Pressionado na disputa com a OpenAI, dona do ChatGPT, o Google focou em novos recursos de inteligência artificial (IA) em seu principal evento para o Brasil nesta terça, 27. No Google for Brasil, a companhia apresentou novas ferramentas voltadas para turismo, prevenção de desastres e educação - no entanto, a chegada ao País do Bard, concorrente do ChatGPT já disponível nos EUA, não aconteceu.
Dois anos após apresentar no exterior um recurso que permite a visão de ambientes internos, como museus e aeroportos, a companhia estreou por aqui a Visualização Imersiva. Por meio de uma IA que funde bilhões de imagens do Google Maps, o Google consegue criar representações tridimensionais de ambientes turísticos nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Fortaleza.
Leia também
Além disso, será possível ter a visão interna do Aeroporto de Guarulhos, o que cria uma espécie de “Google Street View” interno, fundindo imagens e indicando localizações por meio de realidade aumentada na tela do celular. A companhia prometeu recurso similar para estações do metrô de São Paulo, como Paraíso e Palmeiras-Barra Funda.
Para a prevenção de desastres, o Google anunciou que usuários do Android que estiverem com suas notificações ligadas e localizados próximos das regiões impactadas por inundações ribeirinhas começarão a receber alertas em tempo real e previsão no celular. A gigante afirma que o sistema usa IA e dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) para emitir alertas em tempo real e previsão de enchentes para mais de 80 localidades no País.
Em abril, o Google anunciou uma colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisa e Espaciais (INPE) para testar uma ferramenta de IA que combina dados de imagens de satélite para fazer detecção de incêndios em estágio inicial. Os alertas já começaram a ser emitidos em caráter de teste para o INPE.
Além disso, a companhia revelou uma parceria com o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) para ajudar a criar modelos de IA capazes de prever a hora exata de uma chuva ou tempestade para a cidade do Rio de Janeiro.
“A IA sempre esteve aqui no Google nos últimos 6 ou 7 anos. Os grandes modelos de linguagem mudaram bastante o cenário e tudo está só no começo”, disse na apresentação do evento Fábio Coelho, presidente do Google no Brasil. O executivo repetiu o refrão cantando globalmente pelo comando da gigante de que a tecnologia precisa de uso responsável - é uma referência à OpenAI, que é criticada por supostamente liberar modelos de IA de forma apressada e pouco testada.
O evento reforçou a nova postura da empresa de revelar descobertas em IA apenas quando já estiverem em produtos - a gigante passou a frear a publicação de artigos científicos de seus pesquisadores para tentar frear o avanço de rivais em IA.
IA na educação
Durante o evento, foi anunciado o lançamento do recurso Série de Exercícios para o Google Classroom. Essa nova ferramenta, prevista para o segundo semestre de 2023, utiliza IA para oferecer aos educadores um recurso digital de tutoria, com o objetivo de melhorar as metodologias de ensino, oferecendo tarefas interativas e suporte personalizado para cada aluno.
O Google Classroom é uma plataforma online que permite aos professores gerenciarem atividades e interagirem com os alunos. Com o Série de Exercícios, os professores também têm a possibilidade de criar ou selecionar uma pergunta, e a ferramenta, com auxílio da IA, recomendará uma habilidade específica para o aluno explorar. Com base nessas habilidades selecionadas, os estudantes receberão dicas caso encontrem dificuldades na matéria, proporcionando um suporte individualizado.
Os alunos também terão acesso a feedback imediato sobre as atividades, e os educadores vão poder automatizar processos de avaliação, além de identificar facilmente conceitos que necessitam de revisão para fornecer dicas e recursos integrados para auxiliar os estudantes durante as tarefas.
O Série de Exercícios possui uma seção integrada de recursos, que inclui cartões de habilidade e tutoriais em vídeo. A ferramenta também disponibiliza o Screencast no ChromeOS, possibilitando que estudantes e professores gravem, editem, transcrevam e compartilhem aulas e apresentações.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.