Depois de quatro tentativas, o Starship, da SpaceX conseguiu, em pouco mais de uma hora, realizar o primeiro voo completo de sua história. A missão, que decolou de Boca Chica, no Texas às 9h50 (horário de Brasília) conseguiu concluir com sucesso seus dois objetivos principais: a descida do propulsor no Golfo do México e da nave principal no Oceano Índico.
Em testes desde 2019, o Starship é o foguete reutilizável mais potente desenvolvido pela SpaceX e considerado e o maior da história. O objetivo do equipamento é levar a humanidade à Lua e, depois, à Marte, cujas viagens devem custar US$ 10 milhões e US$ 60 milhões, respectivamente.
A empresa diz que o foguete também pode ser utilizado para transporte de até 150 toneladas de carga na Terra, com viagens de até uma hora e meia para qualquer parte do mundo. Caso haja a possibilidade do descarte da peça depois da missão, a capacidade sobe para 250 toneladas.
Segundo o site da empresa de Elon Musk, o Starship “poderá transportar até 100 pessoas em voos interplanetários de longa duração” e ajudará a “possibilitar a entrega de satélites, o desenvolvimento de uma base lunar e um transporte ponto a ponto aqui na Terra.”
Somando a nave e o propulsor, ele alcança os 120 metros de altura, 10 metros mais alto que o Saturn V, que realizou a missão Apollo 11 em 1969. A espaçonave é conhecida como “foguetão” porque é muito maior que o antecessor, o Falcon 9, de 70 metros.
Além das atividades de turismo espacial, o Starship será usado também em voos de carga do programa Artemis, conjunto de missões em que a Nasa, a Agência Aeroespacial dos EUA, planeja mandar humanos de volta à Lua a partir de 2026.
Melhorias e repetição da história
Para o voo desta quinta, a SpaceX disse que intencionalmente inseriu telhas de proteção térmica mais finas do que nos voos anteriores e que removeu outras duas telhas. Com isso, a expectativa era medir o quanto a espaçonave conseguia resistir ao calor durante o voo, especialmente na reentrada na atmosfera. Apesar da perda de pedaços da nave, ela resistiu à viagem.
A empresa diz também que foram feitas melhorias de software e hardware e afirmou que implementou mudanças operacionais, incluindo a eliminação do estágio quente do Super Heavy após a ignição para a volta do equipamento ao planeta. A ideia era reduzir a massa do lançador na fase final do voo.
Com o sucesso desta quinta, a SpaceX repete a sua própria história. Foi apenas no quarto voo que a companhia liderada por Musk conseguiu fazer o seu primeiro foguete voar com sucesso. Em setembro de 2008, após outros 3 voos fracassados, o Falcon 1 conseguiu atingir seu objetivo. A trajetória atual, porém, foi mais curta. O Falcon 1 precisou de dois anos e meio para conseguir o primeiro voo com sucesso, enquanto o Starship levou 1 ano e dois meses.
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