O Instagram quer bater de frente com o YouTube: ontem, a empresa anunciou a criação de uma nova plataforma voltada para vídeos de longa duração. Chamada de IGTV (abreviatura para “Instagram TV”) e já disponível como um aba dentro do aplicativo da empresa, ela terá espaço para produções feitas por criadores de conteúdo amadores e profissionais, com duração de até uma hora – até agora, os vídeos da rede social utilizada por 1 bilhão de pessoas em todo o mundo estavam restritos a 60 segundos.
Outro destaque do IGTV, que em breve também será lançado como aplicativo próprio para Android e iOS, é que seus vídeos serão todos na vertical. “As ferramentas que usamos para ver vídeos na internet hoje são antiquadas, com um formato horizontal que ainda é feito para TV”, disse o presidente executivo e cofundador do Instagram, Kevin Systrom, durante o anúncio da plataforma, realizado em São Francisco e transmitido pela internet na tarde de ontem. “Nós queremos fazer algo diferente, pensado para quem vive com o celular na mão.”
Ao abrir o aplicativo ou a aba do IGTV, o usuário já estará assistindo vídeos -- em uma curadoria realizada por algoritmos pelo Instagram a partir de seus interesses, contas seguidas e curtidas. Também será possível pausar, retroceder e avançar os vídeos, algo que hoje não funciona na rede social. Por enquanto, apenas produtores selecionados pelo Instagram terão vídeos exibidos na plataforma. Em breve, promete a empresa, qualquer usuário poderá ter suas criações no serviço.
Dinheiro. Em um primeiro momento, o serviço não terá espaço para anúncios ou para que os criadores de conteúdo faturem com os vídeos. As duas ideias, porém, não estão descartadas e podem chegar à plataforma nos próximos meses, afirmou o brasileiro Mike Krieger, cofundador do Instagram, em entrevista coletiva feita logo após a divulgação do IGTV. “É uma conversa que queremos ter com os produtores de conteúdo.”
Assim como sua empresa-mãe, o Facebook, hoje o Instagram fatura bastante com publicidade – dados da consultoria eMarketer preveem que a rede fature US$ 5,48 bilhões este ano com publicidade digital. Hoje, Google e Facebook controlam cerca de 80% do mercado publicitário global na web (exceto a China), segundo a consultoria GroupM.
Na sessão de perguntas, Krieger minimizou a rivalidade com o YouTube. “Queremos criar algo que cresce em cima do Instagram que já existe e não tentando ser outro aplicativo”, disse. “Nossos usuários muitas vezes publicavam vídeos curtos porque tinham uma limitação.” No entanto, o confronto parece evidente: são duas plataformas que giram em torno de influenciadores e que, agora, têm espaço para vídeos de longa duração.
Para o consultor especializado em redes sociais Alexandre Inagaki, o Instagram tem chance de “roubar” quem hoje faz vídeos para o YouTube. “Os criadores vivem em constante conflito com o site do Google por questões como alcance dos vídeos, algoritmos de atualizações e monetização”, diz. “Se o Instagram permitir uma rentabilização desses conteúdos mais interessantes, a guerra pode ficar boa.” Além disso, ao levantar a bandeira dos vídeos na vertical, o Instagram pode se diferenciar do rival por uma experiência de uso, avalia Inagaki.
O IGTV não é a única iniciativa do Facebook para brigar com o YouTube: hoje, a empresa tem investido pesado no Watch, plataforma que terá vídeos de produtores de conteúdo e de empresas jornalísticas. Segundo Krieger, os dois serviços estarão integrados – será possível, por exemplo, publicar o mesmo vídeo em ambos simultaneamente.
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