Presidente executivo do WhatsApp, Jan Koum vai deixar o Facebook

Executivo também deixará vaga no conselho da rede social; segundo reportagem do 'The Washington Post', Koum parte após discordar de decisões quanto à privacidade dos usuários do aplicativo de mensagens

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Jan Koum, fundador e presidente executivo do WhatsApp Foto: Reuters

O presidente executivo e cofundador do WhatsApp, Jan Koum, anunciou na tarde desta segunda-feira, 30, que está deixando o Facebook. Koum, que criou o WhatsApp com Brian Acton em 2009 e o vendeu ao Facebook por US$ 19 bilhões em 2014, permanecia à frente do aplicativo. Ele também vai deixar seu assento no conselho de administração da rede social.

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Em uma publicação em sua página no Facebook, Koum disse que quer usar seu tempo livre para interesses fora da tecnologia -- no entanto, uma reportagem do jornal americano The Washington Post alega que ele está deixando a empresa por discordar da postura do Facebook para tentar enfraquecer a proteção dos dados de usuários do WhatsApp e monetizar seus recursos.

"Faz quase uma década que eu e o Brian começamos o WhatsApp e foi uma jornada incrível, mas é hora de ir em frente", disse Koum em sua página. "Estou deixando a empresa em um momento em que as pessoas estão usando o WhatsApp de um jeito que eu não poderia imaginar." O executivo não revelou em que data sairá da empresa, mas sua partida significa que nenhum dos criadores originais do aplicativo permanecerá à frente dele - Acton deixou o Facebook em novembro do ano passado. 

Em seu texto, o executivo disse que vai usar seu tempo livre para fazer coisas que gosta fora do mundo da tecnologia, como "colecionar Porsches e jogar frisbee". Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook, comentou a publicação. "Vou sentir falta de trabalhar com você e das coisas que me ensinou, incluindo o valor da criptografia e seu poder para retirar o poder de sistemas centralizados e colocá-lo na mão das pessoas", disse Zuckerberg. "Esses valores estarão sempre no coração do WhatsApp."

O anúncio acontece ainda um dia antes da F8, conferência anual de desenvolvedores realizada pelo Facebook - o evento acontece entre terça e quarta-feira em San José, Califórnia. Após o anúncio da saída de Koum, as ações do Facebook entraram em queda na bolsa de valores Nasdaq, fechando o pregão desta segunda-feira em baixa de 0,92%. 

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Discordâncias. Segundo a reportagem publicada pelo Washington Post, Koum era um defensor da privacidade dos usuários no WhatsApp, algo que vinha sendo questionado pela direção do Facebook - hoje, apesar de ter 1,5 bilhão de usuários em todo o mundo (120 milhões deles no Brasil) , o WhatsApp não fatura um centavo. Vale lembrar ainda que o WhatsApp foi a aquisição mais cara do Facebook em sua história.

Ao vender sua empresa para o Facebook em 2014, Koum o fez com a promessa de que o Facebook não deveria interferir ou tentar obter dados dos usuários do aplicativo de mensagens. De lá para cá, porém, não foi isso que aconteceu: o Facebook já fez diversas alterações nos termos de uso do WhatsApp e tem utilizado, por exemplo, os números de celular dos usuários do app de mensagens, identificando-os com suas contas do Facebook para sugestão de amigos na rede social. 

A relação entre as duas plataformas tem sido investigada pelas autoridades - no ano passado, a União Europeia aplicou uma multa de US$ 122 milhões ao Facebook por fazer "promessas enganosas" para que a aquisição do WhatsApp fosse aprovada pelas autoridades regulatórias do Velho Continente. 

De acordo com a publicação, a decisão de Koum já havia sido tomada antes da revelação do escândalo da consultoria Cambridge Analytica, que teve acesso ilegal a dados de 87 milhões de usuários do Facebook, a partir de um quiz feito pelo pesquisador Aleksandr Kogan. O escândalo, porém, serviu para aumentar o clima de insatisfação dos funcionários do WhatsApp dentro do Facebook -- hoje, o aplicativo é administrado por uma equipe com cerca de 300 pessoas. 

Citando fontes familiarizadas com o assunto, a reportagem do Washington Post diz ainda que diversos funcionários do WhatsApp pretendem deixar a empresa nos próximos meses - mais especificamente, em novembro, quando poderão ter direito a vender as ações que possuem do Facebook. 

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Brian Acton, que deixou o WhatsApp em novembro de 2017, foi uma das principais vozes do mundo da tecnologia a se levantar contra o Facebook após o escândalo. Em um tuíte feito em 21 de março, ele conclamou as pessoas a deixarem a rede social. "É hora #deletefacebook", escreveu o cofundador do WhatsApp na época - desde que deixou o Facebook, ele tem participado de grupos em defesa da privacidade e até financiou um deles, o Signal, conhecido por seu forte uso de criptografia.

*O repórter viajou a convite do Facebook

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