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Hackers burlam leis e aceleram o ‘boom’ de motos elétricas na China

Mesmo com limite de velocidade nas ruas, chineses tem encontrado formas de alterar os softwares das motos e acelerar nas pistas

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Por Redação

THE WASHINGTON POST - Os veículos elétricos de duas rodas, vendidos por empresas como a Niu Technologies, provaram ter sido incrivelmente bem-recebidos em megalópoles da China por entregadores e pessoas que precisam contornar o tráfego e percorrer distâncias curtas em pouco tempo. A popularidade deles persiste, apesar de uma manobra do governo de 2019 que obriga os fabricantes a limitar suas velocidades para 25 km/h.

Isso porque motoristas e vendedores reagiram à lei hackeando softwares e seguindo tutoriais online que lhes permite contornar as limitações, possibilitando que alguns modelos avançados atinjam velocidades de 50 km/h ou mais.

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“Todo mundo faz isso”, disse Zhao, 25 anos, que pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome, pois a prática é ilegal. Ele pediu a um vendedor para tirar a limitação de velocidade antes mesmo de levar sua nova moto para casa. “Se você não fizer isso, vai ser o mais lento na estrada”, disse ele.

Entusiastas como Zhao têm ajudado o mercado de motos elétricas a crescer na China. As vendas aumentaram de cerca de 20 milhões, em 2015, para 30 milhões, no ano passado, de acordo com a BloombergNEF, e a frota de veículos elétricos de duas rodas já supera a dos modelos movidos a combustível. Espera-se que a China seja responsável por 97% de todas as vendas de veículos elétricos de duas rodas este ano.

A NIU Technologies produz motos elétricas que conquistaram chineses apesar do limite de velocidade no país Foto: ALY SONG/REUTERS

Não existem dados a respeito do hackeamento para contornar o limite de velocidade, mas analistas e motoristas dizem que ele é realizado na maioria das scooters vendidas. A prática é especialmente comum entre os entregadores, que são essenciais nas principais cidades chinesas e precisam da velocidade extra para dar conta dos limites de tempo de entrega definidos pelas plataformas, disse Siyi Mi, analista da BNEF.

Tutoriais para driblar os limites de velocidade podem ser encontrados facilmente nas redes sociais do país, como o Douyin e o Little Red Book, as versões chinesas do TikTok e do Instagram. Aqueles que já compraram ou vendem o produto dão dicas de como abordar os vendedores para hackear o software e como cortar um fio sob o assento para desativar um alarme exigido pelo governo, que começa a soar quando as scooters ultrapassam a velocidade de 25 km/h.

A regulação da velocidade foi motivada por preocupações com a segurança no trânsito, levando em consideração inclusive os entregadores, que costumam mudar de direção usando calçadas, ciclovias e a estrada para escapar do trânsito. Os detalhes quanto à aplicação da lei são limitados, mas três lojas em Zhejiang foram multadas em 5.000 yuans (US$ 745), cada, por oferecerem ajustes ilegais, e os proprietários das motos que os aceitaram também foram punidos, de acordo com a NetEase News.

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As vendas no mercado de veículos de duas rodas na China provavelmente vão se estabilizar este ano ou no próximo, de acordo com a BNEF. Embora sempre haja um nicho entre os entregadores, espera-se que muitos chineses migrem para o conforto de um veículo de quatro rodas conforme a economia continua a crescer. A expectativa é que o boom no mercado de motos elétricas mude de lugar, com a Índia e o sudeste asiático se tornando suas principais regiões de crescimento./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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