A empresa de transporte por aplicativo Uber anunciou nesta segunda-feira, 18, que está cortando mais 3 mil vagas em todo o mundo, por conta da redução de suas atividades devido à pandemia do novo coronavírus.
Segundo o presidente executivo, Dara Khosrowshahi, a empresa também vai fechar 45 escritórios pelo mundo, depois que o ritmo de viagens de transporte caiu 80% em março e abril, na comparação com os mesmos meses dos anos anteriores. A área de caronas da empresa era responsável por três quartos de sua receita antes do início da pandemia.
Os planos foram anunciados por Khosrowshahi em um email para os funcionários na manhã desta segunda-feira. A mensagem, revelada inicialmente pelo jornal americano Wall Street Journal, anunciou os cortes. Há duas semanas, Khosrowshahi já havia decidido pela demissão de outras 3,7 mil pessoas – o equivalente a 14% da força de trabalho do Uber. Isso significa que, em menos de um mês, a companhia perdeu mais de um quarto de seu pessoal.
"Estamos vendo sinais de recuperação, mas saindo de um buraco muito profundo. Ainda há visibilidade limitada sobre a velocidade e a forma dessa recuperação", disse Khosrowshahi. Segundo ele, o braço de entregas de refeição da empresa, o Uber Eats, tem sido um ponto positivo na crise, "mas o peso do negócio hoje não chega perto de cobrir nossos custos totais", disse.
O Uber está em conversas para adquirir o rival Grubhub, que também faz entregas de comida nos EUA. A ideia é que a aquisição ajude o Uber Eats a reduzir seus gastos excessivos e faça o novo grupo ter vantagem na competição com o atual líder desse mercado nos EUA, o DoorDash. A intenção de compra, porém, não foi mencionada por Khosrowshahi em sua carta. Em vez disso, ele falou sobre a dificuldade do momento.
"Não vou falar sobre nada com absoluta certeza para o futuro", disse ele. "Vou dizer, porém, que estamos fazendo escolhas muito difíceis agora, para ter clareza de que podemos ir além e começar a reconstruir o negócio com confiança".
Isso significa que a empresa vai reduzir investimentos em áreas não vitais, como sua incubadora de produtos e a divisão de inteligência artificial – com exceção do grupo que pesquisa carros autônomos, considerado uma prioridade para a empresa.
Também será afetado o Uber Works, que conecta profissionais em busca de "bicos" com empregadores potenciais. Segundo fontes disseram ao WSJ, os EUA serão um dos países mais impactados – a empresa vai fechar um de seus escritórios em São Francisco, que tinha mais de 500 funcionários. Na carta, o presidente executivo disse que esperou até os últimos minutos para tomar a decisão. "Eu queria ter uma resposta diferente, mas não havia boas notícias agora. Temos de esperar esse vírus ir embora."
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