Os smartphones estão entre nós há mais de quinze anos. Câmeras, baterias, telas e processadores ganham qualidades cada vez maiores, mas cada vez menos os saltos geracionais se tornam perceptíveis de um ano para o outro. Para muitos, trata-se se um amadurecimento da tecnologia desses aparelhos, que ganham mais longevidade e vida útil em nossas mãos.
Esse fenômeno permitiu o surgimento de um mercado de smartphones seminovos, revendidos por empresas especializadas, como Trocafone, ou até por consumidores em marketplaces como Mercado Livre, OLX e afins. Existem vantagens óbvia nesse modelo: o preço do aparelho em revenda pode ser muito menor (metade do valor na versão “zero”) — além do benefício para o meio ambiente, que é poupado de mais lixo eletrônico no mundo.
Alcântara: o desastre espacial brasileiro
No entanto, assim como o comércio de automóveis de segunda mão, é preciso estar atento para não cair em algumas ciladas ao escolher um novo celular usado: evitar aparelhos muito antigos, avaliar a saúde da bateria e buscar a reputação do vendedor antes de realizar a compra.
Abaixo, confira as dicas do Estadão caso você esteja planejando comprar um aparelho seminovo.
Reputação e confiança
Talvez esta seja a dica mais importante: tenha confiança na pessoa de quem você está comprando o smartphone.
Para isso, você pode checar a reputação do vendedor na loja. Procure por informações como quantas vendas foram realizadas, avaliações de outros clientes e há quanto tempo o lojista está na plataforma.
Outra possibilidade é confiar o processo a lojas especializadas em revendas, como a Trocafone — a startup compra aparelhos usados no mercado, faz a vistoria e coloca-os à venda em sua plataforma.
Também não faça depósitos sem estar com confiança da procedência.
Evite modelos muito antigos
Ao escolher o smartphone perfeito, não procure por modelos muito antigos. Evite não só os lançamentos de anos distantes (que podem vir com tecnologias mais antigas e que, portanto, têm menor vida útil), mas também os dispositivos que estão há muito tempo nas mãos dos donos (pois estão mais gastos).
Ou seja, quanto mais novo for o smartphone seminovo, melhor.
Olho no processador
O processador de um dispositivo eletrônico é o equivalente ao “cérebro”, e esse é um dos fatores que melhor apontam a qualidade de qualquer aparelho. Mas a escolha não é fácil, porque depende das marcas envolvidas e de diversas outras minúcias que, para o consumidor, são difíceis de avaliar.
Há, porém, algumas dicas possíveis ao escolher um smartphone com um processador de bom custo-benefício. Confira quantos núcleos traz o processador — quanto mais, melhor. Ou seja, um chip quad-core (quatro núcleos) pode ter desempenho inferior a um de octa-core (oito núcleos). Ainda, um bom processador tem boa velocidade média, medida em GHz, o que singifica que o celular consegue realizar diversas tarefas simultaneamente.
Além disso, um bom indicativo está nas famílias de processadores: os Snapdragon, da Qualcomm, são os chips de última geração da marca americana e são altamente recomendados. Já a Apple tem apenas uma única família, geralmente atualizada todo ano.
Memória RAM
Outra dica é dar uma olhada na memória RAM do aparelho, indicador que diz respeito à quantidade de memória de “curto prazo” do dispositivo. Por exemplo, um smartphone com boa memória RAM consegue abrir mais aplicativos simultaneamente, sem engasgos.
Aqui, vale a lógica do “quanto maior, melhor”. Acima de 4 GB costuma já ser um bom indicador de qualidade do aparelho.
Armazenamento
Além da memória RAM, o armazenamento de memória é importantíssimo: ele diz respeito à quantidade de arquivos guardados no aparelho. Novamente, vale a máxima: quanto maior, melhor.
Smartphones com armazenamento muito baixo podem forçar o usuário a ter de deletar fotografias, vídeos e aplicativos para continuar utilizando, o que pode ser incoveniente.
Geralmente, um dispositivo com armazenamento de 64 GB costuma ser de bom tamanho. No entanto, existem vários seminovos com 32 GB e 16 GB. Dado o volume de arquivos que trocamos diariamente, essas especificações costumam estar defasadas para os dias atuais.
Atualização de sistema
Outra cilada é comprar um dispositivo que não recebe mais atualizações de sistema, seja iOS ou Android, tornando o aparelho obsoleto.
Por isso, certifique-se de que o modelo desejado ainda está recebendo as últimas novidades da Apple e Google. Busque pelo modelo do aparelho e cheque se ele está apto para a compatibilidade dos sistemas operacionais mais recentes.
Em média, a Apple costuma manter a atualização do iPhone entre quatro e cinco anos. Já a Samsung permite que seus smartphones de ponta (da linha Galaxy, portanto) recebam atualizações de três a quatro anos.
Leia também
Aplicativos compatíveis
Para evitar mais ciladas, o comprador pode se certificar se seus aplicativos favoritos recebem atualizações no smartphone a ser comprado.
Imagina adquirir um celular e descobrir que o WhatsApp não é mais atualizado? Aliás, o próprio mensageiro indica quais celulares são compatíveis (clique aqui), algo que outras empresas também fazem.
Felizmente, os apps costumam deixar de serem atualizados muito depois de os celulares deixarem de serem compatíveis com as novas versões dos sistemas operacionais de dispositivos móveis.
Câmera
Evite pegar um smartphone em que a câmera não é boa — esse é um dos recursos mais utilizados de qualquer aparelho, com mil aplicações no dia a dia. Por isso, é essencial ter um dispositivo que faça boas fotografias e, quem sabe, vídeos.
Atualmente, um celular com duas lentes traseiras já apresenta boa qualidade de imagem. Se houver uma terceira ou quarta lentes, melhor. Ainda, uma boa câmera costuma trazer muitos megapixels (MP, na sigla) - ainda que essa não seja a única maneira de saber se o celular produz boas imagens.
Isso também vale para a câmera frontal (ou seja, de selfie).
Confira o estado do smartphone
Com o aparelho em mãos, aproveite para checar o estado do smartphone. Atente-se aos seguintes itens:
Tela: procure por arranhões, rachaduras e, com a tela ligada, procure por partes queimadas do display;
Câmera: teste as câmeras frontal e traseira, bem como todas as lentes possíveis (incluindo o zoom);
Áudio: dê play em músicas para testar as caixas de som;
Portas de conexão: conecte cabos na porta do aparelho e confira se a transferência de dados ou o carregamento estão funcionando, como USB-C ou Lightning;
Chamadas: aproveite e faça uma ligação de celular, descartando o risco de as antenas do aparelho estarem danificadas;
Veja a bateria
A bateria é um dos principais aspectos de qualquer aparelho, mas esse é um aspecto que nem sempre fica evidente antes de utilizar o dispositivo.
A Apple permite que os usuários chequem a “saúde” da bateria do iPhone. Para acessar o recurso, basta ir no aplicativo “Ajustes”, clique em “Bateria” e depois em “Saúde da Bateria e Carregamento”. O próprio sistema do smartphone vai avisar se o aparelho precisa de ajustes ou não.
O Android, do Google, não possui recurso similar — é preciso baixar apps de terceiros pra ver essa mesma funcionalidade.
Biometria
Se puder, dê preferência para um smartphone com biometria, como de dedo ou facial. O recurso dá uma camada adicional de segurança e empresta praticidade no dia a dia.
Cheque o IMEI
Ao procurar um seminovo, há o risco de o vendedor ser mal-intencionado e passar adiante um celular roubado. Há uma maneira de evitar essa dor de cabeça: o IMEI. Sempre que puder, peça o IMEI antes de realizar a transferência.
O IMEI é o registro único de cada celular, como se fosse o número de um CPF. Com essa sequência numérica, o consumidor pode checar se o aparelho foi registrado como roubado.
O IMEI de um aparelho é apresentado na embalagem da caixa do dispositivo, na nota fiscal da compra ou nos ajustes do sistema. Ainda, o cliente pode telefonar para o número *#06# e descobrir a sequência númerica.
Com o IMEI em mãos, é possível ir ao site da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e checar o estado do aparelho neste link.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.