PUBLICIDADE

Por que a Microsoft continua apostando no home office?

Empresa fundada por Bill Gates ainda permite que funcionários façam 50% do trabalho em casa

PUBLICIDADE

Foto do author Bruna Arimathea

A pandemia trouxe uma série de mudanças para as gigantes de tecnologia — e fez todo mundo acreditar que, com regalias e ferramentas modernas de conexão, o trabalho remoto poderia funcionar para sempre. Mas supostos aspectos de comunicação e segurança inverteram a lógica e, agora, boa parte dessas companhias exigem o retorno presencial de seus funcionários. Mas ainda existem exceções. Dentro das gigantes do setor, a Microsoft parece ser a única disposta a manter o home office.

Recentemente, a Meta enviou um comunicado dizendo que o trabalho desenvolvido na empresa era mais “refinado” quando feito presencialmente. Já o Google também passou a exigir a presença de seus colaboradores pelo menos três vezes na semana, alegando que as ausências seriam consideradas na avaliação de desempenho individual. Amazon e Apple também exigiram a volta aos escritórios.

PUBLICIDADE

Para a Microsoft, porém, a volta para o presencial não oferece tantas vantagens assim em relação ao trabalho em casa. De acordo com Cristiane Carvalho, diretora de RH da Microsoft Brasil, todos os escritórios da empresa no mundo receberam uma diretriz para negociar com seus funcionários o que seria melhor para o dia a dia.

“Dependendo da sua função, você pode ficar 100% remoto. A gente não tem nenhum índice significativo na Microsoft que aponte que o trabalho remoto resulte em perda na produtividade”, disse Cristiane em entrevista ao Estadão.

Segundo a diretora, o acerto veio depois de pesquisas internas da empresa. Os funcionários responderam questionários durante a pandemia e, mais recentemente, opinaram sobre o que consideravam o melhor regime de trabalho.

A abordagem tranquila pode ser apoiada nos bons resultados que a empresa obteve no último ano. Em setembro de 2022, a ação da Microsoft valia cerca de US$ 232. Neste ano, os papéis são negociados por US$ 333. O último balanço financeiro da empresa, divulgado em julho, também mostrou que a receita cresceu 8% em relação ao mesmo período do ano passado. Atualmente, o valor de mercado da Microsoft é de US$ 2,4 trilhões.

Modelo de trabalho

Atualmente, os funcionários podem trabalhar remotamente em “50% do tempo”, de acordo com a empresa. Para ficar mais tempo em casa, os horários são negociados diretamente com cada gestor de área.

Publicidade

“Há uma mudança estrutural, e todos estão exercendo a flexibilidade que tinham durante a pandemia agora no mundo pós-pandêmico”, disse o presidente da Microsoft, Satya Nadella, durante uma entrevista para o 2022 All Markets Summit do site Yahoo Finance.

Google deu ultimato para funcionários voltarem a trabalhar presencialmente em junho deste ano Foto: Paresh Dave/REUTERS

O escritório do Brasil também segue as mesmas recomendações da matriz central. Por aqui, os dias de trabalho presencial não são fixos e são ajustados de acordo com cada equipe. Os prédios ficam mais cheios nas terças e quintas-feiras, em um regime em que os funcionários escolhem ir de duas a três vezes por semana.

Cerca de 35% da empresa no Brasil trabalha totalmente em regime remoto, principalmente em áreas que não abrangem os três escritórios que a Microsoft tem em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

“Tem um aspecto de significado do trabalho, das interações sociais. A gente tem muita preocupação nisso: porque pedir para vir? Vir para fazer o quê? Essa questão é mais importante do que quantas vezes ou a frequência (com que o colaborador comparece)”, explicou Cristiane.

‘Fim’ da pandemia

A preocupação de muitas empresas em relação ao trabalho remoto veio depois de uma euforia de parte dos trabalhadores com a diminuição de “obrigações”: não era mais necessário se deslocar para o trabalho, pegar trânsito ou mesmo se vestir formalmente na hora de trabalhar. Mas algumas coisas também foram notadas após esse período.

Os anos de pandemia evidenciaram, para algumas companhias, algumas dificuldades na comunicação. Outras viram o engajamento diminuir durante os anos. A segurança de dados também entrou em pauta: para muitas delas, é mais fácil ter o controle do que entra e sai da companhia se seus colaboradores estiverem trabalhando presencialmente.

De acordo com Cristiane, a Microsoft fez uma escolha. A empresa preferiu manter a flexibilidade do que obrigar os funcionários a encararem uma situação de trabalho que talvez não fosse mais a ideal.

Publicidade

A medida não deve ser permanente a longo prazo, mas não tem prazo de validade por enquanto. É possível que, enquanto a empresa refletir índices de crescimento, seja mais fácil negociar certa flexibilidade com os funcionários. Por enquanto, porém, a boa onda permite que a escolha seja continuar o que a pandemia trouxe como o “novo normal”.

“Nós pensamos qual era a equação e o que a gente estaria disposto a sacrificar ou não (para a volta ao presencial). A gente tinha uma premissa que a nossa cultura e esse diálogo e confiança entre os funcionários permitiria chegar em um acordo bom para todas as partes”, afirmou Cristiane.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.