Em 2020, a pandemia de coronavírus ensinou muitas empresas a trabalhar remotamente. As Big Techs, grandes companhias de tecnologia do mundo, foram as que mais abraçaram o formato: com recursos, equipamentos e uma cultura menos tradicional, o lema do “trabalhe onde quiser” era um requisito para sobreviver à crise.
Mas agora, quatro anos depois do pico do afastamento social, essas empresas estão querendo trazer seus funcionários novamente para os escritórios. Companhias como Google, Amazon e até o Zoom disseram que os projetos funcionam melhor quando as pessoas estão reunidas. A gigante do comércio eletrônico é a mais recente companhia a encerrar definitivamente o home office - a partir de janeiro, serão cinco dias por semana no escritório.
O argumento de agora é que os anos de pandemia teriam evidenciado a dificuldade na comunicação, a falta de funcionários “engajados” e a segurança de dados dessas empresas. Para muitas delas, é mais fácil ter o controle do que entra e sai da companhia se seus colaboradores estiverem trabalhando presencialmente.
Veja como as principais empresas de tecnologia estão lidando com o home office:
Amazon
Em julho do ano passado, Andy Jassy, presidente da gigante de comércio eletrônico, confirmou os planos da empresa de ter seus funcionários aos escritórios em três dias da semana. A notícia veio em uma chamada interna com os colaboradores em que Jassy afirmou que quem não concordasse com as novas regras podia não “se encaixar” mais na empresa.
Agora, a Amazon é mais uma das grandes empresas de tecnologia que vai pedir para que seus funcionários retornem aos escritórios por cinco dias na semana. A medida foi anunciada pelo CEO da empresa Andy Jassy nesta segunda-feira, 16, em um memorando enviado aos funcionários.
De acordo com Jassy, os funcionários têm até o dia 2 de janeiro de 2025 para se adaptar ao pedido. O período deve ser usado para que pessoas que precisem deixar crianças em creche, realocar horários ou mesmo mudar-se novamente para perto dos escritórios possam se programar para a volta.
Apple
Uma das únicas empresas que não fez demissão em massa durante os anos da pandemia, a Apple tenta trazer seus funcionários de volta para os escritórios desde 2020, em planos divididos em fases. Agora, desde o ano passado, a californiana também entrou para a lista das empresas que querem seus colaboradores nos escritórios ao menos três vezes na semana.
Segundo o site americano Plataformer, a exigência cresceu em março deste ano, quando a Apple passou a controlar a frequência de seus funcionários na sede a partir dos registros de crachás na entrada e na saída do expediente. Aos que não cumprirem a carga horária mínima presencial, advertências poderiam ser distribuídas, de acordo com o site.
O Google é mais uma das companhias que passou a exigir que os funcionários compareçam aos escritórios três vezes na semana. De acordo com um memorando visto pelo jornal americano Washington Post em junho deste ano, a empresa afirmou que as ausências serão consideradas na avaliação de desempenho individual de cada colaborador.
“Nossa abordagem híbrida é criada para incorporar o melhor de estarmos juntos pessoalmente com os benefícios de trabalhar em casa durante parte da semana. Agora que estamos há mais de um ano nessa forma de trabalhar, estamos formalmente integrando essa abordagem em todas as nossas políticas de trabalho”, disse o porta-voz do Google, Ryan Lamont ao jornal americano.
Meta
A empresa de Mark Zuckerberg foi mais radical quanto ao trabalho remoto durante a pandemia: em 2020, ele afirmou que os funcionários poderiam escolher se queria trabalhar em home office pelos próximos cinco ou dez anos. Mas o empresário mudou de ideia e exigiu que alguns dos seus funcionários voltassem a estar nos escritório.
No ano passado, Zuckerberg enviou um comunicado dizendo que o trabalho desenvolvido na empresa era mais “refinado” quando feito presencialmente. No e-mail, visto pelo Washington Post, o dono da empresa ainda informou que após uma análise de dados dos funcionários foi possível concluir que a área de engenharia trabalhava melhor nos escritórios.
Microsoft
A Microsoft é uma das únicas gigantes de tecnologia que ainda preserva flexibilidade em relação ao trabalho presencial. De acordo com a empresa, os funcionários podem trabalhar remotamente em “50% do tempo”. Para ficar mais tempo em casa, os horários são negociados diretamente com cada gestor de área.
“Há uma mudança estrutural, e todos estão exercendo a flexibilidade que tinham durante a pandemia agora no mundo pós-pandêmico”, disse o presidente da Microsoft, Satya Nadella, durante uma entrevista para o 2022 All Markets Summit do site Yahoo Finance.
Twitter/X
Desde que Elon Musk assumiu a rede social (que agora chama X), o trabalho presencial foi exigido, já que o bilionário demonstrou não ser adepto do home office. Nos primeiros meses sob a direção de Musk, a empresa viralizou por ter funcionários dormindo nos escritórios - além das demissões que somaram mais de 80% do quadro de colaboradores.
Em novembro, o empresário exigiu que todos os funcionários voltassem ao trabalho nos escritórios, e chegou a afirmar que quem não concordasse com a medida podia pedir demissão da empresa.
“Nós estamos mudando a política do Twitter, de forma que o trabalho remoto não é mais permitido, a menos que você tenha uma necessidade específica”, disse Musk em um email enviado para funcionários no ano passado.
Nubank
Adotado no ano de 2020 devido à pandemia de Covid-19, o modelo remoto de trabalho do Nubank prevalece até os dias de hoje, em uma tendência que vai na contramão do mercado de empresas de tecnologia, que estão pedindo para seus funcionários retornarem aos escritórios em modelo total ou parcial.
Batizado de “Nu Way of Working” (“O jeito de trabalhar do Nu”, em tradução livre), a cada três meses, os funcionários devem comparecer ao escritório da companhia por uma semana. São cinco dias de trabalho para cada 90 dias em casa, com custos de deslocamento parcialmente cobertos pela empresa. Para quem quiser ir mais vezes ao presencial, basta agendar as salas e cadeiras pelo sistema interno do “roxinho”.
Zoom
A exigência de retorno dos funcionários do serviço de videochamadas Zoom pode parecer o mais controverso de todos - afinal, a companhia teve seu maior pico de crescimento da história durante a pandemia - mas também aconteceu.
A empresa pediu, no começo de agosto, que seus colaboradores que moram até 80 quilômetros de distância dos escritórios retornem, pelo menos, duas vezes na semana de forma presencial. “Acreditamos que uma abordagem híbrida estruturada” seja a mais eficaz para a empresa, disse o comunicado enviado aos funcionários, visto pelo site Business Insider.
Mesmo com o crescimento de serviços durante a pandemia, o Zoom demitiu cerca de 15% do seu quadro de funcionários em fevereiro deste ano.
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