‘O Google Glass voltou porque muita coisa mudou’, diz CEO da companhia

Sundar Pichai reforçou novo momento da companhia no desenvolvimento de hardware, inteligência artificial e realidade aumentada

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Foto do author Bruno Romani
Anúncio do "retorno" do Google Glass surpreendeu Foto: Google/Divulgação

O Google causou surpresa ao anunciar há cerca de duas semanas o “retorno” do Google Glass. Ao final de sua conferência anual de desenvolvedores, a companhia revelou que está trabalhando em um novo conceito de óculos inteligentes, focado em realidade aumentada (RA) - a tecnologia sobrepõe objetos digitais ao mundo real. 

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A revelação foi rápida e deixou diversas perguntas no ar. Nesta terça, 24, em uma videochamada com 11 veículos de comunicação de diferentes países, na qual o Estadão foi o único da América Latina, Sundar Pichai, CEO da gigante, tentou explicar os motivos para o retorno. “O Google Glass (original) era um conceito poderoso, mas que estava muito à frente do seu tempo. Agora, muita coisa mudou”, disse ele. 

A primeira versão dos óculos de RA do Google foi revelada em 2012 e tinha caráter de "projeto pessoal" de Sergey Brin, um dos cofundadores da companhia. O aparelho foi aposentado três anos depois, após críticas sobre sua utilidade, falta de recursos e limitações tecnológicas, incluindo a resolução da tela e o consumo de energia. Também ajudou a derrubar o projeto o seu design, considerado “estranho” para ser absorvido ao vestuário das pessoas.

Segundo Pichai, o nível de maturidade do Google, tanto em hardware quanto em software, é outro. “Agora temos visão computacional e processamento de linguagem natural. Fizemos um progresso extraordinário do ponto de vista de integração dos sistemas”, disse ele na chamada. 

Ele aponta para outro ponto importante: “Temos muito mais experiência agora, com um time de hardware forte, dono um grande portfólio de produtos”. Quando experimentou com o Glass original, a companhia estava longe de desenvolver e comercializar eletrônicos - foi apenas em 2012 que o Google comprou a Motorola e teve, pela primeira vez, contato com o segmento (posteriormente, a empresa de celulares foi vendida para a Lenovo por US$ 2,9 bilhões). 

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Pichai admite que os novos óculos estão longe de serem lançados. Ele, porém, reforça o comprometimento da companhia com o projeto - é uma clara indicação de que o executivo enxerga o futuro da computação além do smartphone. “Nós já temos muitos produtos com RA, mas o celular não consegue destravar toda a mágica da tecnologia. E ninguém vai andar segurando o celular nas mãos o tempo todo”, diz. “Quando conseguimos colocar RA em um contexto além do smartphone, como nos óculos, tudo fica mais empolgante”.

Embora não tenha participado da criação do Google Glass, Pichai parece carregar na memória alguns traumas. “Estamos fazendo (a nova versão) de modo que o usuário esteja em primeiro lugar, fazendo algo mais confortável, aumentando suas experiências apenas quando necessário e mantendo o foco no mundo real”. A frase soa como uma descrição do que seria a antítese do Glass Original. Além do visual “esquisito”, o aparelho foi criticado por atrapalhar o campo de visão e causar distrações. 

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