‘Estamos competindo pelo tempo dos nossos usuários’, diz executivo da Netflix

Para Erik Barmack, vice-presidente de conteúdo internacional da empresa, ter produto único não é diferencial do serviço

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Narcos, com Wagner Moura, virou um case de sucesso de produção internacional para o Netflix. Foto: AP

Responsável pelas produções internacionais da Netflix como 3%, recém-lançada no Brasil, ou Club de Cuervos, sobre futebol na América Latina, Erik Barmack diz que não vê outros produtos de streaming como competição. Ele lembrou que nos Estados Unidos, muitas pessoas têm Netflix ao mesmo tempo que Amazon e que, portanto, não são exclusivos - e o mesmo pode ocorrer ainda aqui no Brasil. 

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Erik Barmack ainda compartilhou alguns detalhes da série que a Netflix está produzindo sobre a Operação Lava Jato e comentou, diplomático: "E se você não gostar do que fizermos com a Lava Jato, é bom lembrar que temos outros programas". Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Em janeiro, o presidente da Netflix disse que o Brasil era um caso de exemplo para a expansão global da empresa. Por quê?  O Brasil tem hoje uma jovens conectados, que usam redes sociais intensamente e adoram séries de TV. Estamos no País há cinco anos e só crescemos. Algo que nos ajuda é que temos só um produto, enquanto muitas empresas de mídia estão tentando fazer muita coisa ao mesmo tempo.

Ter um produto único é o principal diferencial da Netflix, então? Não sei. Funciona para nós. Não nos vemos competindo com outros serviços. Estamos competindo pelo tempo das pessoas: se você assiste à Netflix, não está jogando games ou vendo TV. Nos EUA, muitos dos nossos assinantes também usam a Amazon e a HBO. É possível que essa situação se repita aqui. 

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O conteúdo local importa?  Bastante. Temos filmes brasileiros, comédias stand-up, estamos trazendo muita programação local porque as pessoas querem ver isso. Mas a fronteira entre o local e o global se torna mais tênue. Narcos é falada em espanhol, mas tem um diretor e um ator principal brasileiros. É uma série brasileira? Para nós, é só boa TV.

Por que começar uma série de ficção científica no Brasil? Não parece uma escolha óbvia.  Queremos fazer TV que as pessoas vão comentar. Aqui no Brasil, percebemos que nossos usuários gostam de ficção científica e de fantasia, mas não há muitas produções locais nesses gêneros. Pareceu um bom sinal. No entanto, não faríamos nada se não tivéssemos uma boa história. De qualquer forma, ficção científica é um gênero que nos deixa falar de problemas contemporâneos de forma universal, como conflito entre classes sociais e uso de tecnologia. 

Muito já se falou sobre como o Big Data é usado na Netflix. O sr. pode explicar mais sobre isso?  No lado de licenciamento, o Big Data é muito útil: podemos saber quais filmes funcionam ou não – é uma boa ferramenta para ter um catálogo cada vez mais acurado. Na produção, há muitos mitos: nenhum algoritmo determinou que nós fizéssemos Stranger Things só porque nossos usuários adoram filmes dos anos 1980. Não faríamos uma série se ela não tivesse uma boa história. O que o ‘big data’ nos dá são direções gerais – como o fato de que os brasileiros gostam de ficção científica, ajudando-nos a fazer 3%.

“Ir lá em casa ver Netflix” se tornou uma expressão popular no Brasil para um encontro a dois. Como você vê isso?  Acho muito divertido! É interessante pensar que o vídeo se tornou algo social. As pessoas querem dividir o que elas veem. E claro, não só isso (risos). 

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O Netflix trabalha em uma série inspirada na Operação Lava Jato. Como vocês pretendem contar uma história que tem tantos lados e ainda se desenrola?  Queremos explicar esse período da história, sem ser um documentário. Vamos mostrar a dinâmica do poder, mas com algum nível de objetividade. E se você não gostar do que fizermos com a Lava Jato, é bom lembrar que temos outros programas.

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