O primeiro voo do foguete mais poderoso da história, o Starship, da empresa aeroespacial SpaceX, foi cancelado. A companhia havia confirmado que o lançamento ocorrerá nesta segunda-feira, 17, a partir das 9h (horário de Brasília). O cronograma atrasou e indicava que o lançamento ocorreria por volta das 10h20.
Porém, 15 minutos antes do lançamento, após os tanques terem sido abastecidos, a SpaceX detectou um problema de pressurização em um dos lançadores. A companhia manteve todos os testes no chão mesmo sem o voo para coleta de dados. Uma nova data para o voo ainda não foi confirmada, mas a janela de lançamento é de, no mínimo, 48 horas - Musk afirmou que uma nova tentativa será feita em alguns dias.
O primeiro voo orbital do foguete é componente essencial do plano do bilionário Musk para iniciar a colonização do planeta Marte. A ideia é que ele possa levar astronautas tanto para a Lua quanto para o planeta vermelho. Acompanhe abaixo a tentativa de teste.
A confirmação da permissão de voo foi dada pelas autoridades na sexta, 14. Em maio de 2021, um protótipo da Starship fez lançamentos e pousos bem-sucedidos. Para isso, foram necessárias quatro tentativas que acabaram em explosões, posteriormente investigadas pelas autoridades. Segundo Musk, a SpaceX planeja produzir cinco foguetes Starship neste ano. Ele tem 120 metros de altura e capacidade para transportar até 100 pessoas.
Esta primeira missão do Startship, porém, não levará pessoas nem carga. O objetivo do lançamento é fazer um teste dos motores e também a capacidade de fazer um pouso controlado.
“Não estou dizendo que vai entrar em órbita, mas garanto emoção. Então, não vai ser chato!”, disse Musk, em uma conferência do Morgan Stanley, em março. “Então, acho que temos, com sorte, cerca de 80% de chance de atingir a órbita este ano. Provavelmente, levará mais alguns anos para alcançar a reutilização completa e rápida.”
O lançamento do Starship será feito em uma base da SpaceX na vila de Boca Chica, localizada no sul do Texas, nos Estados Unidos.
Como funciona o lançamento?
No lançamento, a Starship deve se desprender da base principal, que vai ser recuperada pela equipe, segundo a SpaceX. Após o movimento, o foguete segue ganhando altitude até seu destino final. O sistema é parecido com o usado pelo foguete Falcon 9, que colocou em órbita de forma inédita civis, em 2021.
Os motores funcionam por seis minutos, dois no ar e quatro na volta para a Terra e, em futuros lançamentos, eles poderão ser reutilizados em até três lançamentos por dia, de seis em seis horas.
Para que serve o Starship?
Inicialmente, o Starship deve ser usado em missões na órbita da Terra e da Lua. O plano audacioso de Musk prevê usar o foguete para criar um mercado de turismo espacial. Uma viagem ao planeta Marte deve custar entre US$ 10 milhões e US$ 60 milhões.
Assim como outros foguetes da SpaceX, o Starship foi projetado para ser reutilizável, o que reduz consideravelmente os custos de missões espaciais. O novo foguete foi feito para ser lançado em cima do Super Heavy, um lançador gigante que compõe grande parte do tamanho total de 120 metros do Starship.
A Nasa prevê o uso do novo foguete para transportar astronautas tanto à órbita quanto à superfície da Lua.
Quais os desafios enfrentados pela Starship?
Musk falou sobre as dificuldades que a SpaceX enfrentou no desenvolvimento dos motores “Raptor 2″ para seu foguete Super Heavy. Ele citou, por exemplo, problemas com o derretimento dentro das câmaras de propulsão dos motores devido ao calor intenso.
Para chegar ao planeta Marte, a SpaceX tem desafios severos. A viagem tem duração de 6 meses e são necessários 14 satélites em órbita para ajudar na navegação.
A SpaceX quer utilizar um sistema de reabastecimento em órbita, para reabastecer a espaçonave Starship na órbita baixa da Terra antes de partir para Marte. O reabastecimento em órbita permite o transporte de até 100 toneladas até Marte. E como a nave tem alta capacidade de reutilização, o custo primário é o do propelente, e o custo do oxigênio e do metano é extremamente baixo.
Para o pouso, requer uma placa térmica protetora, e por mais que a proteção da Starship seja pronta para múltiplas entradas em atmosferas, ainda é esperado que existam danos causados na película protetora já que a atmosfera do planeta age de maneira diferente da do planeta Terra.
Por fim, a Starship enfrenta obstáculos terráqueos, como o impacto ambiental de sua construção e lançamento. O próprio futuro da instalação de teste e produção em Boca Chica está em jogo em uma avaliação de impacto ao meio ambiente que está em andamento pela Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês).
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