Lançado no Brasil em setembro de 2019, o Samsung Galaxy Fold é o primeiro modelo de smartphone dobrável produzido em escala industrial. Responsável por quebrar uma sequência que parecia monótona no design dos celulares, a abertura horizontal e tela de 7,3 polegadas viabilizaram o uso simultâneo de dois aplicativos. E quem pensava em produtividade agradeceu.
Ainda assim, os altos preços dos aparelhos e os percalços pelos quais passaram a tecnologia deixam dúvidas. Afinal, já é possível comprar um dobrável sem medo de errar?
A curta história de aparelhos do tipo é complexa. É possível reconhecer o esforço da Samsung em oferecer algo novo ao mesmo tempo que é difícil ignorar os problemas que acompanharam sua estreia nas lojas. As principais queixas dos usuários incluíam a fragilidade da tela, o vinco da dobra, a falta de resistência a água e poeira, a falta de aplicativos compatíveis e, claro, o preço.
Desde a primeira versão dos seus aparelhos dobráveis, a marca sul coreana já lançou seis gerações do Z Fold – o ‘Z’ começou a ser usado em 2020 –, viu nascer concorrentes no segmento e apresentou outros formatos com a tecnologia: o Z Flip (abre e fecha na vertical), que também está na sexta geração.
A Motorola, por sua vez, entrou nesse mercado junto da concorrência, mas apostou na nostalgia. Em 2019, ao apresentar o Razr com inspiração nos antigos V3 – sucesso nos anos 2000 – a empresa percebeu que nem uma narrativa focada em seu tempo de glória salva um celular de configurações tão modestas. O primeiro modelo logo foi substituído por outro de melhor desempenho.
Repaginada, a linha Razr tem desde 2023 as versões de entrada e Ultra. As diferenças entre os aparelhos são o tamanho da tela frontal, o material externo e a performance. O meio do caminho de preço e desempenho que a Motorola escolheu, deu estabilidade de público - para o bem e para o mal.
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Ou seja, a tecnologia chega mais consolidada e com uma variedade maior de modelos. Escolher nem sempre é uma tarefa fácil.
Entender que tipo de dobrável se encaixa em cada estilo de vida faz o usuário aproveitar melhor os aparelhos. Colocar dois apps lado a lado transformou a maneira de se usar o smartphone ao deixar de operar numa “lógica vertical”, segundo Eduardo Pellanda, pesquisador de comunicação digital da PUC Rio Grande do Sul.
E se precisa de uma tela grande que te permita usar mais de um app ao mesmo tempo, ver mapas, projetos e fazer anotações? Então o Galaxy Z Fold será muito útil. “Ter dois aplicativos lado a lado e conseguir fazer uma nota, arrastar uma imagem, fazer uma cópia entre uma coisa e outra é o maior benefício da tela expandida”, diz Pellanda.
Do outro lado, quem prefere um aparelho menor e mais leve, tende se adaptar rápido às opções flip. “É muito mais uma conveniência de pôr no bolso ou na bolsa pequena e por ser um artefato de moda, uma espécie de ‘retrofuturismo’”. Entre as funcionalidades, usar o aparelho dobrado para ver um vídeo ou usar a câmera principal – por conta de seu display externo – são atrativos.
Os velhos problemas foram resolvidos?
O modelo teve de se provar. A tela principal feita de um material híbrido de plástico e vidro evoluiu, segundo Pellanda. Além disso, há três gerações os aparelhos da Samsung têm resistência a água e proteção contra poeira.
Peso e durabilidade da bateria também registraram melhora, o atual Z Fold pesa 239 gramas e o controle de temperatura e a otimização do software melhoraram o desempenho da bateria, que continua com capacidade de 4.400 mAh.
Vale lembrar que a Samsung ajustou detalhes estéticos e técnicos a cada modelo. Por exemplo: a tela externa do Z Fold em 2019 tinha 4,6 polegadas e resolução de 720 x 1.680 pixels, a câmera frontal estava em um entalhe, o botão de ligar era separado do leitor de digital e havia um espaço entre as telas quando dobrado. Revisões no design fizeram aparelho atual ficar mais largo e fino, o que otimiza o uso com apenas uma mão. Além disso as engrenagens da dobra e a capacidade de brilho da tela receberam um upgrade e a resistência a partículas sólidas foi aprimorada.
O preço
Ainda é um fator proibitivo, mas existem opções para “driblar” esse problema. “Têm muitas operadoras que a gente compra por menos, mas ainda é um empecilho, sim”, afirma Pellanda. No site oficial da Samsung o Galaxy Z Fold 6 custa R$ 13,8 mil e o Z Flip, R$ 8 mil, mas em pagamentos à vista, um desconto é aplicado. Outra opção é ficar atento à descontos no varejo. Os modelos azul e cinza do Fold 6 com armazenamento de 512 GB são encontrados com valores entre R$ 8,5 mil e R$ 9,4 mil, enquanto o Flip de 256 GB pode ser comprado por R$ 4,9 mil.
Os dobráveis vão se massificar?
O mercado de dobráveis representam menos de 10% da venda de smartphones ao redor do mundo, segundo o site especializado Canalys. De acordo com Renato Franzin, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), ainda há riscos que o consumidor médio não este disposto a correr.
“É um investimento grande, então o fato é que os dois modelos ainda são venda minoritária, mas o uso do flip tem menos restrição que o de tela maior”, diz. “Para as telas menores que a Motorola e a Samsung fazem, acredito que consiga atingir um mercado um pouco maior, mas aquelas telas que são realmente grandes de modelos que quando desdobrados ficam do tamanho de um tablet, um consumidor que não tenha uma necessidade de nicho, acho que ainda não se arrisca”.
O futuro dos dobráveis
Samsung e Motorola são as duas únicas marcas a vender smartphones dobráveis no Brasil. Além delas, Huawei, Microsoft, Xiaomi e Google já têm suas próprias versões. Inclusive, a Huawei chamou atenção pelo seu último lançamento: o Mate XT, que dobre em três partes superfinas.
No entanto, diz Franzin, essa tecnologia não se tornou determinante para o consumidor decidir qual dispositivo comprar. “Esses produtos encontraram o nicho deles e continuam vendendo, então dificilmente você encontra alguém que não tem uso específico escolher um dobrável”.
A Apple vai lançar um iPhone dobrável?
A Apple desenvolve um iPhone dobrável com design semelhante ao Samsung Galaxy Z Flip para ser lançado em 2026, segundo o site The Information. “Dificilmente a Apple vai colocar um produto no mercado sem agregar alguma funcionalidade”, afirma Franzin. “Se a Apple está colocando essa tecnologia num dispositivo dela, é porque a tecnologia é confiável”.
Entre os aspectos novos que a Apple trabalha estão a dinâmica de funcionamento do vinco, que fica no centro da tela dobrável e a espessura do dispositivo, de acordo com sites especializados. No entanto, porém, não há confirmação por parte da gigante de que ela fará investimento na tecnologia.
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