Há quase um mês, todas as respostas geradas pelo principal e-mail de imprensa do Twitter têm sido a mesma: um emoji de cocô (💩). Em busca de esclarecimentos a respeito da conduta do Twitter diante de casos de massacres em escolas brasileiras, o Estadão foi mais um dos veículos que obteve a mesma resposta aos pedidos de comentários.
A mensagem, enviada pela reportagem do jornal nesta semana, perguntava à empresa sobre publicações explícitas que mostravam fotos de assassinos em casos de massacres em escolas, como o que ocorreu em Blumenau na última semana.
O comportamento também se repetiu com outros veículos que repercutiram os casos, como BBC Brasil, G1, Folha de S.Paulo. Internacionalmente, a agência de notícias Bloomberg e os jornais The Guardian, The New York Times e Washington Post também receberam o emoji como resposta.
A resposta padrão aos jornalistas foi anunciada pelo próprio Musk em 19 de março deste ano, quando informou por sua conta no Twitter que a empresa havia ativado uma resposta automática para o seu principal e-mail voltado para a imprensa. O conteúdo de todas as mensagens é igual e se limita a uma unidade do emoji, sem texto ou outros meios de estabelecer contato com a companhia.
Sem porta-voz no Brasil desde que Musk liderou uma rodada de demissões que atingiu a operação global da empresa, o endereço de e-mail é a única via de comunicação dos jornalistas com a companhia.
Musk tem se mostrado hostil a veículos jornalísticos desde antes de assumir o Twitter. Em suas redes sociais, o bilionário defendia a criação de um espaço na web para que usuários pudessem ter “liberdade de expressão” para publicar conteúdos independentes das mídias tradicionais — movimento que permitiria informações falsas e enganosas de circularem na plataforma.
Além disso, após assumir o controle da rede social, o bilionário baniu a conta de diversos jornalistas americanos, principalmente figuras ligadas à cobertura de tecnologia e Big Techs, que se mostraram críticos de suas ações. Pouco depois, as contas foram reestabelecidas.
Casos brasileiros
O Ministério da Justiça deflagrou no dia 6 a Operação Escola Segura com ações contra a violência nas instituições de ensino. O governo rastreou 511 contas do Twitter que faziam algum tipo de apologia à violência e a discurso de ódio.
O governo pediu à Justiça a remoção de pelo menos 431 contas responsáveis por publicações de conteúdos relacionados a ataques contra escolas, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão, assim como a remoção de vídeos hostis do Tik Tok.
O Twitter chegou a comentar, por meio de uma representante no País, que as publicações sobre os massacres não violavam as regras de uso da rede social.
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