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Twitter tem queda em receita e culpa Musk por mau desempenho

Empresa divulgou seu balanço financeiro nesta sexta-feira, 22, com aumento de usuários mas prejuízo estimado em US$ 270 milhões

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Batalha judicial entre Twitter e Musk deve acontecer na Corte de Delaware Foto: Dado Ruvic/Reuters - 28/4/2022

Depois da novela com Elon Musk, o Twitter não passou ileso em seu balanço financeiro referente ao segundo trimestre de 2022. A empresa afirmou, nesta sexta-feira, 22, ter registrado prejuízo líquido de US$ 270 milhões e uma queda de 1% na receita total — e culpou o bilionário pela perda no período fiscal.

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O resultado reverte o lucro de US$ 66 milhões apurado em igual período de 2021, diante de um cenário macroeconômico que afetou negativamente o setor de publicidade. Mas o Twitter não hesitou em atribuir o prejuízo diretamente à desistência de compra da plataforma por Musk. De acordo com a empresa, o resultado pode ser atribuído pela “incerteza relacionada à aquisição pendente do Twitter por uma afiliada de Elon Musk”.

O número de usuários, porém, viu um crescimento de 16,6% e agora soma 237,8 milhões de contas monetizáveis. A métrica é especialmente considerada pelo Twitter por se tratar de contas autênticas e está no centro da divergência entre Musk e a companhia, que agora brigam na Justiça pelo futuro da rede social.

Ainda segundo o balanço, a receita da companhia caiu 1% na comparação anual dos três meses encerrados em junho, a US$ 1,18 bilhão. O valor também frustrou a projeção do mercado, que era de US$ 1,32 bilhão.

Ainda no pré-mercado da Bolsa americana, o Twitter já registrava queda de cerca de 1% nas ações. Nesta quinta-feira, 21, os papéis da empresa fecharam com baixa de 0,2%.

“As ações continuarão a ser negociadas por um valor considerado justo juntamente com as chances de um acordo com Musk à medida que o processo judicial em Delaware se aproxima, em outubro", explicou Dan Ives, analista da consultoria americana WedBush. "Acreditamos que o Twitter tem uma clara vantagem, legalmente falando, já que Wall Street agora está considerando, no mínimo, um grande acordo em dinheiro de Musk no valor das ações ou ainda compra o Twitter se o tribunal de Delaware sustentar o acordo".

O Twitter informou também que não vai fornecer as expectativas financeiras para o próximo trimestre por conta do processo judicial com Musk, que tramita na Corte de Delaware. Uma reunião com investidores, que costuma acontecer logo após a divulgação do relatório financeiro para informar o guidance, foi cancelada pela empresa.

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Dificuldade para crescer

Ao contrário dos rivais Instagram e TikTok, o Twitter tem enfrentado dificuldades para crescer nos últimos anos, sem grandes novidades para atrair novos usuários para a plataforma.

A expectativa de investidores era que a aquisição com Elon Musk pudesse catapultar a companhia, que se tornaria de capital fechado para conseguir criar novas formas de monetização, segundo o bilionário.

A desistência de comprar o Twitter, porém, deixa a empresa em um cenário delicado. Segundo analistas, a disputa judicial é incerta e é arriscada para investidores, que têm de esperar a decisão da Justiça para conhecer os novos rumos da empresa.

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Julgamento

O processo, movido pelo Twitter, visa forçar Musk a concluir a compra da rede social. A oferta feita por Musk pela plataforma, em abril deste ano, é de US$ 44 bilhões, ou US$ 54,20 por ação — um dos pedidos do Twitter nos documentos é que o valor seja mantido. 

Do outro lado, Musk tenta se livrar do acordo de compra e da multa rescisória de US$ 1 bilhão, que o contrato estipula que ele pague em caso de desistência do negócio. Assim como para a compra, o argumento do bilionário para não receber a multa é que o Twitter não foi transparente ao informar sobre o número de contas inautênticas presentes na plataforma. 

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A questão tem sido uma peça chave para Musk em todo o desenrolar do acordo com o Twitter. Enquanto a rede social afirmou que possui, no máximo, 5% de contas consideradas “spam”, especialistas dizem que o número de perfis do tipo podem chegar a 20% dos 229 milhões de usuários ativos mensais. 

A equipe de Musk pediu para que o Twitter fornecesse dados para sua própria investigação sobre o assunto, e alegou que a plataforma não ofereceu informações suficientes para concluir uma pesquisa independente. Ao final, o time responsável pela verificação afirmou que não era possível comprovar o número de contas inautênticas com base nos dados divulgados pela rede social. 

Musk oficializou a desistência da compra do Twitter em 8 de julho, após enviar uma carta para a empresa, assinada por seus advogados, explicando que a quebra de contrato não possibilitou que o negócio fosse adiante. Em 12 de julho, o Twitter entrou com uma ação na Corte de Delaware para processar o empresário pelo abandono da compra./COLABOROU ANDRÉ MARINHO 

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