Análise: iPhone 14 Pro tira Apple do marasmo dos últimos anos

Apesar de mais caro, smartphone é refresco na indústria em momento em que o mercado de celulares empolga cada vez menos o consumidor

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Foto do author Guilherme Guerra

CUPERTINO - Há muito tempo o mercado de smartphones não empolga. Novidades reveladas pelas fabricantes nos últimos anos têm sido incrementais, com melhorias pontuais em aspectos essenciais ao consumidor, como câmeras, baterias e tela. A impressão é a de que pouca coisa tem arrancado suspiros do público, que vê a indústria de tecnologia produzir celulares cada vez mais parecidos entre si.

Revelado na quarta-feira, 7, o iPhone 14 Pro e iPhone 14 Pro Max rompem um pouco com esse marasmo, tanto para o histórico recente da Apple quanto da indústria. A conquista é muito bem-vinda - embora não se compare aos saltos de gerações anteriores, como iPhone X (2017), iPhone 4 (2010) ou iPhone 5S (2013), ou aos avanços de rivais, como os smartphones dobráveis da Samsung.

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Entre as principais novidades, o iPhone 14 Pro, cujo preço começa por salgados R$ 9,5 mil (ainda sem data do início das vendas no Brasil), aumenta a distância percorrida pela linha “de elite” da Apple. Aqui, a principal novidade é o processador A16 Bionic, exclusivo dos modelos “Pro”, ante o A15 Bionic (lançado no iPhone 13, de 2021) inserido no iPhone 14 e iPhone 14 Plus.

Na prática, isso significa que a linha “Pro” tem maior capacidade de processamento para utilização de aplicativos de redes sociais a games e edição de vídeos, que demandam mais poder computacional. A ideia da Apple é que esses sejam celulares fundamentais para pessoas que lidam com criação de conteúdo, como youtubers, influenciadores digitais, fotógrafos e artistas, de modo geral.

Além disso, o grande salto do aparelho está nas câmeras, cujas três lentes formam imagens em alta resolução. Nas demonstrações presenciadas pelo Estadão na sede da Apple, em Cupertino, a qualidade das fotografias clicadas pelo iPhone 14 Pro são impressionantes: é possível aproximar a foto e perceber poros na pele, pelos no rosto e imperfeições que, anos atrás, eram exclusivas de câmeras semiprofissionais.

Vale dizer, no entanto, que as fotos observadas pela reportagem durante o evento foram realizadas por fotógrafos selecionados previamente pela Apple, que têm disponível boa iluminação e conhecimento técnico para garantir o melhor resultado possível. Serão os testes na “vida real”, com o cliente comum, que definirão a qualidade dessas câmeras no mercado.

A possibilidade de ter um smartphone com qualidade de imagem próxima à de uma câmera profissional (do tipo DSLR, como se chama no mercado) é bastante animadora. A mudança transforma o iPhone 14 Pro num divisor de águas para o mercado de smartphones, se os testes se provarem fidedignos à apresentação da Apple.

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Novo entalhe

Outro ponto bacana exclusivo do iPhone 14 Pro e do irmão “Max” está no menor entalhe no topo da tela, ou a “franja”. O leitor de biometria facial, batizado de Face ID, ficou menor graças a avanços nos sensores, junto com a câmera frontal e o alto falante, que ficaram mais compactos. A companhia garante que não há perda de qualidade no desbloqueio de tela ou na selfie, o que seria um retrocesso imenso para o consumidor.

Com mais espaço “livre” na tela, a Apple reaproveitou os centímetros adicionais e criou o que chama de “ilha dinâmica”, área em que o usuário poderá ver pequenos ícones interativos de aplicativos, ao lado de informações como horário, porcentual de bateria e sinal de Wi-Fi. Na demonstração, foi possível ver diversos usos para o recurso, como player de áudio, timer ou direções no mapa, todos apresentados no topo do display, sem que haja necessidade de trocar de app.

A “ilha dinâmica” é uma integração precisa entre hardware (compactação do espaço na câmera) e software (sistema operacional mais dinâmico), um dos pontos fortes da Apple no mercado. O recurso deve permitir que desenvolvedores tenham mais ferramentas de criação, o que beneficia diretamente os usuários.

Essas duas novidades, principais características do iPhone 14 Pro, são o suficiente para dar fôlego à linha de smartphones da Apple, que vivia de pequenos saltos em anos recentes. A última grande atualização interessante veio no iPhone 11 Pro, de 2019, quando foi introduzida a terceira lente na traseira da câmera - novidade que permitiu avanços na qualidade das imagens do smartphone. E isso, é claro, nunca é pouca coisa.

Apple Watch Ultra intimida no pulso

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Também apresentado no evento de quarta, o novo relógio inteligente dedicado a esportes radicais, o Apple Watch Ultra, é intimidador no pulso. O dispositivo tem 49 milímetros de tela (até então, o maior modelo era de 45 mm) e pesa 61 gramas, parrudo ante os modelos anteriores, mais compactos.

Aqui, o objetivo da Apple é turbinar ao máximo o aparelho para ter longa duração de bateria (até 60 horas em modo economia), resistência a cenários extremos (frio, calor, submersão e poeira) e bússola aprimorada. Há também um novo botão de Ação para comandos rápidos, localizado na lateral esquerda da caixa, junto com mais microfones e alto-falantes refinados.

A demonstração vista pelo Estadão mostra que o Ultra pode ser pouco útil para os reles mortais que não se aventuram em escaladas, mergulhos em alto-mar ou esqui, citando três exemplos apresentados pela Apple. Além disso, o tamanho único do relógio (49 milímetros) e a ausência de mais cores (há apenas um bege disponível) tornam o smartwatch desinteressante para mais públicos além dos já citados esportistas radicais.

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Esse ponto, aliás, levanta a maior dúvida ao ter em mãos o Apple Watch Ultra: haverá mercado para um relógio tão nichado, com pouco apelo para usuários que buscam um dispositivo para exercícios simples, como treinos de academia? Os esportistas radicais vão justificar a continuidade de um produto tão profissional assim?

O tempo deve dizer se o relógio resistente vai sobreviver às provações do mercado.

E vale dizer. No Brasil, o preço também é “radical”: a partir de R$ 10,3 mil.

AirPods Pro de 2ª geração

Bastante populares, os AirPods Pro ganharam uma atualização, algo que não acontecia desde 2019, quando a versão turbinada dos fones de ouvido sem fio da Apple foi revelada.

A principal novidade é a inclusão de ajuste de volume nos bastões dos fones. Basta deslizar o dedo no bastão e o smartwatch ou smartphone vão aumentar ou abaixar o som. Até então, era possível regular o áudio pelo dispositivo de origem, e não pelos próprios fones.

A mudança é muitíssimo bem-vinda. Nos testes do Estadão, rapidamente foi fácil de se acostumar com o novo recurso, que é sensível ao toque e não exige um “clique” para ser ativado. É como deslizar o dedo sobre a tela de um celular.

Além disso, os fones trazem melhorias no cancelamento ativo de ruído, isolando o som externo com ainda mais precisão. E isso é turbinado pela nova ponta de silicone, de tamanho PP, que é inclusa gratuitamente na caixa do aparelho - totalizando quatro tamanhos para melhor ajuste aos ouvidos.

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*o repórter viajou a convite da Apple

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