A OpenAI está pronta para competir com o Google no principal terreno da gigante. Nesta terça-feira, 25, a dona do ChatGPT anunciou seu site de buscas próprio, o SearchGPT, que vai permitir que usuários façam pesquisas de textos, sites e imagens por inteligência artificial (IA).
O site, que será independente do ChatGPT, é semelhante a outros canais de busca, com uma barra de pesquisa para que os usuários possam digitar suas dúvidas. Um dos recursos que a ferramenta traz - e que difere do que o Google faz atualmente - é um campo de contexto. Ou seja, a cada nova busca, a ferramenta acumula o conhecimento de buscas anteriores, algo que se assemelha ao diálogo entre duas pessoas.
Isso é possível por conta da janela de contexto que a IA possui, que cria uma espécie de memória do que foi buscado pelo usuário. A empresa não informou, porém, o tamanho dessa janela que pode ser entendida pela IA. Atualmente, o GPT-4 tem uma janela de contexto de cerca de 128 mil tokens (pedacinhos de palavras).
Na busca, ao pesquisar por um termo, o SearchGPT pode responder com resumos, imagens e cards referente ao conteúdo. No exemplo mostrado pela empresa, todas as informações possuem uma citação de um site da qual foi retirada originalmente.
“Obter respostas na Web pode exigir muito esforço e, muitas vezes, várias tentativas para obter resultados relevantes. Acreditamos que, ao aprimorar os recursos de conversação de nossos modelos com informações em tempo real da Web, encontrar o que você está procurando pode ser mais rápido e fácil”, afirma a empresa em comunicado
Pelo material apresentado pela empresa, os resultados não são apresentados em uma lista de links, como já faz o Google. As respostas são agrupadas e mais organizadas - é algo que o Google vem tentando fazer com a ferramenta AI Overviews, que traz IA generativa para o topo das buscas e já está em testes no Brasil.
A chegada do novo site também aumenta a sombra sobre o Google, que passou a ser ameaçada não só pelo ChatGPT, mas por outros buscadores que usam IA de forma mais esperta, como a Perplexity AI, que recebeu investimentos de nomes como o Jeff Bezos para revolucionar as buscas com IA generativa.
No X, Sam Altman, fundador da OpenAI, diz que é possível tornar as buscas “muito melhor” do que são hoje.
Resultados em tempo real
Outro ponto importante para a IA da OpenAI é a capacidade de buscar conteúdos em tempo real. No site, a empresa inclusive cita um exemplo de pesquisa das Olimpíadas de Paris de 2024. Ter informações conectadas e em tempo real já foi um grande desafio para a empresa, que lançou seus chatbots com dados em períodos limitados de tempo por conta do treinamento de dados. Agora, essa barreira parece ter sido superada.
Ainda em fase de testes, a OpenAI afirmou que está distribuindo a ferramenta apenas para alguns usuários para feedback - são cerca de 10 mil convidados. Há uma lista de espera que pode ser habilitada no próprio site do SearchGPT para quem quiser fazer parte dos testes do recurso. A empresa não anunciou nenhuma data esperada para lançamento global do seu site de buscas.
Segundo o site The Verge, a ferramenta foi elaborada com parceiros como The Wall Street Journal, The Associated Press e Vox Media. Assim, o SearchGPT indica a procedência das informações que oferece ao usuário. Um dos grandes temores de veículos de comunicação é que ferramentas de IA generativa se apropriem de conteúdos sem pagar por eles. Nos últimos meses, a OpenAI fechou parcerias com veículos como Financial Times, Wall Street Journal, Vox Media, The Atlantic, Le Monde e El País.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.