Por conta da pandemia do novo coronavírus, o Google decidiu que vai manter a vasta maioria de seus 200 mil empregados e funcionários terceirizados trabalhando de casa até junho de 2021. Em um e-mail enviado a funcionários ontem, o presidente executivo da empresa, Sundar Pichai, confirmou a decisão, que havia sido antecipada pelo jornal americano Wall Street Journal. Inicialmente, o plano do Google era de manter seus escritórios fechados até o final de 2020.
A decisão afeta não apenas os funcionários do Google, mas também de todas as empresas da Alphabet, holding que controla a gigante de buscas. "Sei que essa extensão pode ter reações mistas dentro da empresa, mas quero ter certeza de que todos vocês estão tomando cuidado nesse período", escreveu Pichai.
A decisão do Google foi recebida no mercado como um movimento sóbrio – a empresa foi a primeira das principais gigantes de tecnologia a estender até tão tarde a decisão de manter os funcionários longe de seus escritórios. Cogita-se que o gesto de Pichai pode influenciar outras empresas a ficar mais tempo em casa, em uma dinâmica que pode alterar os rumos do mercado de tecnologia.
Em vários países, os funcionários do Google tem trabalhado de casa desde antes de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou que o coronavírus era uma pandemia. Inicialmente, a empresa imaginou que poderia regressar à sua sede em Mountain View, na Califórnia, entre agosto e setembro deste ano. Depois levou o prazo para janeiro e agora, para julho de 2021.
Segundo Pichai, a intenção é de dar mais facilidade para muitos funcionários e seus filhos se adequarem com escolas e habitações. "Espero que essa decisão ajude com a flexibilidade que vocês precisam para trabalhar e também se manter bem", disse o executivo no e-mail. Hoje, o Google tem 123 mil funcionários e outros 80 mil terceirizados – no Brasil, a empresa tem cerca de 1 mil pessoas.
Por enquanto, alguns países com sede menores da empresa estão em funcionamento presencial, como Austrália, Grécia e Tailândia, mas podem ser reavaliados ao longo dos próximos meses.
Outras empresas de tecnologia, por sua vez, têm adotado posturas diferentes com relação ao retorno aos escritórios. Presidente executivo do Twitter, Jack Dorsey afirmou há alguns meses que pretende que os funcionários da rede social possam trabalhar de casa para sempre. Já Mark Zuckerberg, do Facebook, manterá seus escritórios, mas espera que, num intervalo de dez anos, metade da empresa trabalhe à distância e só tenha de comparecer a um escritório eventualmente, para reuniões ou atividades de integração.
A Apple, por sua vez, chegou a demonstrar interesse na reabertura de lojas e no retorno de seus funcionários à sede em Cupertino, na Califórnia – por trabalhar com equipamentos físicos envoltos em segredos, a companhia teria maior necessidade do trabalho presencial que outras empresas. No entanto, com o recrudescimento da pandemia nos EUA, tais planos estão em suspenso.
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