A SpaceX, empresa de turismo espacial do bilionário Elon Musk, ficou conhecida pelos foguetes, mas esses não são os únicos produtos da companhia. Dentro da empresa do fundador da Tesla, existe um projeto chamado Starlink, que coloca satélites em órbita para levar conexão de internet a lugares remotos — esse foi motivo que levou o ministro das Comunicações do governo brasileiro, Fábio Faria, a visitar o bilionário na segunda-feira, 15.
De acordo com publicação de Faria nas redes sociais, a tecnologia estará no Brasil “para conectarmos as escolas rurais e protegermos a Amazônia utilizando a tecnologia da SpaceX/Starlink”. O ministro, porém, não deu prazo nem apresentou mais detalhes sobre o plano. Musk não se pronunciou sobre o encontro.
A suposta chegada do serviço ao Brasil levantou perguntas sobre o serviço de internet de Elon Musk. Assim, leia abaixo como funciona a Starlink.
O que é a Starlink?
A Starlink nasceu em 2015 como um braço da SpaceX, de turismo espacial. Atuando de forma quase independente hoje, o projeto promete colocar 42 mil de satélites em órbita baixa (entre 500 km e 2.000 km de altitude) para “vender” internet por uma assinatura mensal, semelhante ao que fazem as operadoras de telecomunicações, que instalam redes de infraestrutura com antenas em terra.
No projeto de Musk, esses satélites criarão uma rede capaz de cobrir todo o Planeta, incluindo regiões remotas e rurais - o que aumenta o potencial de inclusão e expansão de negócios. Essa é a importância de ter um grande volume de satélites: cada um dos equipamentos se liga em rede, garantindo que não existam áreas sem cobertura conforme o globo terrestre se movimenta.
Musk, no entanto, descarta cobrir o Ártico e a Antártida. Apesar do barulho do bilionário, internet por satélites de baixa órbita não chega a ser uma novidade, considerando que operadores tradicionais, como a Embratel, já oferecem algo similar.
Qual é a vantagem da conexão de internet por satélite?
O principal objetivo da internet por satélite é levar conexão a um custo menor do que mover pesadas infraestruturas de cabeamento (como fibra ótica) e antenas para locais distantes de centros urbanos.
Nesse sentido, “conectar” a Amazônia, como quer o governo brasileiro, pode ficar mais fácil, já que esse mercado também encontra poucos competidores — rivais como Viasat, HughesNet e Project Kuiper (da varejista Amazon) estão no ramo.
Qual é a velocidade de conexão da Starlink?
A Startlink promete o que chama de alta velocidade e baixa latência: entre 100 Mbps e 200 Mbps de rapidez na conectividade, com latência de 20 ms. Musk afirma que o serviço deve ficar melhor com o tempo, conforme mais satélites entram em órbita.
A Starlink já está em operação no Brasil?
Não. O serviço da companhia está atualmente disponível apenas para alguns países da América do Norte, Europa e Oceania. Não há informação sobre se ou quando o País receberá a Starlink.
Há, porém, um indicativo do interesse da empresa no Brasil: a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), órgão regulador do setor, homologou equipamentos da Starlink em maio de 2021, primeiro passo para eventual lançamento em solo (ou espaço) brasileiro. O serviço também já tem site em português.
Qual é o preço da assinatura da Starlink?
Nos países onde a Starlink está disponível, as assinaturas saem por US$ 99, além de ser necessário desembolsar outros US$ 499 para a instalação do modem em casa. Não é possível saber o quanto seria cobrado no Brasil.
Qual é o tamanho da Starlink hoje?
Conhecido por uma verborragia incomum no mundo dos negócios, Elon Musk não fornece muitas informações sobre o tamanho da divisão — apenas ressalta que está em rápida expansão, especialmente no ano de 2021.
Em outubro passado, o bilionário afirmou que a companhia pretendia colocar 12 mil satélites em órbita, com custo total de US$ 10 bilhões. Em outra ocasião, durante a Mobile World Congress (MWC) deste ano, a quantia de investimento necessária seria de até US$ 30 bilhões, declarou Musk. A meta da Starlink é atingir a marca dos 500 mil consumidores até o segundo semestre de 2022. Até agosto de 2021, a companhia possuía 1,8 mil satélites em órbita.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.