As maiores empresas de tecnologia do mundo gastaram bilhões de dólares na revolução da inteligência artificial (IA). Agora, elas estão planejando gastar dezenas de bilhões a mais, aumentando a demanda por chips de computador e, potencialmente, a pressão sobre a rede elétrica dos EUA.
Na divulgação dos balanços nesta semana, o Google, a Microsoft e a Meta destacaram o tamanho de seus investimentos em IA. Na quarta-feira, 24, a Meta aumentou suas previsões de quanto gastaria este ano em até US$ 10 bilhões. O Google planeja gastar cerca de US$ 12 bilhões ou mais a cada trimestre deste ano, grande parte das quais será para novos data centers. Já a Microsoft gastou US$ 14 bilhões no trimestre mais recente e espera que esse valor continue aumentando, disse a diretora financeira Amy Hood.
De modo geral, os investimentos em IA representam uma das maiores injeções de dinheiro em uma tecnologia específica na história do Vale do Silício e podem servir para consolidar ainda mais as maiores empresas de tecnologia no centro da economia dos EUA, à medida que outras companhias, governos e consumidores individuais recorrem a essas gigantes para obter ferramentas e software de IA.
O enorme investimento também está elevando as previsões de quanta energia será necessária nos Estados Unidos nos próximos anos. No estado da Virgínia Ocidental, antigas usinas de carvão que estavam programadas para serem fechadas continuarão funcionando para enviar energia para o enorme e crescente centro de data center na vizinha Virgínia.
“Estamos muito empenhados em fazer os investimentos necessários para nos manter na vanguarda”, disse Ruth Porat, diretora financeira do Google, em uma teleconferência na quinta-feira, 25. “É uma oportunidade única em uma geração”, acrescentou o CEO do Google, Sundar Pichai.
As maiores empresas de tecnologia já vinham gastando alto em pesquisa e desenvolvimento de IA antes de a OpenAI lançar o ChatGPT no final de 2022. Mas o sucesso instantâneo do chatbot fez com que as grandes companhias aumentassem repentinamente seus gastos ainda mais. Os investidores de risco também despejaram dinheiro no setor e startups com apenas poucos funcionários estavam levantando centenas de milhões para desenvolver suas próprias ferramentas de IA.
O boom elevou os preços dos chips de computador de ponta necessários para treinar e executar algoritmos complexos de IA, aumentando os preços tanto para as grandes empresas de tecnologia quanto para as startups. Os engenheiros e pesquisadores especializados em IA também estão em falta e alguns deles estão recebendo salários de milhões de dólares.
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A Nvidia, fabricante de chips de computador cujas unidades de processamento gráfico, ou GPUs, tornaram-se essenciais para o treinamento de IA, espera faturar cerca de US$ 24 bilhões neste trimestre, enquanto no mesmo trimestre de dois anos atrás faturou US$ 8,3 bilhões. O enorme aumento na receita levou os investidores a aumentar tanto as ações da empresa que ela é agora a terceira empresa mais valiosa do mundo, atrás apenas da Microsoft e da Apple.
Parte do entusiasmo com a IA do ano passou. Nem todas as startups do setor que obtiveram grandes financiamentos de capital de risco ainda existem. As preocupações com o crescimento rápido da IA - e o temor de que os humanos não conseguem acompanhá-la - parecem ter se acalmado. Mas a revolução veio para ficar e a corrida para investir em IA já está começando a ajudar a aumentar a receita da Microsoft e do Google.
A receita da Microsoft no trimestre foi de US$ 61,9 bilhões, um aumento de 17% em relação ao ano anterior. A receita do Google no trimestre aumentou 15%, chegando a US$ 80,5 bilhões.
O interesse em IA trouxe novos clientes que ajudaram a aumentar a receita de nuvem do Google, fazendo com que a empresa superasse as expectativas dos analistas. As ações subiram cerca de 12% nas negociações após o fechamento do mercado. Na Microsoft, a demanda por seus serviços de IA é tão alta que a empresa não consegue acompanhar o mercado no momento, diz Hood.
Para a Meta, o desafio é desenvolver a IA e, ao mesmo tempo, garantir aos investidores que ela acabará ganhando dinheiro com isso. Enquanto a Microsoft e o Google vendem acesso à sua IA por meio de seu gigantesco negócio de software em nuvem, a Meta seguiu um caminho diferente. Ela não tem um negócio de nuvem e, em vez disso, está disponibilizando sua IA gratuitamente para outras empresas e, ao mesmo tempo, encontrando maneiras de colocar a tecnologia em seus próprios produtos de rede social.
No início deste mês, a Meta integrou recursos de IA em suas redes sociais, incluindo Instagram, Facebook e o WhatsApp. Os investidores estão céticos e, depois que a empresa aumentou sua previsão de quanto dinheiro gastará em 2024 para até US$ 40 bilhões, suas ações caíram mais de 10%.
“Construir a IA líder também será um empreendimento maior do que as outras experiências que adicionamos aos nossos aplicativos, e isso provavelmente levará vários anos”, disse o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, em uma teleconferência na quarta-feira, 24. “Historicamente, investir para criar essas novas experiências em escala em nossos aplicativos tem sido um investimento de longo prazo muito bom para nós e para os investidores que permaneceram conosco.”
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