O Facebook ainda não desistiu de colocar anúncios no WhatsApp, serviço comprado em 2014 por US$ 22 bilhões pela empresa de Mark Zuckerberg. Segundo revelou o site The Information, o plano da rede social é introduzir os anúncios após a consolidação de suas diferentes plataformas.
Em janeiro de 2019, o New York Times revelou que Zuckerberg planejava a integração entre Instagram, WhatsApp e Facebook Messenger, algo confirmado por ele posteriormente. Na prática, seria possível utilizar qualquer uma das ferramentas para se comunicar com usuários das outras. Desde então, o Facebook vem gradualmente aumentando a integração do Instagram à sua plataforma principal. Não há, porém, uma data para uma implementação ampla do projeto.
Já a ideia do fundador da rede social de ver o WhatsApp como canal de propagandas é anterior à da integração. Segundo apurou o Estado, propagandas no WhatsApp Status estiveram perto de ser anunciadas no começo de 2018, mas o escândalo do vazamento de dados da Cambridge Analytica freou os planos. A sanha comercial de Zuckerberg para cima do app de mensagens forçou à saída de Jan Koum, criador do app, da companhia. Ele deixou o Facebook em 2018 por divergências sobre os rumos comerciais do serviço e as potênciais ameaças à privacidade dos usuários. Meses antes,Brian Acton, o outro cofundador do WhatsApp, também havia deixado o Facebook por razões parecidas.
No começo de 2020, o Wall Street Journal reportou que o Facebook havia desistido da ideia, mas as novas informações apresentadas pelo The Information nesta quinta, 23, mostram que o que houve foi um recuo estratégico. De acordo com o site, Zuckerberg preferiu esperar a publicação de anúncios para escapar dos olhos dos reguladores. Com as plataformas já integradas isso seria mais fácil de ser realizado.
A reportagem conta que veiculação de anúncios personalizados, prática que já ocorre no Facebook, seria possível ao conectar o número de WhatsApp dos usuários com a sua conta na rede social. Assim, seria possível preservar a criptografia do app de mensagens, que não teria suas mensagens devassadas pelo sistema de anúncios da plataforma. Os hábitos registrados no perfil do Facebook seriam usados para a segmentação publicitária.
A reportagem relata que alguns executivos consideram a manobra perigosa - o temor é de que os usuários deletem suas contas na rede social. O Facebook não comentou à reportagem, mas, ao site Engadget, disse que propagandas nos Status do WhatsApp estão nos planos da empresa.
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