Não foi só Donald Trump que saiu vencedor das eleições americanas. A startup de inteligência artificial (IA), Perplexity AI, também triunfou no período da campanha presidencial americana. O site, que funciona como uma ferramenta de buscas e já mira derrubar o Google, mostrou o potencial de sua tecnologia durante a apuração dos votos entre Kamala Harris e Trump.
Segundo informações divulgadas pelo site TechCrunch, poucos dias antes do fim das eleições, a Perplexity AI lançou seu próprio sistema de divulgação de resultados eleitorais. A startup desenvolveu uma plataforma de apuração em tempo real, com mapas e links de fontes confiáveis. O projeto parece ter recolhido bons resultados com informações corretas e atualizadas.
Além disso, a ferramenta não deixou o usuário refém apenas de texto em chatbots, mas incluiu gráficos que forneciam informações ao vivo de cada estado.
Outras plataformas de IA, como o ChatGPT e o Gemini, se recusaram a responder perguntas relacionadas à apuração dos votos - informações em tempo real confundem sistemas do tipo. Já a IA de Elon Musk, o Grok, apresentou informações erradas.
Conheça a Perplexity AI
Fundada em agosto de 2022, a Perplexity AI é um serviço de busca com base em inteligência artificial generativa que vem se destacando no mercado. No início de 2024, após uma rodada de investimentos, a empresa foi avaliada em cerca de US$ 520 milhões.
O serviço está disponível gratuitamente e, também, na versão paga, com a Perplexity Pro. Por US$ 20 por mês, o usuário tem acesso a modelos de IA mais avançados e consegue utilizar outros recursos, como carregar um arquivo próprio ao servidor.
Uma das grandes vantagens da Perplexity AI é sua interface parecida com o Google, uma caixa de texto centralizada em uma página.
Já para fornecer a resposta, funciona de forma bem diferente. Em vez de sugerir uma lista de links, como o Google faz, ela usa a IA para separar um resumo da questão, que vem acompanhada das fontes. A OpenAI vem apostando no mesmo método, com o SearchGPT, ferramenta integrada ao ChatGPT lançada na semana passada.
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Esses recursos de acesso a fontes da web são importantes para evitar as ‘alucinações’, respostas sem sentido que as IAs geram.
Além disso, a plataforma também pode permitir que o usuário escolha a fonte que quer pesquisar, como apenas em artigos, vídeos do YouTube ou outras formas de publicação da internet.
Entretanto, nem tudo é tão positivo assim no caminho da startup milionária. Recentemente, diversos jornais americanos, como o Wall Street Journal e o New York Post, processaram a empresa por roubo de propriedade intelectual. Os editores alegaram violação em massa de direitos autorais e, também, violação às leis de marcas registradas, quando a IA inventou trechos de notícias e atribuiu aos autores originais das matérias.
No processo, os jornais exigiram medidas cautelares para a startup e uma indenização de até US$ 150 mil por erro das IAs. Além disso, solicitaram o apagamento de base de dados que tivessem utilizando suas obras protegidas por direitos autorais.
Em uma conferência de tecnologia do próprio Wall Street Journal, dias após a intimação, o CEO da Perplexity, Aravind Srinivas, disse que a empresa ficou surpresa com os processos e que gostaria de colaborar com os veículos de comunicação.
A Perplexity utiliza o modelo GPT-3.5, da OpenAI, além de seu próprio modelo de IA, uma variante do modelo de código aberto Llama2, da Meta. Com a versão paga, o usuário pode escolher entre modelos diferentes, como o GPT-4 e o Claude, da Anthropic.
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