O TikTok, rede social de vídeos curtos, negou nesta terça-feira, 26, durante audiência no Congresso americano ter dado informações ao governo chinês e disse ter tomado medidas para proteger os dados dos EUA. Segundo Michael Beckerman, chefe de políticas públicas do TikTok para as Américas, o app não repassa nem dá acesso ao governo chinês para consultar informações obtidas pela plataforma.
A senadora Marsha Blackburn, principal republicana do subcomitê de Proteção ao Consumidor, Segurança de Produtos e Segurança de Dados do Comitê de Comércio do Senado, que realizou a audiência, disse estar preocupada com a coleta de dados do TikTok, incluindo áudio e localização do usuário, e o potencial acesso do governo chinês para obter as informações.
Blackburn disse que o governo da China tem uma participação financeira na ByteDance, empresa-mãe do TikTok, e um assento no conselho, o que Beckerman negou. O executivo também disse que pesquisadores externos descobriram que o TikTok coletou menos dados sobre os usuários do que empresas da indústria de tecnologia semelhantes.
Beckerman testemunhou que os dados de usuários do TikTok nos EUA são armazenados nos Estados Unidos, com backups em Singapura. "Temos uma equipe de segurança com sede nos EUA de renome mundial que lida com o acesso", disse Beckerman.
O senador republicano John Thune sugeriu, durante a audiência, que o TikTok talvez utilize ainda mais algoritmos de conteúdo do que o Facebook, já que o aplicativo é famoso por aprender rapidamente o que os usuários acham interessante e oferecer esses tipos de vídeos — a aba 'For You', que abriga o algoritmo, é considerada a chave do sucesso do app.
Beckerman disse que o TikTok estaria disposto a fornecer as políticas de moderação de algoritmo do aplicativo para que o painel do Senado revisasse por meio de especialistas independentes.
O ex-presidente republicano Donald Trump tentou barrar o TikTok das lojas de aplicativos dos EUA, dizendo que a plataforma coletava dados de usuários americanos e repassava para o governo da China , representando uma ameaça à segurança nacional dos EUA. O presidente democrata Joe Biden posteriormente revogou o plano de Trump, mas buscou uma revisão mais ampla de vários aplicativos controlados por estrangeiros.
Transparência e uso de dados de crianças e adolescentes
Em junho, o TikTok adicionou uma nova sessão que afirmava que o aplicativo poderia coletar dados de identificação e informações biométricas, o que incluía "impressões faciais e de voz". Questionado se o aplicativo estaria criando uma espécie de dossiê virtual dos usuários, incluindo dados de crianças de adolescentes, Beckerman respondeu que o “TikTok é uma plataforma de entretenimento onde as pessoas assistem, curtem e criam vídeos curtos. É sobre conteúdo edificante e divertido”.
Além da questão de segurança internacional, também há a preocupação com a transparência dos termos de uso do aplicativo, principalmente no que tange o motivo do TikTok coletar informações como localização, modelo do celular, histórico dentro e fora do aplicativo, mensagens enviadas dentro dele, endereço de IP e dados de biometria. Beckerman respondeu que alguns desses itens não são coletados e, se passarem a ser, a política de uso será atualizada. Também em junho, o TikTok havia negado explicar a atualização que pedia a coleta de dados biométricos do usuário.
A senadora Cynthia Lummis também questionou se o aplicativo havia sido construído para manter os usuários conectados pela maior quantidade de tempo possível. Beckerman respondeu que o aplicativo tem lembretes para fazer uma pausa e controle de gerenciamento de tela para os pais.
Porém, pressionado pela senadora se o aplicativo utiliza o tempo de tela como uma métrica relevante, o executivo desviou do assunto, afirmando que há várias definições de sucesso e que ele não é delimitado pelo tempo que alguém passa no Tik Tok. “Acho que muitas plataformas verificam quanto tempo as pessoas estão gastando no aplicativo”, afirmou. “O envolvimento geral é mais importante do que a quantidade de tempo que está sendo gasto.” /COM REUTERS
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