O cientista Jan Leike anunciou na noite desta quinta-feira, 16, a própria demissão da startup de inteligência artificial OpenAI, conhecida pelo robô ChatGPT. A decisão ocorre após a saída do cofundador Ilya Sutskever, então cientista-chefe da empresa americana.
Leike é especialista em aprendizado de máquina e trabalhava como chefe do departamento de superalinhamento. No jargão do mundo de inteligência artificial (IA), o termo que diz respeito às tarefas de evitar que uma eventual superinteligência artificial (batizada de AGI, na sigla em inglês), com capacidade superior ou igual à humana, possa apresentar riscos de longo prazo, como autoconsciência e até extinção da espécie humana, segundo a própria definição exibida no site da OpenAI.
“Deixar esse trabalho foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, porque precisamos urgentemente descobrir como dirigir e controlar sistemas de IA muito mais inteligentes do que nós”, escreveu Leike na rede social X. O pesquisador reforça o caráter perigoso da AGI, dizendo que é uma “empreitada inerentemente perigosa” e que a OpenAI tem uma enorme responsabilidade perante a Humanidade.
Leike afirma que discordanças com as lideranças da OpenAI vêm acontecendo “por algum tempo, até que chegamos a um ponto de ruptura”. Segundo ele, a startup americana deveria estar se preparando para os próximos modelos de IA em desenvolvimento, procurando focar na segurança, monitoramento, superalinhamento, confidencialidade, impacto na sociedade, entre outros tócos. “Mas, nos últimos anos, a cultura e os processos de segurança da OpenAI ficaram em segundo plano em prol dos produtos brilhantes”.
Por fim, o ex-funcionário da empresa declarou que “a OpenAI precisa se tornar uma companhia que coloca a segurança da AGI em primeiro lugar”.
Contexto da saída
A saída de Leike acontece após o cientista Ilya Sutskever, tido como um dos principais nomes responsáveis por criar o ChatGPT, anunciar na última quarta-feira, 15, que está deixando a companhia que ajudou a fundar em 2015.
Sutskever sai da OpenAI após um final de ano turbulento na empresa. Em novembro de 2023, o cientista, membro do alto conselho da empresa, votou pela demoção do cofundador e presidente executivo, Sam Altman, que retornou ao cargo após intervenção da Microsoft (investidora majoritária da startup). Após o episódio, Sutskever afirmou que se arrependeu, mas não retornou à cadeira do conselho.
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“Depois de quase uma década, tomei a decisão de deixar a OpenAI”, escreveu Sutskever no X. “O histórico da empresa tem sido quase milagroso, e confio na OpenAI para criar uma inteligência artificial segura e benéfica”, acrescentou.
Além disso, na segunda-feira, a OpenAI anunciou o GPT-4o, “cérebro” mais inteligente e capaz do ChatGPT. As novas habilidades da IA permitem que o modelo consiga trabalhar em diferentes formatos (texto, imagem, áudio, vídeo), aprimora habilidades de conversação e “enxegar” e entender o mundo real a partir da câmera do smartphone, lembrando da inteligência artificial vista no filme Ela (2013), dirigido por Spike Jonze.
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