Elon Musk, o homem mais rico do mundo e um conselheiro próximo de Donald Trump, chocou muitas pessoas na Alemanha na última semana ao apoiar o partido de extrema direita Alternativa para Alemanha (AfD), que está sob vigilância da inteligência interna por ser extremista.
Nesta semana, Musk se envolveu ainda mais nas eleições antecipadas do país europeu, explicando em um artigo de opinião no jornal alemão Welt por que ele acredita que o partido de extrema direita é a “última faísca de esperança” para a Alemanha.
“Os partidos tradicionais falharam na Aleamanha”, Musk escreveu. “Suas políticas levaram à estagnação econômica, à agitação social e à erosão da identidade nacional.”
O artigo de opinião de Musk surge enquanto a Alemanha se prepara para uma eleição intensa após a coalizão de três partidos do chanceler Olaf Scholz ter colapsado em novembro. Na última sexta-feira, 27, o presidente Frank-Walter Steinmeier da Alemanha anunciou oficialmente a dissolução do Parlamento e marcou as novas eleições para 23 de fevereiro.
Com quatro partidos tradicionais e três extremistas na esquerda e na direita disputando assentos no Parlamento e participação no governo, as pesquisas estão favorecendo a conservadora União Democrata Cristã. Entretanto, a AfD, com sua plataforma anti-imigração, está em segundo lugar nas pesquisas, com cerca de 20%.
O texto de Musk foi veiculado na edição impressa de domingo do Welt, um jornal conservador de propriedade do grupo de mídia Axel Springer, que também é dono do Politico nos Estados Unidos. Muitos jornalistas do jornal protestaram contra a veiculação do texto, de acordo com relatos internos. Eva Marie Kogel, que era chefe de opinião do jornal, renunciou ao cargo, ela confirmou no X.
Em um aparente reconhecimento de que as ideias de Musk sobre a AfD poderiam ser controversas, o jornal publicou uma resposta de Jan Philipp Burgard, o editor-chefe designado, na mesma página.
“O diagnóstico de Musk está correto, mas sua abordagem terapêutica, de que somente a AfD pode salvar a Alemanha, é fatalmente falha”, escreveu.
Musk, que se envolveu intensamente no apoio a Trump na campanha das eleições dos Estados Unidos, também é conhecido por se intrometer em campanhas políticas estrangeiras. Ele se envolveu e apoiou causas de direita na Itália e no Reino Unido nos últimos meses.
Leia também
O potencial provocativo na Alemanha do apoio de Musk à AfD reflete em parte a posição política do partido, considerada tão à direita a ponto de ser antidemocrática. Todos os outros partidos políticos na Alemanha excluíram a possibilidade de trabalhar com o AfD.
Quando surgiram notícias de que membros da AfD participaram de uma reunião com uma personalidade de extrema direita austríaca, que pediu a deportação de migrantes em massa, dezenas de milhares de alemães foram às ruas em protesto este ano.
Neste ano, Björn Höcke, um líder estadual do partido, foi condenado duas vezes por ter usado slogans proibidos da era nazista durante atos de campanha. Seções do partido, incluindo toda a sua ala jovem, são consideradas extremistas pela inteligência doméstica.
Em seu comentário, Musk rejeitou qualquer crítica de que o partido poderia ser muito de direita, apontando para a vida privada da principal candidata do partido. “A representação da AfD como de extrema direita está claramente errada, considerando que Alice Weidel, a líder do partido, tem uma parceira do mesmo sexo do Sri Lanka! Isso soa como Hitler para você? Vamos lá!”, escreveu.
Para o AfD, o apoio é visto como uma bênção potencial, mesmo que seja muito cedo para dizer se a postagem inicial de Musk no X teve algum efeito na pesquisa do partido. O partido tem postado partes do texto nas redes sociais.
Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
