram está comprometido com uma supervisão leve do que as pessoas dizem ou fazem na plataforma. O aplicativo tem ajudado as pessoas que vivem sob governos autoritários a se comunicarem e se organizarem. Mas também se tornou um foco de desinformação, extremismo e outros conteúdos prejudiciais.
Há muito tempo, o Telegram está na mira das agências policiais globais porque se recusou a cooperar com as autoridades. Os promotores franceses disseram que Durov havia sido preso em parte devido à “quase total falta de resposta” do Telegram a solicitações relacionadas a investigações criminais.
“Isso foi uma surpresa para mim”, disse Durov em seus comentários no Telegram.
O Telegram, disse ele, tem um representante oficial na União Europeia com um endereço de e-mail público que pode ser descoberto por meio de uma pesquisa no Google. Ele acrescentou que é cidadão francês e um “convidado frequente” no Consulado da França em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde vive atualmente. Ele disse que havia “ajudado pessoalmente” as autoridades francesas a “estabelecer uma linha direta com o Telegram para lidar com a ameaça do terrorismo na França”.
Durov disse que a França estava usando leis da “era pré-smartphone” para acusá-lo de crimes cometidos pelos usuários do Telegram. Seria mais apropriado mover uma ação legal contra sua empresa, não contra ele pessoalmente, disse ele.
Operar uma plataforma de comunicação global é um equilíbrio complicado entre privacidade e segurança, observou ele. Na Rússia e no Irã, disse ele, a empresa está disposta a ser banida em vez de ceder às exigências do governo.
O Telegram não é perfeito, disse Durov, mas considerou infundada a percepção de que se trata de um “paraíso anárquico”. A plataforma remove milhões de postagens prejudiciais por dia, disse ele.
A empresa anunciaria outras mudanças para lidar com o abuso do Telegram “muito em breve”, acrescentou Durov.
“Somos movidos pela intenção de trazer o bem e defender os direitos básicos das pessoas, especialmente em lugares onde esses direitos são violados”, disse ele.
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