No segundo trimestre, o volume de investimentos em startups na América Latina foi 63% menor que mesmo período de 2022, segundo a plataforma de dados Sling Hub, refletindo o movimento de queda desse mercado. A notícia não é de todo ruim, já que, na comparação com o primeiro trimestre de 2023, houve um crescimento de pouco mais de 10% no número de rodadas.
Também cresceu o volume de investimentos feitos por corporações (Corporate Venture Capital) em mais de 80% na comparação com o trimestre anterior, na esteira da tendência crescente das iniciativas de CVCs. A venda da Pismo para a Visa por U$ 1 bilhão, que cravou mais um valuation no patamar unicórnio no Brasil, animou o mercado.
A coluna conversou com diversos analistas de investimentos e profissionais do setor e quase todos concordam que o segundo semestre será de retomada e que, ao que tudo indica, a pior fase do chamado inverno dos investimentos em startups já passou.
Dentro os setores mais quentes, estão as Fintechs, Agritechs (setor agropecuário), Retailtechs (varejo), Healthtech (saúde).
Acredito que o segundo semestre será, sim, de retomada, mas em marcha lenta, conforme o mercado vai reagindo e se adaptando ao novo cenário. Podem contribuir para essa retomada o reaquecimento da economia e a provável queda nos juros, que, quando mais baixos, tornam investimentos de risco mais atrativos.
Startups devem acima de tudo buscar manter operações financeiramente saudáveis e com geração positiva de caixa
Ainda assim, permanece tendência de valuations mais baixos e maior rigor dos fundos na avaliação das empresas. Startups devem acima de tudo buscar manter operações financeiramente saudáveis e com geração positiva de caixa. Assim, não dependem de investimentos para sobreviver e podem negociar boas condições de captação para investirem no crescimento.
Já para os fundos, o desafio está na captação de investidores para viabilizar seus aportes. Aqui, o cenário também é desafiador, já que a escassez de capital também atingiu esses investidores. Por sua vez, estes estão mais cautelosos com os investimentos de risco, ainda mais em mercados emergentes, como o Brasil. Mas bons gestores, com bom histórico, têm conseguido levantar novos fundos. Tudo indica um segundo semestre mais atrativo nesse sentido também.
Será que estamos vendo o fim do inverno dos investimentos em startups? Ao que tudo indica, parece que sim.
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