O futuro da televisão segundo o Google

Gigante tenta encontrar espaço na sala de estar para aumentar ganhos com publicidade

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Por Redação Link
Atualização:

REUTERS

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de Brian Fung, do ‘The Washington Post’

O Google está cada vez mais interessado em criar alternativas para o tradicional decodificador da TV a cabo. Milo Medin, vice-presidente de serviços de acesso da companhia, prevê que o Android TV, sistema da empresa voltado para TVs inteligentes, “finalmente criará alguma coisa” que deixará os consumidores abandonarem as caixas pretas alugadas das operadoras de TV por assinatura.

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“Temos conversado com pessoas que estão se mostrando interessadas”, disse Medin a jornalistas durante uma conferência na última quarta em Washington.

Caso o Google entre nesse mercado, será mais uma guinada em um setor que tem sido constantemente alterado nos últimos tempos nos EUA. Recentemente, muitos americanos têm optado por pacotes menores de TV paga ou até mesmo cancelado assinaturas para assistir programas em serviços de streaming de vídeo em alta resolução, por meio de seus aparelhos móveis.

Medin tem uma visão ainda mais ampla do que a televisão do futuro pode conter. Para o ex-engenheiro da NASA, não se trata somente de empresas como Google, Apple e Amazon fornecendo seus próprios aparelhos – Chromecast, Apple TV e Fire TV, respectivamente – que levarão a você todos os canais de cabo. É também a explosão de uma nova disputa entre as fabricantes que ligarem seus aparelhos de TV inteligentes diretamente na sua conexão de cabo.

“Se for possível integrar sistemas e oferecer funcionalidades novas a fabricantes de TVs, podendo ajudá-los a abraçar a inovação, acredito que é uma enorme oportunidade. Hoje, qual é a diferença entre comprar um televisor da Samsung, da Sony ou da Vizio?” Incorporar a funcionalidade do novo sistema diretamente no televisor pode eliminar totalmente a necessidade do antigo decodificador de TV paga. “Quando entenderem o que é possível no campo dos decodificadores, as pessoas vão pensar, ‘por que não ter um aparelho assim? Acho que a resposta será: ‘não há nenhuma razão para não ter’”, disse Medin.

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O Google não tem planos imediatos para desenvolver o aparelho, disse Medin. Mas o interesse da companhia foi despertado por uma proposta do governo para pressionar uma abertura do mercado de decodificadores. O plano em perspectiva da Comissão Federal de Comunicações (FCC, em inglês) é forçar as empresas de cabo a cederem parte do controle que possuem sobre a maneira como o conteúdo de TV paga é exibido na sua TV.

Isso permitirá a terceiros interessados, caso da Apple ou Google, usar esse conteúdo e criar novas maneiras para a interação de usuários – indo além menus e funções de busca padrão que os clientes de cabo estão habituados a usar. Assim, os consumidores terão mais opções de decodificadores no mercado, muitas vezes por preços melhores.

O próprio Google tem um papel ativo na pressão para Washington agir de modo mais agressivo no campo dos decodificadores. Além de fornecer serviço de internet de alta velocidade para mercados como os de Austin, Texas, e Kansas City, o Google Fiber também oferece um serviço de TV – do mesmo modo que uma provedora de cabo tradicional. Mas embora o setor de cabo se oponha à proposta da FCC, para Medin as novas regras poderão ajudar o Google Fiber indiretamente. “O Google faz muitas coisas que não constituem necessariamente um benefício comercial para a companhia. Fazemos isto porque acreditamos que a abertura beneficia a todos.”

Outra oportunidade na proposta da FCC é a chance de coletar mais dados dos consumidores. Hoje, a publicidade orientada por dados constitui uma grande parte dos negócios do Google. Com um sistema próprio, a empresa terá ainda mais dados sobre os telespectadores. Os órgãos reguladores têm buscado estabelecer limites para a captação de dados, mas a possibilidade de um “novo regulamento” não assusta Medin. “Nossa defesa deste sistema não tem a ver com algum produto específico em mente”, afirmou./ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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