A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu permissão para que a Apple disponibilize no Brasil o recurso que transforma os fones de ouvido AirPods Pro 2 em aparelhos auditivos — a função está disponível a partir desta terça, 25, para proprietários do fone que tenham iPhone ou iPad a partir, respectivamente, dos sistemas operacionais iOS 18.1 e do iPadOS 18.1. O pacote da empresa americana inclui um teste de audição e a ativação de recursos que transformam o acessório em um aparelho auditivo profissional para perdas auditivas de leve a moderadas.
A validação feita junto à Anvisa foi baseada no mesmo estudo que o FDA, a agência que regula o setor nos EUA, analisou para liberar os recursos para o mercado americano em setembro de 2024. O estudo do teste auditivo foi feito com um grupo de 200 pessoas com diferentes capacidade auditivas, que foi submetido ao exame da Apple e a um exame de referência na área. Os participantes foram submetidos aos testes de forma aleatória e, ao final, não houve diferença importante entre os dois exames.

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No segundo estudo, que indica o funcionamento dos fones como aparelhos auditivos, 112 pessoas foram divididas em dois subgrupos. Os participantes deste estudo foram divididos em dois grupos: um de “auto-ajuste” (self-fit), onde os participantes configuraram o recurso de aparelho auditivo sozinhos, e um grupo “profissional” (Pro-fit), onde um profissional ajustou as configurações do aparelho.
Os participantes realizaram uma série de visitas clínicas e utilizaram o recurso de aparelho auditivo em casa — durante as visitas clínicas, a eficácia da assistência auditiva foi medida e avaliada. Ao final, não houve diferença entre o ganho auditivo gerado pelo equipamento. O recurso de aparelho auditivo usa o microfone e o processamento de áudio dos AirPods Pro 2 para amplificar frequências e volumes específicos em regiões onde o primeiro teste indicou que houve perda auditiva.
Embora a Apple fale que o produto é voltado para perdas auditivas de “leves” a “moderadas”, a chegada do equipamento ao Brasil representa uma mudança neste mercado, que tradicionalmente dependia de indicação profissional para a comercialização de aparelhos especializados. Assim, a companhia dá mais um passo para se tornar um gigante do setor de saúde: além dos fones, a companhia aposta alto em recursos do tipo no Apple Watch, que, entre outras coisas, detecta apneia do sono e alterações cardíacas. Como no relógio, o preço dos AirPods Pro 2 é alto: R$ 2,6 mil, mesma faixa de valor de aparelhos específicos voltados para perdas auditivas de leve a moderada. Para perda severa, a faixa de preço é de até R$ 15 mil.
Como funciona o recurso de aparelho auditivo dos AirPods Pro 2
O usuário precisa encontrar um local silencioso e garantir que os fones estão bem encaixados no início do canal auditivo.
Na sequência, os fones emitem sinais em diferentes frequências, enquanto o iPhone exibe gráficos que se movem continuamente, indicando que o teste está em andamento, mesmo que o usuário não ouça os tons. A Apple diz que os recursos visuais foram projetados para evitar a indicação de correção, garantindo que os resultados não sejam tendenciosos. Os dados ficam registrados no app de saúde para permitir monitoramento ao longo do tempo.
Com o resultado pronto, o fone ajustará a reprodução de frequências em tempo real, turbinando as regiões sonoras onde o usuário registra perda. Os fones também contam com um recurso que reduz ruído em locais barulhentos, aumentando o volume de vozes, por exemplo, e reduzindo o som ambiente — neste caso, a ideia é ajudar a preservar a saúde auditiva.