Zuckerberg quis comprar Instagram para evitar competição, mostram documentos

Em troca de emails em 2012, o presidente executivo do Facebook mostrou preocupação com o crescimento da rede social rival

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Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook Foto: Tom Brenner/The New York Times

O presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg,teve a intenção de comprar o Instagram para se proteger de competição no mercado. É isso que revelam documentos apresentados nesta quarta-feira, 29, obtidos por uma investigação do Congresso dos Estados Unidos: durante uma troca de e-mails com o diretor financeiro da empresa, David Ebersman, em 2012, Zuckerberg chega a dizer que “se eles (o Instagram) crescerem em larga escala, pode ser muito prejudicial para o Facebook”. 

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Os registros da conversa em questão foram revelados durante uma audiência no Congresso americano com a participação dos presidentes executivos das gigantes de tecnologia Facebook, Amazon, Alphabet (dona do Google) e Apple. O objetivo é analisar o poder de mercado das empresas e se elas abusaram dele promovendo concorrência desleal no setor, causando danos a consumidores e concorrentes. O martelo pesado de Washington investiga há um ano as empresas por seu poderio econômico, com direito a centenas de horas de entrevistas e mais de 1,3 milhões de documentos. 

“Esses negócios estão começando ainda mas as redes são estabelecidas e as marcas já são significativas”, disse Zuckerberg na troca de emails em 2012, em referência ao Instagram e também a outra rede social, chamada Path. "Já que nosso próprio valor é bastante agressivo e que somos vulneráveis ​​em dispositivos móveis, estou curioso para saber se devemos considerar ir atrás de um ou dois deles. O que você acha?", questionou Zuckerberg em uma mensagem a Ebersman, diretor financeiro da empresa. 

Em resposta, Ebersman pediu para o presidente do Facebook explicar a motivação por trás dessas possíveis aquisições — ele listou quatro possíveis razões consideradas em geral para comprar empresas e pediu a Zuckerberg sua opinião para o caso em questão. Zuckerberg respondeu que tratava-se de uma combinação de evitar competição e melhorar o Facebook. “Há um efeito de rede em torno de produtos sociais e um número finito de diferentes mecanismos sociais para inventar. Quando alguém ganha em uma mecânica específica, é difícil para outros substituir sem fazer algo diferente. "

Discussões na audiência

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Durante a audiência desta quarta, o deputado democrata Jerry Nadler, de Nova York, afirmou que a aquisição do Instagram pelo Facebook em 2012 desafiou leis antitruste. “Pelos documentos que temos, o Facebook via o Instagram como ameaça e, em vez de competir, o Facebook comprou a rede social. É uma aquisição do tipo que as leis de antitruste foram desenhadas para prevenir. É algo que não podia ter acontecido e não pode acontecer de novo".  

No Congresso, Zuckerberg afirmou que o Facebook sempre viu o Instagram como competidor e como complemento aos seus serviços. “Naquela época, não era óbvio que o Instagram teria o tamanho que tem hoje. Havia grandes rivais, não tinha garantia de que o Instagram seria bem sucedido. A aquisição deu certo por conta do talento dos fundadores, mas também porque investimos nessa empresa", afirmou. 

Zuckerberg também mencionou que a Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês) não se opôs à aquisição na época. Entretanto, atualmente, o cenário mudou: o órgão está hoje analisando ativamente aquisições feitas na área de tecnologia e ainda pode chegar a uma conclusão diferente. Esse cenário pode ser ainda mais diferente nos próximos meses após a eleição presidencial, uma vez que presidentes têm poder de apontar novos comissários – e tanto Donald Trump quanto Joe Biden já se mostraram a favor de regular o poder das gigantes de tecnologia. 

Aquisição do WhatsApp

Zuckerberg também disse perante o Congresso nesta quarta que o WhatsApp, comprado pelo Facebook em 2014, era "ao mesmo tempo um competidor e um serviço complementar". "Eles competiram com o Facebook na área de mensagens, que é um espaço importante", disse o presidente da rede social. 

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Em publicação no Twitter, Tim Wu, professor da Universidade de Columbia e criador do conceito de neutralidade da rede, disse que "é uma violação da Lei Sherman comprar um concorrente direto para eliminá-lo como perigo e proteger um monopólio", em referência a uma lei antitruste dos Estados Unidos. "Essa ideia parece não estar sendo bem entendida", completou. 

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