Uma pesquisa responsável por desenvolver um chip feito de partes de tecido cerebral humano conseguiu levantar US$ 407 mil da agência nacional de segurança e inteligência da Austrália, anunciou na sexta-feira 21 a Universidade Monash, onde a tecnologia foi desenvolvida desde o ano passado.
A tecnologia é chamada de “computador semibiológico”, já que é composta por o silício (material que compõe os semicondutores) e também por tecidos cerebrais humanos criados em laboratório. Segundo os pesquisadores, o feito tem potencial de ampliar o funcionamento do aprendizado de máquina e inteligência artificial.
A pesquisa foi desenvolvida pelo professor Adeel Razi, do Instituto Turner para Saúde Mental e do Cérebro, em parceria com a startup Cortical Labs, de Melbourne. Ambos conseguiram desenvolver 800 mil células cerebrais que, depois, foram “ensinadas” a performar tarefas específicas. No ano passado, a tecnologia chamou atenção da comunidade científica ao conseguir “jogar” Pong.
“Essa nova capacidade de tecnologia pode, no futuro, ultrapassar eventualmente a performance de hardwares existentes puramente feitos de silício”, diz o professor Razi em comunicado feito à Universidade Monash. “O feito pode mesclar os campos da inteligência artificial e biologia sintética ao criar plataformas computação biológica programáveis”.
Na prática, isso significa que os semicondutores semibiológicos vão poder ter o que Razi chama de “aprendizado contínuo ao longo da vida” — o que permite que os chips adquiram novas capacidades sem abandonar as antigas habilidades aprendidas.
“Vamos usar esse dinheiro para desenvolver máquinas de IA que reproduzam a capacidade de aprendizado dessas redes neurais biológicas. Isso nos ajudará a aumentar a capacidade do hardware e dos métodos até o ponto em que se tornem um substituto viável para a computação em silício”, explica Razi.
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