O iPhone 14 foi lançado em outubro junto com o iPhone 14 Pro, o irmão todo-poderoso que traz saltos na resolução da câmera e o recurso de “ilha dinâmica” (leia mais aqui). Ao contrário deste, porém, o smartphone de entrada da nova família é muito mais incremental — o que faz deste lançamento da Apple ser pouco empolgante e, talvez no futuro, esquecível.
Assim como no ano passado, é fácil imaginar que o novo aparelho deveria se chamar “iPhone 13S”. Ou até “iPhone 12S parte 2”, já que o próprio iPhone 13 (2021) trazia pouquíssimas mudanças em relação ao antecessor, o iPhone 12 (2020). Vale lembrar que, no passado, a adição da letra “S” à família indicava uma geração de poucas mudanças no aparelho.
Esse é novamente o caso aqui. O iPhone 14 traz o mesmo design quadrangular apresentado no iPhone 12 (e inspirado no saudoso iPhone 4), com as duas lentes traseiras aprimoradas do iPhone 13, tela Oled de 6,1 polegadas e taxa de atualização a 60 Hz. A traseira é de vidro, o que permite carregamento por indução com padrão Qi.
Além disso, a “franja” do aparelho (que abriga a câmera frontal e o leitor biométrico Face ID) segue o mesmo tamanho do antecessor, ocupando menos espaço na tela. Nada de ilha dinâmica, reservada somente para o iPhone 14 Pro e iPhone 14 Pro Max.
O iPhone 14 traz melhorias pequenas na câmera (melhor captação em fotos noturnas) e bateria (uma hora a mais de autonomia). Mas nada disso representa um avanço imenso em relação aos modelos anteriores da Apple no mercado.
Para o consumidor interessado em trocar o iPhone 8 (2017), iPhone X (2017), iPhone XS (2018) ou iPhone 11 (2019) ou mais antigo, pode ser que valha mais a pena investir em um modelo 12 Pro ou 13 Pro do que o apresentado em 2022.
No Brasil, iPhone 14 é vendido a partir de R$ 7,6 mil
No Brasil, o iPhone 14 é vendido a partir de R$ 7,6 mil nas cores azul, roxo, preto, branco e vermelho. A versão “Plus”, com tela de 6,7 polegadas (e mesma câmera e processador), sai por R$ 8,6 mil. As capacidades de armazenamento de ambos são de 128 GB, 256 GB e 512 GB.
Já o iPhone 13 (2021), sai por R$ 6,4 mil nas cores verde, rosa, azul, preto, branco e vermelho. Ainda à venda, o iPhone 12 (2020) pode ser encontrado por a partir de R$ 5,6 mil na loja da Apple.
Para quem quer dar um passo adicional, o iPhone 13 Pro (2021), versão com lente teleobjetiva e tela de até 120 Hz, é vendido a cerca de R$ 6,2 mil no varejo — o que parece um bom negócio. Mas atente-se: a Apple parou de fabricar esses modelos, então as vendas continuam até quando durarem os estoques.
Abaixo, veja o que muda no iPhone 14.
Chip ‘antigo’, movimento inédito para a Apple
Por dentro, o iPhone 14 traz um movimento inédito na história do smartphone da Apple: o aparelho vem com o processador A15 Bionic, lançado em 2021 com o iPhone 13. Em outras palavras, o “cérebro” do dispositivo continua igual.
Esse é um movimento novo, já que a fabricante americana sempre inseriu chips novos em seus dispositivos recém-lançados. A companhia entra nos pormenores e diz que os dois chips não são iguais: há um núcleo adicional na GPU deste ano. No dia a dia, porém, não é possível notar diferença.
Pode parecer chatice insistir que o processador do iPhone 14 é velho, mas isso significa que o smartphone da Apple pode ter vida útil menor com futuras atualizações de software.
(Já o iPhone 14 Pro recebeu o sucessor A16 Bionic, modelo 2022 do processador da fabricante. A decisão ajuda a distanciar ainda mais os dois dispositivos em capacidade de processamento, além das mudanças na câmera, tela e design.)
Bateria do iPhone 14
Outra mudança imperceptível é a bateria. A Apple afirma que o iPhone 14 tem uma hora a mais de autonomia longe da tomada, algo sempre bem-vindo para um celular que, historicamente, perde frente a concorrentes da Samsung e Motorola nessa área.
Nos testes da reportagem, porém, é difícil dizer que o acréscimo representa um grande salto em relação ao iPhone 13. Ambos duram cerca de 20 a 28 horas longe do carregador, a depender do consumo diário.
Câmera
A câmera do iPhone 14 permanece praticamente igual, com duas lentes traseiras (grande-angular e ultra-grande-angular). Para a Apple, a qualidade da fotografia do iPhone é um dos carros-chefes do smartphone, então não é de se espantar que, novamente neste ano, a fabricante tenha feito aprimoramentos nas imagens clicadas.
Nos testes do Estadão, o que muda é justamente as fotos em ambientes de pouca luz, graças a avanços nos sensores, que têm maior abertura para a entrada de luz e melhor processamento de software.
A lente ultra-grande-angular, especificamente, clica fotografias melhores, mas ainda não parecem tão naturais em ambientes de pouca luz.
Outras mudanças do iPhone 14
O iPhone 14 traz outras mudanças, bastante discretas:
- Detecção de acidente de carro. Caso o iPhone 14 sinta que o usuário se envolveu em uma casualidade no trânsito, o aparelho irá automaticamente avisar as autoridades. Recurso foi elogiado pela mídia especializada — mas o Estadão não testou a funcionalidade (e, sinceramente, esperamos sem ter de usá-la).
- Nada de cartões SIM de operadora — mas isso só no iPhone vendido nos Estados Unidos. A Apple extinguiu a entrada para os chips de telefonia, forçando que as telecoms adotassem o modelo eSIM (com ativação digital). Os clientes do Brasil, no entanto, continuam com a entrada física lateral.
- Também não há conexão por satélite, novidade que permite que o aparelho funcione em lugares remotos. O recurso anunciado somente para celulares nos EUA e Canadá e só deve entrar em vigor em uma atualização futura do sistema. Por enquanto, nada de Brasil.
- Contrariando a decisão da Justiça brasileira, a Apple continua vendendo o iPhone sem carregador na caixa. Ao Estadão, a empresa diz: “Todos os modelos de iPhone vendidos no Brasil estão em conformidade com os regulamentos locais e estamos empolgados em trazer a nova linha do iPhone 14 para os clientes”.
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