Kindle: Como funciona a tela e-ink? É realmente melhor que outras telas? Tire suas dúvidas

Entenda as diferenças desse tipo de tela para as convencionais e como ela transmite a sensação do papel

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Por Mariana Cury
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Uma das funções favoritas do Kindle entre os leitores é o fato de, apesar de estarem lendo em uma tela, terem a sensação parecida com a experiência do papel - e é uma das principais razões, junto com a possibilidade de ter uma grande biblioteca em pouco espaço, que convence leitores a experimentar o aparelho.

Isso é possível graças a tecnologia chamada eletronic ink, ou e-ink, (algo como “tinta eletrônica”), que oferece conforto para a leitura e que funciona de forma diferente de telas convencionais que emitem luz, como as dos tablets, computadores e smartphones.

Tecnologia presente na tela dos e-readers imita a sensação de ler no papel Foto: primestockphotograpy/Adobe Stock

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O termo e-ink nasceu nos laboratórios do MIT, em 1997, e se tornou uma marca pela empresa E Ink Corporation. Em 2009, foi vendida para a Prime View International por US$ 215 milhões.

Como o e-ink funciona?

A tecnologia é composta por pigmentos físicos que vão para cima e para baixo do display, se deslocando no aparelho. A tela possui duas camadas transparentes e microesferas preto e brancas, carregadas magneticamente para formar o que é visto em tela. As partículas de tinta preta são negativas, enquanto as brancas são positivas.

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Assim, os campos elétricos fazem com que essas partículas se movimentem, criando as imagens na tela. Esse processo ocorre em questão de segundos, toda vez que o leitor muda de página no Kindle, por exemplo. Isso também permite o pouco uso de energia elétrica, que só é utilizada para esse processo de formação de imagens - motivo pelo qual o seu e-reader provavelmente demora semanas para descarregar.

Para Eduardo Pellanda, professor e pesquisador em Comunicação Digital da PUCRS, a questão da luminosidade é uma das principais vantagens da leitura no Kindle. “A tecnologia imita muito bem o papel, o que não causa fadiga ocular”.

Diferentemente de tablets e smartphones, as telas dos e-readers não possuem luz de fundo, o que não prejudica a vista e permite que o leitor siga na leitura por horas, assim como um livro. Por não emitirem luminosidade e serem antirreflexo, o leitor precisa, na maioria das vezes, ter uma luz de apoio para conseguir ler, como uma luminária. Atualmente, a maioria dos Kindles possuem uma luz interna que vem do do aparelho - mas não da tela - , permitindo a leitura em ambientes escuros, por exemplo.

Segundo Pellanda, justamente por ser composta por essa tecnologia de “tinta”, o e-ink não é tão bom para outros recursos como vídeos, por exemplo.

“O e-ink não tem uma velocidade tão grande quanto a das LCDs e OLEDs, que são usadas em telas convencionais. Por isso, para navegação online e vídeos, recursos que precisam de uma maior movimentação na tela, ele não funciona muito bem. É fantástico para leitura, para outros fins não é tão bom”.

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Apesar disso, a tecnologia já teve muitos avanços desde suas primeiras versões. Quando surgiu, mesmo a passagem de páginas do e-book era mais lenta do que atualmente e digitar nas telas - para procurar um novo livro ou inserir alguma senha - era uma tarefa que exigia tempo.

“A tecnologia avançou muito, ficou extremamente rápida e ágil. Mesmo sendo diferente de telas convencionais, já temos alguns modelos de tablets rodando e-ink, inclusive coloridos, com aplicativos com a possibilidade desse tipo de leitura”, explica Pellanda.

No caso dos aparelhos com tinta colorida, o processo ocorre da mesma forma, mas ao invés de apenas pigmentos branco e preto, a versão colorida adiciona pigmentos de diversas cores que podem ser ativados e combinados, criando uma imagem com mais cores.

Outras possibilidades para o uso do e-ink

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A E Ink tem investido, ainda, em outros meios de explorar a tecnologia da tinta eletrônica.

Em 2022, durante a Consumer Electronics Show (CES), a BMW apresentou um carro todo envolto em uma tela com tecnologia semelhante aos e-readers. Assim, o iX Flow conseguia mudar de cor em até três opções, branco, preto e cinza.

Além disso, a tecnologia já vem sendo utilizada em pequenos displays, como cartazes de supermercados, em que os preços podem ser mudados, rapidamente, sem a necessidade de impressão de etiquetas.

Algumas empresas também estão investindo em assessórios que utilizam a tecnologia, como capas protetoras de celular que, na parte traseira, criam molduras de slides de fotos utilizando e-ink.

“A possibilidade dessa tela é infinita, ainda estamos começando a explorar, mas vai muito além da questão dos e-books”, finaliza Pellanda.

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*Mariana Cury é estagiária sob supervisão de Bruno Romani

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