Decreto de Trump afeta venda da aparelhos da Huawei nos EUA

Ordem proíbe compra de equipamentos feitos por grupos que ‘colocam em risco’ segurança do país; chinesa é líder em 5G, vital em novas tecnologias

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Donald Trump acusa Huawei de promover espionagem de americanos há anos Foto: Erik S. Lesser/EFE

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira, 15, decreto que, segundo o governo americano, tem como objetivo defender a tecnologia e os serviços de comunicação e de informação do país. No texto, Trump proíbe “transações que representam risco inaceitável para a segurança nacional ou da população americana”. A ordem ataca indiretamente a chinesa Huawei, líder no desenvolvimento da tecnologia de conexão móvel de quinta geração, o 5G, e acusada por fontes ligadas à Casa Branca de praticar espionagem pró-Pequim com seus produtos. 

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“O presidente deixou claro que este governo fará o que for preciso para manter a América segura e próspera e protegê-la dos adversários estrangeiros que estão ativamente e cada vez mais criando e explorando vulnerabilidades na infraestrutura e nos serviços de tecnologia da informação e de comunicação nos EUA”, disse Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca.

Ameaças estrangeiras. Em comunicado, Sanders afirmou ainda que o decreto assinado por Trump declara emergência nacional com relação a “ameaças contra tecnologia e serviços de informação e comunicação nos EUA”.

A assinatura do decreto já era esperada – segundo reportagens publicadas ontem, o texto era discutido há mais de um ano e teve sua publicação adiada repetidas vezes. 

O decreto aparece em um momento delicado nas relações entre os Estados Unidos e a China. Washington iniciou uma guerra comercial contra Pequim, com o primeiro lado elevando tarifas de importação sobre bilhões de dólares em produtos do outro, ação que foi retaliada com aumento nas tarifas impostas sobre produtos americanos.

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Neste momento, Washington acredita que equipamentos fabricados pela Huawei, segunda maior fabricante mundial de smartphones, podem ser usados pelo governo chinês para espionagem. A Huawei, que repetidamente negou as acusações, não comentou o assunto.

A Casa Branca e o Departamento de Comércio também não se pronunciaram.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, disse durante uma reunião em Pequim ontem que os EUA estão “abusando de seu poder nacional” para “difamar deliberadamente” e suprimir certas empresas chinesas. “Isso não é honroso, nem é justo”, disse Shuang. “Pedimos aos EUA que parem de usar a desculpa das questões de segurança para suprimir empresas chinesas sem justificativa e forneçam um ambiente justo e não discriminatório para as empresas chinesas que realizam investimentos nos EUA.” 

Para analistas, os vetos dos EUA à Huawei se justificam pela dianteira da marca chinesa no 5G. Impedir a chinesa de atuar nos EUA e forçar para que o mesmo aconteça em países aliados, como na União Europeia e no Reino Unido, dizem analistas, é uma estratégia dos EUA para evitar que os asiáticos avancem na competição da tecnologia, considerada vital para avanços como carros autônomos e casas inteligentes. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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