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Starship, foguetão de Elon Musk, voa no espaço, mas explode na volta à Terra em seu 3º teste

Lançador Super Heavy e a nave principal não conseguiram pousar corretamente

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Foto do author Bruno Romani
Foto do author Bruna Arimathea
Atualização:

Em seu aniversário de 22 anos, a SpaceX lançou nesta quinta-feira, 14, o terceiro teste de voo do Starship, super foguete da empresa de Elon Musk. Após realizar um voo quase completo em volta da Terra, o maior foguete da história a ir ao espaço explodiu no retorno para o planeta, a cerca de 72 km da superfície.

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O foguete, que pesa 5 mil toneladas, foi lançado às 10h25 (horário de Brasília). Ele decolou e se separou com sucesso do lançador Super Heavy dois minutos depois. O estágio principal, chamado de Starship, entrou em órbita e iniciou o processo de volta à Terra, quando perdeu sinal. No total, o voo teve duração de 49 minutos.

O lançador Super Heavy voltou à Terra, mas precisou ser detonado a poucos quilômetros do chão. Já a nave principal atingiu 234 km, entrando em órbita e realizando a trajetória programada para descer até o Oceano Índico. A transmissão perdeu sinal a cerca de 72 km da Terra e alguns minutos depois a companhia confirmou que perdeu o foguete - ainda não há detalhes sobre o que causou o problema.

Musk, dono da SpaceX, ainda não se pronunciou sobre o teste. Após a conclusão do texto, ele apenas escreveu no X (antigo Twitter): “O Starship vai tornar a vida multiplanetária”.

Veja o momento em que a nave começou a voltar à Terra até perder o sinal.

O voo foi realizado a partir da base da empresa, em Boca Chica, no Texas, e a nave não tinha tripulação nem carga no teste. Esse foi o terceiro teste completo do Starship desde o ano passado, quando começaram os lançamentos com todo o equipamento — o foguete e o propulsor chamado Super Heavy, com 33 motores.

Como foi o voo desta quinta

Nesta quinta, o foguete parecia mais potente do que nos voos anteriores. Ele atingiu em apenas 2 minutos a mesma altitude, 39 km, do primeiro voo, que chegou no mesmo patamar em quatro minutos e explodiu na sequência. Em três minutos, a nave atingiu 90 km de altitude, mesmo ponto onde o segundo voo foi terminado, após nove minutos.

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Starship, da SpaceX, fez seu terceiro teste de voo nesta quinta-feira, 14 Foto: Reprodução/X/@spacex

Um dos problemas do segundo voo, a separação entre o lançador Super Heavy e a nave Starship, foi superado com sucesso. O lançador se posicionou para voltar à Terra, enquanto os motores do Starship foram acionados. A separação ocorreu com 2 minutos e 44 segundos a uma altitude de 70 km.

Na sequência, ocorreu um dos fracassos da missão: o Super Heavy foi detonado a alguns quilômetros da superfície e não conseguiu completar o voo - posteriormente, o componente será reutilizável, como os lançadores do foguete Falcon 9. Já nave principal conseguiu voar no espaço, voltou à atmosfera, mas perdeu sinal a 72 km da superfície, o que significa que a missão não foi realizada com 100% de sucesso.

A empresa ainda não se pronunciou sobre o que deu errado na reentrada da nave na Terra. Musk também se limitou a dizer que o Starship vai “tornar a vida interplanetária possível”.

Starship decolou com sucesso  Foto: Chandan Khanna/ AFP

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Ainda assim, a equipe da SpaceX parecia empolgada por coletar dados novamente, como aconteceu nas missões anteriores. Antes do voo, a empresa postou em seu site: “O terceiro teste de voo visa aproveitar o que aprendemos com os voos anteriores e, ao mesmo tempo, tentar uma série de objetivos ambiciosos, incluindo a queima bem-sucedida da subida de ambos os estágios, a abertura e o fechamento da porta de carga útil da Starship, uma demonstração de transferência de propelente durante a fase de costa do estágio superior, o primeiro reacendimento de um motor Raptor no espaço e uma reentrada controlada da Starship”.

Reveja a transmissão.

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Voo realizou progressos em relação a tentativas anteriores

Em seu primeiro teste, o foguete decolou em abril do ano passado, mas explodiu a quatro minutos depois do lançamento, a 39 quilômetros de altitude, por vazamento do propelente na parte traseira do propulsor Super Heavy, o que eventualmente cortou a conexão com o computador de voo principal do veículo. Segundo a Space X, isso levou a uma perda de comunicações com a maioria dos motores do propulsor e, finalmente, do controle do veículo.

À época, a explosão trouxe danos à região texana, fazendo “chover sujeira” em uma cidade próxima à decolagem, a 10 km do lançamento. O incidente chegou também a provocar um incêndio florestal, gerando uma investigação ambiental nos EUA.

Voo do Starship nesta quinta, 14 Foto: Chandan Khanna / AFP

Para voar novamente, a Space X teve de cumprir com 63 exigências feitas pela administração federal de aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) após a explosão. As mudanças incluíam uma relacionada ao processo de separação das naves, no qual o segundo estágio, a própria nave Starship, liga seus motores durante o mesmo processo de separação, e não depois, visando a obter mais potência.

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Se tudo ocorresse como o planejado, o voo do Starship duraria 90 minutos, atingindo a órbita da Terra e dando uma volta quase completa ao redor do planeta. A finalização ocorreria nas águas do Oceano Índico, a alguns quilômetros do litoral da Austrália.

Já na segunda tentativa, os 33 motores do Super Heavy, o primeiro estágio, funcionaram com sucesso, ao contrário do primeiro voo. Às 10h05, o foguete ultrapassou 39 km de altitude, ponto no qual explodiu anteriormente. Às 10h06, o primeiro estágio se separou com sucesso, mas explodiu na sequência - ele deveria voltar e pousar na Terra.

O segundo estágio prosseguiu viagem, mas perdeu sinal com cerca de 9 minutos, após o desligamento dos seus motores, algo programado para a realização do voo em órbita. Engenheiros da companhia comemoraram, porém, o voo do propulsor, que alçou a nave Starship a até 90 km de altitude. O teste também tornou o Starship o maior foguete da história a entrar em órbita.

O objetivo do bilionário é utilizar o foguete para, em 2025, levar a tripulação da agência especial americana (a Nasa) à Lua, em primeira missão. A longo prazo, no entanto, o plano do bilionário é utilizar a nave para transportar carga e pessoas para Marte.

Decolagem do Starship com o lançador Super Heavy nesta quinta  Foto: Chandan Khanna/ AFP

Conheça o foguete Starship

O Starship é o foguete reutilizável mais potente desenvolvido pela Space X. O objetivo é levar a Humanidade à Lua e, depois, à Marte, cuja viagem deve durar US$ 10 milhões e US$ 60 milhões. A companhia diz que o foguete pode ser utilizado para transporte de até 150 toneladas de carga na Terra, com viagens de até uma hora e meia para qualquer parte do mundo.

“A Starship poderá transportar até 100 pessoas em voos interplanetários de longa duração”, diz em seu site a Space X sobre a espaçonave. “A Starship também ajudará a possibilitar a entrega de satélites, o desenvolvimento de uma base lunar e um transporte ponto a ponto aqui na Terra.”

O Starship é apelidado de “foguetão” porque é muito maior que o antecessor da Space X, o Falcon 9, de 70 metros. O irmão mais novo, no caso, mede 120 metros de altura, tem 9 metros de diâmetro e pesa 1,3 mil toneladas.

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A espaçonave traz o propulsor Super Heavy (de 69 metros de altura), responsável por levar o Starship até a órbita da Terra em cerca de 170 segundos. O lançador traz 33 motores Raptor, com empuxo de 72 meganewtons (o dobro do motor da Falcon 9, o Merlin). Assim como a nave principal, o lançador pode ser reutilizado para novos voos.

Já a nave Starship tem altura de 50 metros, é equipada com três motores Raptor e mais três motores Raptor Vacuum, modelo com escape maior para maximizar a eficiência no espaço. O veículo traz também um tanque de metano líquido e outro tanque de oxigênio líquido para combustão.

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