Nas últimas semanas, o governo dos Estados Unidos e o TikTok estão travando uma verdadeira batalha a respeito da permanência e operação do aplicativo de vídeos curtos no país. Enquanto o governo americano faz duras críticas à privacidade e proteção dos dados da plataforma — que a China teria acesso, segundo autoridades — o app é um dos mais populares entre os adolescentes e está presente na rotina de muitos jovens do país.
Para tentar reverter o possível banimento do app nos EUA, anunciado pelo presidente Donald Trump no final da semana passada, a Microsoft entrou no páreo para tentar comprar a operação da plataforma em parte da América do Norte, Austrália e Nova Zelândia. O negócio foi "pré-aprovado" em conversas entre entre o presidente da Microsoft, Satya Nadella, e Trump, e o Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS), que analisa a possível transação, estipulou o prazo de até 15 de setembro para a conclusão do negócio.
O prazo, porém, e a forma como as decisões foram conduzidas pelas autoridades americanas não agradaram investidores da ByteDance, dona do TikTok, que, além de negar as acusações relacionadas ao compartilhamento de informações com o governo chinês, também se mostrou disposta a processar o governo americano.
Entenda como tudo aconteceu:
>> Antes mesmo da declaração de Trump sobre banir o TikTok, a agência de notícias Bloomberg reportou, em 31 de julho, que uma negociação entre a plataforma chinesa e a Microsoft poderia estar em andamento, para garantir a continuação da operação nos EUA. Segundo fontes, o presidente americano já planejava pedir a negociação, depois de meses de críticas ao app.
>> Um dia depois, em 1º de agosto, Trump anunciou que iria assinar uma ordem executiva para banir o aplicativo TikTok dos Estados Unidos. A proibição seria o ápice das preocupações dos EUA quanto à segurança dos dados pessoais de usuários do TikTok. "Com relação ao TikTok, vamos bani-lo dos Estados Unidos... Vou assinar o documento amanhã", disse Trump a repórteres no Air Force One.
>> Na China, a possibilidade do acordo não foi vista com bons olhos pelos investidores, que desejavam manter o controle do app com a empresa do país. "Isso absolutamente não faz sentido. A Bytedance é uma vítima inocente da loucura da política e da geopolítica. É um resultado triste para a Bytedance, para o capitalismo empreendedor e para o futuro do comércio global", disse Fred Hu, presidente do Primavera Capital Group, investidor da ByteDance e um dos investidores privados mais conhecidos da China.
>> O próprio fundador da ByteDance, Zhang Yiming, garantiu que ainda não foi encontrada uma solução final para a venda de seu negócio nos Estados Unidos a uma empresa americana. Em uma carta interna aos funcionários da empresa, Zhang disse que ByteDance não está “de acordo com a decisão” de vender a filial estadunidense - imposta por Washington - já que “sempre se comprometeram a proteger os dados dos usuários e manter a neutralidade e transparência” do TikTok.
>> Enquanto isso, o governo americano e a Microsoft já trabalhavam em estabelecer regras para a transação, como um prazo para que o negócio fosse concluído. O Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS), deu prazo de até 15 de setembro para que as empresas tentassem um acordo para o futuro do app nos EUA. Além das operações nos EUA, a Microsoft estaria, também, visando comprar a operação global da plataforma.
>> Mas o negócio não ficou apenas na mira dos interesses de segurança de dados e privacidade. Em uma coletiva realizada no último dia 3, Trump afirmou que, na negociação, uma "parte significativa do dinheiro" deveria ser destinada ao Tesouro dos Estados Unidos, já que o país estava viabilizando que a transação pudesse ocorrer e, por consequência, a permanência da plataforma. O interesse, porém, pode ir contra leis americanas e gerar contestações jurídicas.
>> No aumento das tensões entre EUA e China, que regem as negociações no conflito de interesses, Trump, anunciou proibições para transações no país com os proprietários chineses do aplicativo de mensagens WeChat e do TikTok. Os decretos anunciadas nesta quinta-feira, 6, vieram após o governo Trump sinalizar nesta semana um maior esforço para eliminar aplicativos chineses “não confiáveis” das redes digitais dos EUA, chamando os apps de “ameaças significativas”.
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