Escrevo esta coluna ainda impactado pela recente viagem que realizei a Macapá, no Amapá, onde tive o privilégio de participar do primeiro encontro do Startup20 - um grupo de engajamento do G20 dedicado a discutir questões cruciais para os ecossistemas de startups.
O Startup20 teve sua origem no ano passado, sob a presidência da Índia no grupo das 20 maiores potências mundiais. Com a transição da presidência para o Brasil neste ano, coube à Associação Brasileira de Startups dar continuidade aos trabalhos do grupo. O encontro, promovido em Macapá, teve o Governo do Estado do Amapá, o Sebrae e a Nomad como principais apoiadores.
Durante o evento, uma pergunta ecoava entre os participantes de todos os estados brasileiros e de 19 países: “Por que o Amapá?” para sediar esse encontro inaugural. Minha experiência pessoal naquele estado, conhecido por seu alto índice de preservação ambiental, me trouxe algumas respostas. E então, me peguei indagando: “Por que não o Amapá?” Se o protagonismo do Brasil no cenário global passa pela sua liderança em sustentabilidade e pelas vastas oportunidades na área da bioeconomia, por que não iniciar uma discussão a partir da região amazônica? Por que não incluir os habitantes da floresta nessa conversa tão crucial?
Entre os aprendizados que absorvi como um empreendedor originário do Sudeste durante minha visita, está a clara necessidade de integrar a população amazônica nas discussões sobre a Amazônia. Isso parece ser tão óbvio, mas nem sempre tem sido colocado em prática. Além disso, fiquei surpreso ao descobrir empresas de alta qualidade, algumas até recebendo investimentos consideráveis de fundos de investimento, provenientes dessa região. Um exemplo notável é a Proesc, que desenvolve um software de gestão escolar utilizado por milhares de instituições de ensino em todo o Brasil. Outro exemplo inspirador é a Tributei, que emprega inteligência artificial para automatizar processos fiscais relacionados ao ICMS.
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Acredito, firmemente, que o fomento às startups pode ser uma das chaves para o desenvolvimento sustentável da região, especialmente as startups digitais e de economia criativa, fundamentadas no conhecimento, sustentáveis e com potencial de crescimento acelerado. A pandemia deixou claro que é possível trabalhar de qualquer lugar, e essas empresas que mencionei são prova viva disso, atendendo clientes de todo o Brasil a partir do Amapá.
Em conclusão, minha jornada ao Amapá reforçou a importância de olharmos para além dos centros tradicionais de inovação e empreendedorismo. O potencial da região norte, com sua riqueza natural e capital humano, é imenso e subestimado. Ao investirmos em iniciativas como o Startup20 e ao apoiarmos o ecossistema empreendedor local, não apenas promovemos o desenvolvimento econômico, mas também contribuímos para uma visão mais inclusiva e sustentável de progresso. O futuro do empreendedorismo brasileiro está intrinsecamente ligado à capacidade de abraçar a diversidade e de reconhecer o valor em cada parte do nosso vasto território. O Amapá é apenas o começo de uma jornada que, espero, nos leve a explorar e a valorizar todo o potencial empreendedor do Brasil.
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