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Caos na OpenAI: Microsoft fará parte da diretoria após demissão de Sam Altman

Gigante não terá poder de voto no novo conselho; entenda nova estrutura

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Por Gerrit De Vynck, Pranshu Verma e Nitasha Tiku

THE WASHINGTON POST - Nesta quarta, 29, Sam Altman, CEO da OpenAI, detalhou seus planos para a empresa de inteligência artificial (IA) pela primeira vez desde que foi reintegrado na semana passada como presidente-executivo. Ele afirmou que a Microsoft terá um assento sem direito a voto no conselho.

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A estrutura corporativa da OpenAI, que tem um conselho sem fins lucrativos controlando a empresa com fins lucrativos, também será alterada, disseram Altman e o novo presidente do conselho, Bret Taylor, em memorandos aos funcionários, posteriormente publicados no site da OpenAI. Altman não detalhou como a estrutura seria alterada, dizendo apenas que estavam trabalhando para “melhorá-la”.

Altman foi demitido da OpenAI em 17 de novembro, dando início a cinco dias caóticos enquanto a indústria de tecnologia lutava com as implicações da face da revolução da IA sendo removida sem cerimônia de sua empresa.

Após a volta de Altman, um novo conselho foi nomeado, composto por Taylor, o ex-secretário do Tesouro Larry Summers e o CEO do Quora, Adam D’Angelo, que era do conselho que destituiu Altman. Desde então, o Vale do Silício tem especulado sobre quem mais ingressaria no conselho e, em última instância, controlaria o destino da empresa.

FILE PHOTO: Microsoft Chief Executive Officer (CEO) Satya Narayana Nadella speaks at a live Microsoft event in the Manhattan borough of New York City, October 26, 2016. REUTERS/Lucas Jackson/File Photo Foto: REUTERS / REUTERS

No memorando, Altman disse que trabalharia “próximo” aos três atuais membros do conselho para nomear um conselho com “perspectivas diversas”. Analistas disseram que os cinco dias de caos fortaleceriam o poder que a Microsoft, que investiu bilhões de dólares na OpenAI, tem sobre a empresa.

“Claramente fizemos a escolha certa em fazer parceria com a Microsoft e estou entusiasmado que nosso novo conselho os inclua como um observador sem direito a voto”, disse Altman no memorando.

Ele sinalizou que a empresa continuaria com sua tática de construir produtos de consumo e distribuí-los ao público. “É importante que as pessoas experimentem os benefícios e as promessas da IA e tenham a oportunidade de moldá-la. Continuamos a acreditar que excelentes produtos são a melhor maneira de fazer isso”, disse Altman.

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Taylor disse separadamente em um memorando que ele trabalharia para “melhorar a estrutura de governança da OpenAI para que todas as partes interessadas – usuários, clientes, funcionários, parceiros e membros da comunidade – possam confiar que a OpenAI continuará a prosperar”. Depois que o memorando foi publicado, Taylor disse no X, antigo Twitter, que deixaria o cargo assim que todo o conselho fosse nomeado.

Novo conselho da OpenAI gera ceticismo

Os comentários sobre diversidade e mudança da estrutura corporativa atraíram o ceticismo imediato dos observadores da indústria da IA.

“Ainda não há mulheres no conselho, mas agora há uma grande empresa de tecnologia”, disse Sasha Luccioni, pesquisadora de ética em IA da Hugging Face, em um post no X, na noite de quarta-feira, 29.

O ceticismo de Luccioni ecoa preocupações significativas que autoridades da indústria de IA têm sobre a nova estrutura de liderança da OpenAI. Todos os membros iniciais são brancos e do sexo masculino, incluindo Summers, que disse em 2005 que diferenças inatas entre homens e mulheres podem explicar por que menos mulheres avançam em profissões tecnológicas - ele mais tarde se desculpou.

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O desafio de recrutar membros diversos para o conselho da empresa provavelmente será grande, disseram especialistas em IA, apontando para o espírito de um clube de meninos que permeia o Vale do Silício, bem como para os desequilíbrios estruturais raciais e de gênero na IA.

Em 2022, a empresa de consultoria McKinsey realizou um estudo que mostrava flagrantes desigualdades de gênero e raciais neste campo, com apenas 27% das quase 1.500 empresas entrevistadas empregando mulheres para “desenvolver soluções de IA” e 25% sendo minorias.

Pesquisadores proeminentes de IA que são parte de minorias já disseram que não estariam interessados em ingressar na empresa, mesmo que lhes fosse oferecido um assento. Timnit Gebru, pesquisadora demitida pelo Google em 2020, disse à revista Wired, na terça-feira, 28, que a ideia de ingressar no conselho da OpenAI é “repulsiva”.

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“Há mais chances de eu voltar para o Google do que eu ir para a OpenAI”, disse ela.

Altman admitiu que houve “mal-entendidos reais” com o conselho que levaram à sua demissão inicial e que ele dá boas-vindas à análise independente do conselho de todos os acontecimentos recentes.

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