Discord lança recurso para pais supervisionarem contas dos filhos; veja como funciona

Após escândalos de conteúdo extremista e crimes na plataforma, empresa mostra novas ferramentas se segurança

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Foto do author Guilherme Guerra
Atualização:

Após ser alvo de denúncias de conteúdo extremista e abusos contra adolescentes, o Discord anuncia nesta terça, 11, novos recursos para dar mais segurança na plataforma. As novidades incluem uma central de controle para pais supervisionarem a conta dos filhos e uma atualização das políticas internas de segurança infantil.

Segundo investigações da Polícia Federal e da Polícia Civil, criminosos têm utilizado o aplicativo para chantagear garotas, cometer abusos sexuais, agressões e mutilações - o Estadão também encontrou conteúdo racista, neonazista e homofóbico. Até aqui, duas pessoas foram presas - na semana passada, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decidiu manter a prisão de Pedro Ricardo Conceição da Rocha, suspeito de estupro de vulnerável.

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Para tentar amenizar o problema, o Discord lançou ferramentas que convidam os pais para ficarem mais próximos dos filhos na plataforma. O principal recurso é a Central de Família, que permite que pais supervisionem a conta dos filhos na plataforma. A novidade vai permitir que adultos saibam quais são os amigos adicionados, servidores em que os menores entraram e com quais perfis os usuários interagiram (seja por voz, seja por áudio e vídeo).

Por outro lado, o Discord garante que a funcionalidade não vai permitir que o teor das mensagens escritas e chamadas sejam mostrados. Segundo a empresa, isso é para proteger a privacidade do usuário.

“O motivo disso é que queremos catalisar as conversas entre pais e adolescentes, e não criar uma atmosfera em que os adolescentes sintam que não podem ser totalmente autênticos”, explica Savannah Badalich, diretora sênior de políticas no Discord, em entrevista exclusiva ao Estadão.

Savannah compara isso a experiências do mundo real, como permitir que o filho ou filha vá à casa de um amigo, mas sem monitorar o ambiente com câmeras e microfones. “Os pais não estariam lá ouvindo cada conversa. Queremos que esse recurso seja algo semelhante”, diz a executiva. “Queremos possibilitar o mesmo tipo de interação online e dar aos adolescentes a oportunidade de explicar o que estão fazendo.”

Além disso, o jovem precisa dar o consentimento para que o responsável entre na Central de Família. O acesso é concedido por meio de código QR, único e intransferível, que é criado pelo usuário na plataforma do Discord. Depois, semanalmente, um e-mail é enviado para o adulto, resumindo como foi a atividade do menor de idade na plataforma no período.

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Segundo Savannah, trazer os adultos para o Discord é importante por dois motivos: fazer pais e mães entenderem como funciona a plataforma, que opera como um fórum aos moldes antigos da internet (sem algoritmos de moderação, como Facebook, Twitter, TikTok); e incentivar diálogos na família, eliminando dúvidas.

“Os pais podem ter conversas bem informadas com seus filhos adolescentes sobre segurança física porque eles mesmos já passaram por isso. Eles sabem como é ser um adolescente no mundo físico. E talvez não saibam exatamente o que acontece nessas plataformas novas e emergentes. Portanto, acreditamos que eles precisam pelo menos entrar na plataforma”, afirma ela. “Queremos que esses pais e adolescentes tenham uma conversa aberta. E é muito legal ter um adolescente que é um especialista no Discord dando um tutorial para seus pais.”

Nova política de segurança infantil

Junto com a Central de Família, o Discord anuncia nesta terça-feira uma expansão da política de segurança infantil da plataforma.

Na atualização, adolescentes não têm permissão para enviar nem receber conteúdos sexualmente explícitos, como nudes (de caráter consensual). “Mesmo quando esse tipo de conteúdo é compartilhado consensualmente entre adolescentes, existe o risco de que essa mídia sexual seja salva e compartilhada em outro lugar. Queremos ajudar nossos usuários a evitar essas situações”, diz o termo.

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Além disso, servidores de namoro entre menores de idade estão proibidos. O Discord afirma que, em caso de usuários adolescentes envolvidos na corrupção de outros adolescentes mais jovens (como extorsão sexual), as políticas internas da plataforma serão aplicadas.

Outro ponto está na proibição de imagens de abuso e sexualização infantil geradas por inteligência artificial - o tema é visto por especialistas como o mais novo “pesadelo da internet”. “O objetivo dessa atualização é não deixar que a sexualização de crianças, independentemente do contexto, seja normalizada por pessoas mal-intencionadas”, diz o Discord.

Denúncias no Brasil

Em junho, o Discord virou alvo de de denúncias de conteúdo extremista e abusos contra adolescentes, que incluem criminosos chantageando garotas e cometendo abusos sexuais contra as vítimas. Em julho, um dos agressores foi preso pela Polícia Federal.

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Além disso, o Estadão identificou material que viola as políticas de uso do Discord em alguns dos servidores públicos da plataforma. Os conteúdos fazem apologia racista, neonazista, antissemita, homofóbica, à mutilação e automutilação.

Sobre as denúncias, Savannah diz que o Discord intensificou a cooperação com as autoridades brasileiras para a remoção de conteúdo. “Estamos fazendo o possível para continuar investindo em nossa equipe de relações governamentais para responder ainda mais rapidamente aos pedidos do governo”, diz.

Além disso, o Discord já trabalha em ferramentas de automação para que esses materiais sejam removidos instantaneamente, além de trabalho humano de moderação para aumentar a eficácia da remoção.

“Temos tolerância zero para qualquer tipo de abuso sexual de crianças, de perigos para crianças, qualquer um desses problemas. Fazemos muito para encontrar esse conteúdo de forma proativa, usando a tecnologia e trabalhando com sinalizadores confiáveis, ou seja, organizações”, explica Savannah.

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