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Tudo sobre o ecossistema brasileiro de startups

Opinião | A diversidade segue longe das startups brasileiras

É importante que empresas e governo se mexam; faltam ações para levar o discurso à prática

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Foto do author Felipe Matos

Na semana passada, foram celebrados o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino e o Dia da Consciência Negra. Também na semana passada a Associação Brasileira de Startups publicou o resultado do seu mapeamento anual, que trouxe dados sobre a situação do ecossistema de novas empresas inovadoras em diversos eixos, inclusive no perfil de fundadores e funcionários. Dentre os achados, somente 10% das pessoas que fundam startups são mulheres e só 4,5% são pessoas pretas. Dos grupos de startups com mais de um fundador, apenas 1,1% tem maioria feminina. Em 19,1% das startups não há nenhuma colaboradora do sexo feminino. Em 31,2% das startups não há nenhuma pessoa preta ou parda. Em somente 8% delas, pessoas pretas compõem mais da metade, sendo elas maioria em apenas 3,5% da startups.

Um dado especial chama muita atenção: 96,8% dos entrevistados afirmam que suas startups apoiam a diversidade, mas somente 25,2% delas têm alguma ação ou processo seletivo voltado para promoção da diversidade. Ou seja, ainda faltam ações concretas para levar o discurso à prática. O mesmo pode ser falado sobre políticas públicas voltadas à inclusão no setor.

É preciso que governo e empresas se mexam para promover ações em prol da diversidade Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 13/9/2021

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Um mapeamento feito pelo Dínamo, do qual fui um dos coautores, levantou as principais ações governamentais no Brasil e no mundo voltadas à promoção da diversidade no setor de empreendedorismo e inovação. Dentre as conclusões, poucas iniciativas brasileiras estão voltadas à área de inovação. As ações são pontuais, recentes e quase não dispõem de dados sobre sua aplicação e efetividade. O estudo também mostrou que no País praticamente não há ações na área em nível nacional, com a maioria delas sendo municipais ou estaduais.

É importante que empresas e governo se mexam. Isso passa por processos de seleção mais inclusivos, não só para cargos de nível hierárquico inferior, mas também em posições de liderança. Treinar as equipes para lidar com a diversidade, evitar vieses inconscientes, estabelecer uma comunicação não agressiva e construir um ambiente seguro são passos fundamentais.

Do lado governamental, é possível inserir incentivos específicos para determinados grupos dentro das políticas públicas existentes, como estabelecendo condições especiais adicionais para o financiamento de empresas fundadas por mulheres, por exemplo. Desta forma, poderemos avançar mais rapidamente para um ecossistema mais rico, diverso e verdadeiramente inovador. 

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Opinião por Felipe Matos

CEO da Sirius, vice-presidente da Associação Brasileira de Startups e autor do livro 10 Mil Startups.

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