THE NEW YORK TIMES - Horas antes de Mark Zuckerberg, presidente-executivo da Meta, testemunhar na quarta-feira, 31, diante de senadores americanos, os legisladores divulgaram documentos internos da empresa que mostram como ela rejeitou pedidos para aumentar os recursos que podiam aumentar a segurança infantil online.
Em 90 páginas de e-mails internos do outono de 2021, as principais autoridades da Meta, proprietária do Instagram, do Facebook e do WhatsApp, debateram o acréscimo de dezenas de engenheiros e outros funcionários para se concentrar no bem-estar e na segurança das crianças. Uma proposta feita a Zuckerberg para 45 novos membros da equipe foi recusada.
Os documentos, que estão sendo divulgados na íntegra pela primeira vez, foram citados em um processo no ano passado por 33 procuradores gerais de Estado que acusaram a Meta de viciar jovens usuários em seus aplicativos. Eles contradizem as declarações dos executivos da empresa, incluindo o chefe de segurança global e o chefe do Instagram, que testemunharam em audiências no Congresso sobre segurança infantil durante esse período - ele diziam que o serviço priorizava o bem-estar de seus usuários mais jovens e que trabalhariam mais para combater o conteúdo nocivo em sua plataforma.
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Zuckerberg, que testemunhou perante o Congresso na quarta-feira pela oitava vez, está na berlinda para defender a falta de investimento da Meta em segurança infantil em meio às crescentes reclamações de conteúdo tóxico e nocivo online, disse o senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut, que divulgou os e-mails com a senadora Marsha Blackburn, republicana do Tennessee.
“A hipocrisia é impressionante”, disse Blumenthal em uma entrevista. “Ouvimos várias vezes o quanto eles se preocupam e estão trabalhando nisso, mas os documentos mostram um quadro muito diferente.”
A Meta criou mais de 30 ferramentas para ajudar a proteger os adolescentes e tem uma equipe “robusta” que supervisiona o bem-estar dos jovens, diz Andy Stone, porta-voz da Meta, em um comunicado, acrescentando que “esses documentos escolhidos a dedo não fornecem o contexto completo de como a empresa opera ou quais decisões foram tomadas”.
Os e-mails incluíam Zuckerberg, a ex-diretora de operações, Sheryl Sandberg, e Nick Clegg, presidente de assuntos globais, embora eles nem sempre tenham respondido. Os e-mails mostram os executivos seniores discutindo sobre orçamentos e número de funcionários e, ao mesmo tempo, reconhecendo ameaças regulatórias relacionadas à forma como lidavam com usuários adolescentes.
Um incidente revelado nos documentos foi uma solicitação de Clegg em agosto de 2021 para 45 novos membros da equipe. A solicitação foi rejeitada e ele retornou a Zuckerberg em novembro com uma proposta reduzida de 32 novas contratações. Não está claro o que Zuckerberg decidiu.
Clegg escreveu que a empresa não estava conseguindo cumprir as metas para evitar bullying, assédio e outras atividades prejudiciais no Instagram e no Facebook e alertou que os órgãos reguladores globais poderiam tomar medidas.
Ele disse que o investimento em pessoal permitiria que a empresa “apoiasse nossa narrativa externa de bem-estar em nossos aplicativos”.
Antes da divulgação desses documentos, os planos de Zuckerberg para a audiência incluíam falar sobre as dificuldades de ser pai na era digital. Ele também planejava defender a Meta, apontando para as dezenas de ferramentas que a empresa havia lançado nos últimos oito anos para dar mais controle aos pais.
A Meta tem cerca de 40 mil pessoas trabalhando em questões de segurança e proteção em seus aplicativos, de acordo com o depoimento de Zcukerberg, e investiu mais de US$ 20 bilhões nesses esforços desde 2016. Quase um quarto desse investimento foi gasto no ano passado. Não está claro quanto dos US$ 20 bilhões é dedicado à segurança infantil.
Audiência
Esperava-se que uma das principais linhas de questionamento na quarta-feira se concentraria em como os aplicativos verificam a idade dos usuários, uma vez que a empresa proíbe usuários com menos de 13 anos.
Na audiência, Zuckerberg planejava sugerir que a Apple assuma a responsabilidade de verificar as idades por meio de sua App Store. Ele também planejava incentivar uma legislação que exija que os adolescentes solicitem a aprovação dos pais para baixar aplicativos.
Zuckerberg há muito tempo posiciona a Meta - e a internet em geral - como um lugar que pode ser usado tanto para o bem quanto para o mal. Ele diz que sua empresa é uma empresa de tecnologia de ponta. Ele diz que o trabalho de sua empresa é elevar o que é bom e, ao mesmo tempo, fazer o possível para reduzir os danos. Ele também planejava enfatizar como a internet pode ser um lugar positivo para as pessoas, inclusive para as crianças.
“Elas usam nossos aplicativos para se sentirem mais conectadas, informadas e entretidas, bem como para se expressarem, criarem coisas e explorarem seus interesses”, ele planeja dizer, de acordo com seus comentários preparados. “De modo geral, os adolescentes nos dizem que essa é uma parte positiva de suas vidas.”
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