Facebook enfrenta primeiros processos nos EUA após escândalo

Companhia, junto com Cambridge Analytica, é acusada de ser negligente no uso de dados pessoais de 50 milhões de usuários

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Por Agências
Atualização:
Facebook passa pela maior crise de sua história Foto: Eraldo Peres/AP

O Facebook e a consultoria de inteligência Cambridge Analytica foram processados nos Estados Unidos por usarem informações pessoais de 50 milhões de usuários da rede social sem permissão. A ação, registrada na noite de terça-feira, 20, por Lauren Price, moradora da cidade de Maryland, é a primeira a pedir indenizações ao Facebook por não proteger os dados dos usuários. O processo acontece quatro dias após as revelações de que a consultoria usou, de forma ilícita, dados de usuários da rede social para tentar manipular o resultado das eleições presidenciais nos EUA em 2016.

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"Cada usuário do Facebook tem interesse nessa ação e na exigência de que seu direito à privacidade seja respeitado", afirmou o advogado responsável pelo caso, John Yanchunis, em entrevista à agência de notícias Reuters

O caso foi registrado na Corte Distrital de São José, na Califórnia, horas depois de o Facebook ser acusado por um acionista da empresa em outro processo, registrado na região de São Francisco, após o preço das ações da empresa despencar com a relevação do escândalo. A empresa perdeu cerca de US$ 50 bilhões em valor de mercado nos últimos dois dias.

Procurados pela Reuters, o Facebook e a Cambridge Analytica não comentaram os processos.

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Na ação de Price, a acusação é de que o Facebook e a Cambridge Analytica foram negligentes com os dados pessoais dos usuários da rede social e violaram uma lei da Califórnia. "Nossa cliente percebeu um aumento das mensagens políticas em seu feed de notícias durante o período de eleições", disse o acvogado. "Na época, ela não entendeu direito, mas agora está claro que se tratava de uma tentativa de influenciar o voto dela."

O advogado de Price é o mesmo que está processando a operadora americana Verizon em relação à brecha de segurança que levou ao vazamento de dados pessoais de 3 bilhões de contas no ano passado. Segundo ele, o número de pessoas que devem se juntar à ação coletiva contra o Facebook deve aumentar "facilmente" nos próximos dias.

Entenda o caso. A empresa de análise de dados Cambridge Analytica colheu informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook, em um esforço para beneficiar a campanha eleitoral do presidente americano, Donald Trump, em 2016, de acordo com reportagens publicadas pelos jornais The New York Times e The Observer, de Londres, no último sábado.

A empresa britânica de inteligência digital coleta e relaciona dados para ações de marketing digital feitas por companhias e políticos. No caso em questão, ela usou o método para desenvolver ações para influenciar o cenário político americano e favorecer Trump.

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Atingir o objetivo só foi possível graças a uma parceria com outra empresa, a também britânica Global Science Research, liderada por Aleksandr Kogan, pesquisador da Universidade de Cambridge. Ele criou um quiz online, chamado This is your digital life (Esta é sua vida digital), que exigia que as pessoas conectassem sua conta do Facebook para ser acessado. Isso permitiu que o quiz de Kogan obtivesse informações pessoais dos usuários da rede social e de seus amigos.

Os dados obtidos por meio do teste foram vendidos pela Global Science à Cambridge Analytica, numa clara violação aos termos de uso do Facebook. Isso permitiu que a empresa de inteligência cruzasse dados com outras fontes e chegasse a um perfil preciso das pessoas, usado para enviar mensagens direcionadas – incluindo notícias falsas – para influenciar votos.

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