iPhone 11 foi o celular seminovo mais vendido de 2023. O que faz ele ser tão popular no Brasil?

Smartphone da Apple virou objeto de desejo por longevidade e novo design

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Foto do author Guilherme Guerra
Atualização:

Cinco anos após o seu lançamento, o iPhone 11 conquistou o posto de celular seminovo mais vendido no Brasil durante o ano de 2023, de acordo com levantamento da Trocafone, loja de compra e venda de smartphones usados.

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Ao Estadão, a empresa revelou que foram vendidas 13.261 unidades do smartphone, com tíquete médio de R$ 2.459,33. Os números incluem a loja digital da Trocafone, quiosques e empresas parceiras que intermediam a venda, como Mercado Livre, Ali Express, Buscapé e Magalu — em todos os canais, a empresa, fundada em 2016, faz a inspeção dos aparelhos antes de colocá-los à disposição para compra.

A família do iPhone 11 foi lançada em 18 de outubro de 2019 no Brasil. À época, o preço inicial do smartphone era de R$ 4,4 mil para o modelo mais básico, com 64 GB de armazenamento. Já a versão mais cara da família (o iPhone 11 Pro Max, com 512 GB de armazenamento) chegava a ser vendida por R$ 9,6 mil no momento do lançamento. Hoje, o celular pode ser encontrado por R$ 2,2 mil nos canais de venda da Trocafone, a depender das condições do aparelho.

Apple lançou o iPhone 11 em 2019, com três modelos para a família do celular Foto: Divulgação/Apple

O levantamento consolida o iPhone 11 como um dos maiores sucessos da Apple no País nos últimos anos, ao lado do iPhone 4S (2011), iPhone 5S (2013), iPhone 7 (2016) e iPhone XR (2018) — outros modelos populares que tiveram longa sobrevida no mercado brasileiro.

Em 2022 e 2021, por exemplo, o iPhone 7 foi o líder absoluto em vendas: 13,9 mil e 11,4 mil aparelhos desse modelo foram vendidos na plataforma da companhia de compra e venda de celulares seminovos.

A popularidade do iPhone 11 acontece por alguns motivos.

Apple mantém longevidade de iPhones antigos com atualizações de software que duram de quatro a seis anos Foto: Daniel Teixeira/Estadão - 1/6/2022

Primeiramente, ele é bastante atraente no quesito preço. A Apple lançou o dispositivo com valor menor em relação ao antecessor, o iPhone XS (2018). A queda foi de R$ 200 a R$ 400 nos valores, a depender do aparelho, e os descontos maiores ficaram com os modelos mais caros.

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Além disso, foi o primeiro celular da Apple a vir com três “irmãos”, o iPhone 11 Pro (5,8 polegadas) e o iPhone 11 Pro Max (6,5 polegadas). E a família trouxe um design que se mantém até hoje nos modelos lançados, com poucas diferenças notáveis — o que é um incentivo para que se compre esse modelo, que sai mais barato que os recém-lançados e tem uma “cara” parecida.

“O iPhone X e o iPhone XS tinham um formato bem diferente. Hoje, a traseira do iPhone 11 é muito parecida com os atuais, e ele ficou muito barato com os anos”, aponta o professor Eduardo Pellanda, da PUC-RS.

Além disso, em relação ao iPhone XS, a família do iPhone 11 trouxe uma atualização bastante relevante para o conjunto de câmeras, tanto frontal quanto traseira.

O modelo de entrada trouxe a estreia da câmera dupla, que viria a se repetir até a família atual. Todos os aparelhos têm uma lente ultra-angular (13 mm, abertura de f/2.4) e sensor principal, de 22 mm e f/1.8. A resolução é de 12 megapixel (avanço sobre os 7 megapixel do XR e XS) e possibilidade de gravar vídeos em 4K e 60 quadros por segundo. Já nos modelos “Pro”, houve a chegada da terceira lente, do tipo telefoto, que estreou com 52 mm e f/2.0.

Essas mudanças significaram melhorias em várias frentes, como fotos no Modo Retrato, cliques mais rápidos e maior resolução em ambientes de baixa luminosidade. Além de qualidade superior à média, esse iPhone trazia Modo Noturno e na captação de vídeos aprimorados, duas demandas já bem atendidas por competidores na época, como a própria Samsung e o Google Pixel.

Quando o consumidor coloca na balança os recursos adicionais das novas gerações e seus preços elevados, o melhor custo-benefício do iPhone 11 ainda vence

Flávio Peres, CEO da Trocafone

Ainda, há outro fator que garante a atratividade do modelo: a atualização de software. Lançado no ano passado, o sistema operacional iOS 17 pode ser instalado no iPhone 11, de 2019.

Para Flávio Peres, presidente executivo da Trocafone, esses fatores são os maiores atrativos do celular da Apple de 2019. “Quando o consumidor coloca na balança os recursos adicionais das novas gerações e seus preços elevados, o melhor custo-benefício do iPhone 11 ainda vence”, diz o CEO.

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Apple vende iPhone 15, de 2023, a R$ 9,3 mil Foto: Bruno Romani/Estadão

Liderança nos seminovos continua com a Apple

Outros celulares da Apple ocupam as posições seguintes do ranking da Trocafone: iPhone XR (2018), iPhone 8 (2017), iPhone 8 Plus (2017) e iPhone 7 (2016).

A Samsung aparece em seguida com o Galaxy S20 FE 6B (2020) e o Galaxy A10 (2019). Veja abaixo o ranking da Trocafone.

Segundo a Trocafone, o mercado de seminovos tem aumentado ano a ano — entre 2022 e 2023, as vendas subiram 8% na empresa.

Os motivos para o crescimento são dois. Primeiro, o mercado de smartphones amadureceu, e, hoje, processadores, câmeras e bateria têm maior longevidade e durabilidade do que há 10 anos. Especialistas atribuem isso a um “platô” do mercado, no qual há poucas inovações — similar à indústria de PCs e notebooks.

Além disso, há um novo perfil de consumo de smartphones: fabricantes lançam smartphones cada vez mais caros, o que incentiva consumidores a aumentar o ciclo de troca. Segundo dados de 2022 da consultoria de varejo GfK, as pessoas demoram ao menos 24 meses para trocar de celular, quando antes isso era anualmente.

“É nesse cenário que o mercado de seminovos apresenta alternativas para que modelos anteriores, porém ainda modernos, sejam adquiridos com melhor custo-benefício e até 40% mais baratos”, diz.

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