Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook, deve voltar ao Congresso dos Estados Unidos para prestar depoimento, declararam senadores americanos nesta terça-feira, 5, em audiência que investiga se a empresa foi negligente em relação a possíveis danos que a rede social pode causar à saúde de crianças e adolescentes.
Ainda não se sabe se o fundador do Facebook irá ser convidado ou intimado para o depoimento, mas os senadores deixaram claro que futuras audiências deverão trazer o CEO para diante das autoridades.
O Senado americano ouviu o depoimento da americana Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook que trabalhou como gerente de produto na equipe de integridade cívica da empresa e que foi a responsável por trazer a público pesquisas internas que mostram que a rede social foi negligente com a moderação de conteúdo de suas plataformas, mesmo sabendo de danos aos usuários.
Intitulada "Protegendo Crianças Online", a audiência focou nas pesquisas da empresa relativas ao efeito do Instagram em usuários jovens. Nesta terça, Frances declarou que o Facebook priorizou o crescimento da companhia em detrimento da segurança dos clientes do serviço. Na semana passada, o mesmo subcomitê do Senado americano ouviu Antigone Davis, diretora de segurança da rede social.
Zuckerberg já prestou depoimentos diante das autoridades americanas outras vezes, como no caso da Cambridge Analytica, em 2018 (até então o maior escândalo da empresa) e em 2020, junto com outros outros CEOs do Vale do Silício (como Jack Dorsey, do Twitter, e Sundar Pichai, do Google) para prestar esclarecimentos sobre a seção 230, peça legislativa americana que garante regras sobre liberdade de expressão e moderação de conteúdo na internet.
Fugindo dos holofotes
Segundo relatos, Mark Zuckerberg estaria fugindo da crise da empresa para não arranhar a própria imagem, já que gostaria de ser visto como um inovador. Em janeiro deste ano, a companhia estabeleceu um plano para afastar o fundador da companhia de escândalos, concentrando postagens no Facebook e aparições na mídia de Zuckerberg com novos produtos, afirmaram fontes ao jornal New York Times.
A estratégia, porém, parece não estar agradando as autoridades. Os senadores notaram a ausência e o silêncio do fundador da rede social em relação à nova crise da empresa, que começa a ganhar corpo.
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